"A Lumen Gentium, número
58, nos aponta Maria no “caminho da fé”. Toda sua vida é um caminho, uma
peregrinação da fé. "
Jackson
Erpen - Cidade do Vaticano
“Peço-lhes que me acompanhem com
a oração na Viagem a Portugal, que farei a partir da próxima quarta-feira, por
ocasião da Jornada Mundial da Juventude. Tantos jovens, de todos os
continentes, experimentarão a alegria do encontro com Deus e com os irmãos, guiados
pela Virgem Maria, que, após a anunciação, "levantou-se e partiu
apressadamente". A Ela, estrela luminosa do caminho cristão, tão venerada
em Portugal, confio os peregrinos da JMJ e todos os jovens do mundo.”
No Angelus que
precede a 42ª Viagem Apostólica de seu Pontificado, o Papa Francisco
confiou a Virgem Maria os peregrinos da Jornada Mundial da Juventude e todos os
jovens do mundo. De fato, ao lado de cada um desses jovens peregrinos, estará
Nossa Senhora Peregrina, que é o tema da reflexão do Pe. Gerson
Schmidt:
"A
Igreja Católica no mundo vive uma grande festa e peregrinação dos Jovens com a
Jornada Mundial da Juventude em Lisboa neste período com pré-Jornada, Jornada e
pós-jornada. Milhões de jovens peregrinos para ouvir a Palavra do Papa Francisco,
para mostrar o rosto e dinamismo jovem da Igreja. Achamos por bem, em nossa
abordagem Mariana, aprofundar uma das faces de Nossa Senhora como peregrina,
unindo-nos à essa caminhada juvenil da JMJ.
Depois do
anuncio do Anjo Gabriel, Maria poderia ter se acomodado em sua casa, pois
carregava em seu ventre o Verbo da Vida. Mas, logo ela se põe a caminho para
visitar sua prima Santa Isabel. Maria, portanto, também faz sua jornada, sua
peregrinação, sua caminhada à longínqua casa de Isabel. Ela é mãe peregrina.
Ela é protótipo também da Igreja que peregrina, nesse vale de lágrimas, a
caminho da casa Paterna.
São João
Paulo II, iniciador das JMJ, em sua Carta
Encíclica Redemptoris Mater, escreve assim, sobre
esse episódio da Visita de Maria à sua prima Santa Isabel: “Logo depois de ter
narrado a Anunciação, o Evangelista São Lucas faz-nos de guia, seguindo os
passos da Virgem em direção a «uma cidade de Judá» (Lc 1, 39). Segundo os
estudiosos, esta cidade devia ser a «Ain-Karim» de hoje, situada entre as
montanhas, não distante de Jerusalém. Maria dirigiu-se para lá
«apressadamente», para visitar Isabel, sua parente. O motivo desta visita há-de
ser procurado também no fato de Gabriel, durante a Anunciação, ter nomeado de
maneira significativa Isabel, que em idade avançada tinha concebido do marido
Zacarias um filho, pelo poder de Deus: «Isabel, tua parente, concebeu um filho,
na sua velhice; e está já no sexto mês, ela, a quem chamavam estéril, porque
nada é impossível a Deus» (Lc 1, 36-37). O mensageiro divino tinha feito
recurso ao evento, que se realizara em Isabel, para responder à pergunta de
Maria: «Como se realizará isso, pois eu não conheço homem?» (Lc 1, 34). Sim,
será possível exatamente pelo «poder do Altíssimo», como e ainda mais do que no
caso de Isabel.
Maria
dirige-se, pois, impelida pela caridade, a casa da sua parente. Quando aí
entrou, Isabel, ao responder à sua saudação, tendo sentido o menino estremecer
de alegria no próprio seio, «cheia do Espírito Santo», saúda por sua vez Maria
em alta voz: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito o fruto do teu ventre»
(cf. Lc 1, 40-42). Esta proclamação e aclamação de Isabel deveria vir a entrar
na Ave Maria, como continuação da saudação do Anjo, tornando-se assim uma das
orações mais frequentes da Igreja. Mas são ainda mais significativas as
palavras de Isabel, na pergunta que se segue: «E donde me é dada a dita que
venha ter comigo a mãe do meu Senhor?» (Lc 1, 43). Isabel dá testemunho acerca
de Maria: reconhece e proclama que diante de si está a Mãe do Senhor, a Mãe do
Messias. Neste testemunho participa também o filho que Isabel traz no seio:
«estremeceu de alegria o menino no meu seio» (Lc 1, 44). O menino é o futuro
João Batista, que, nas margens do Jordão, indicará em Jesus o Messias.
Todas as
palavras, nesta saudação de Isabel, são densas de significado; no entanto,
parece ser algo de importância fundamental o que ela diz no final: «Feliz
daquela que acreditou que teriam cumprimento as coisas que lhe foram ditas da
parte do Senhor» (Lc 1, 45). [28] Estas palavras podem ser postas ao lado do
apelativo «cheia de graça» da saudação do Anjo. Em ambos os textos se revela um
conteúdo mariológico essencial, isto é, a verdade acerca de Maria, cuja
presença se tornou real no mistério de Cristo, precisamente porque ela
«acreditou». A plenitude de graça, anunciada pelo Anjo, significa o dom de Deus
mesmo; a fé de Maria, proclamada por Isabel aquando da Visitação, mostra como a
Virgem de Nazaré tinha correspondido a este dom” (RM, 12).
A LG número
58 nos aponta Maria no “caminho da fé”. Toda sua vida é um caminho, uma
peregrinação da fé. Escreve assim, Ir. Maria Ko Ha Fong, da congregação
salesiana, num aprofundamento teológico[1]:
“A imagem de Maria a caminho emerge com nitidez nos evangelhos e foi sempre
rica de reflexão ao longo da história da Igreja. Maria encontra-se com
frequência a caminho: sai, caminha, desloca-se mais do que as mulheres do seu
tempo. As suas viagens entre Nazaré, Ain Karim, Belém, Jerusalém, Egito são
acompanhadas de um dinamismo interior muito intenso. Toda a sua vida é um caminho,
uma «peregrinação da fé» (cf. Lumen Gentium,
58). A mariologia conciliar realça esta «peregrinação» de Maria, vendo nela um
modelo permanente para toda a Igreja. Não só. Maria mesma é caminho, caminho
que conduz a Cristo, caminho que conduz «ao Caminho»”. Jesus diz: Eu sou O
CAMINHO, A VERDADE E A VIDA."
*Padre
Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além
da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em
Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
____________________
[1] https://donboscosalesianportal.org/wp-content/uploads/GFS_2016_MariaKo_pt.pdf
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/
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