Por Gerard Gayou
Muitas pessoas dizem que as orações católicas são "repetitivas, chatas e sem vida". Mas, se Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida, por que essas interações com Ele podem parecer sem vida?
“Supõe-se que, se uma coisa continua se repetindo, provavelmente está morta”, escreveu GK Chesterton em “Ortodoxia“. Na faculdade, eu teria aceitado essa suposição. E se aquele colega universitário visse minha rotina de oração hoje no seminário – que inclui o Rosário e a Liturgia das Horas – concluiria que, provavelmente, eu estivesse morto.
Essa conclusão não é tão incomum. A sociedade moderna, sugere Chesterton, tem uma fome insaciável pelo romance. A pergunta: “Estou me repetindo?” é comum e motivada por um medo compartilhado de pecado social. Não há maneira mais rápida de perder o respeito de seu público do que repetir a mesma piada ou história.
Muitas pessoas, da mesma forma, criticam e dizem que as orações católicas são repetitivas, chatas e sem vida. O que essas orações fazem senão repetir a mesma história? Se Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida, por que essas interações com Ele parecem sem vida?
Depois de articular essa aversão social pela repetição, Chesterton oferece uma refutação impressionante:
“Uma criança chuta as pernas ritmicamente por excesso, não por ausência, de vida. Porque as crianças têm vitalidade abundante. Elas querem que as coisas sejam repetidas e inalteradas. Elas sempre dizem: ‘Faça de novo’; e o adulto faz aquilo de novo até estar quase morto. Pois os adultos não são fortes o suficiente para suportar a monotonia. Mas talvez Deus seja forte o suficiente para exultar na monotonia. É possível que Deus diga todas as manhãs: ‘Faça-se de novo’ ao sol; e todas as noites, ‘Faça se de novo’ para a lua.”
Na faculdade, eu não era forte o suficiente para o Rosário. Eu temia o tédio e a morte que poderiam substituir novas experiências. O que não entendia é algo que Deus nos lembra através das orações de sua Igreja: relacionamento não é possível sem repetição.
Uma criança que adora andar de cavalinho pede ao avô para “fazer de novo” porque ela se alegra com essa atenção e amor constantes. O relacionamento deles se aprofunda à medida que suas atividades se repetem. E quando eles se acomodam para dormir, o “estou me repetindo” se torna uma pergunta sem sentido para um neto que só quer ouvir sobre os anões e princesas mais uma vez.
Além disso, na oração, o objeto relacional de nossas repetições é o Deus infinito. Ele é inesgotável; aquele que reza dez mil rosários não pode esgotar a profundidade dos mistérios da vida de Jesus. Ele só pode se aproximar daquele com quem ele espera, um dia, dizer: “Faça-se de novo” ao sol.
Fonte: https://pt.aleteia.org/
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