Penúltimo parágrafo!
Considerações
sobre a Carta dos Bispos aos Presbíteros de maio de 2010
13 a 16 de
maio de 2010 foram dias de graça para Brasília e para o Brasil. O XVI Congresso
Eucarístico Nacional realizado no coração do Brasil bombardeará o sangue bom
para todo o nosso querido Brasil. A antessala do Congresso foi a 48ª Assembléia
Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que aconteceu também em
Brasília. Um dos frutos daquela magna Assembléia foi a belíssima Carta dos
Bispos aos Presbíteros. Eu, como sacerdote, gostaria de agradecer aos nossos
bispos pela proximidade a todos nós, presbíteros, seus mais imediatos
colaboradores, e também a orientação muito oportuna nesses tempos de
desconcerto: muito obrigado, senhores bispos!
Efetivamente,
os casos vergonhosos, já publicados, envolvendo os ministros do Senhor, têm
causado sofrimento ao Povo de Deus. Nós, presbíteros, perdemos um pouco a
credibilidade. Esses dias um irmão sacerdote comentava com tristeza que ao sair
à rua, uma pessoa de uns 40 anos lhe insultou aos gritos: “–pederasta!”. Quanta
indignação! Isso não é justo!
Ao mesmo tempo,
paradoxalmente, aumentou a credibilidade dos sacerdotes. Quando as pessoas vêem
nas suas paróquias os seus párocos tão entregues à missão evangelizadora;
quando vêem que são homens que rezam, que visitam os doentes, que atendem as
confissões e lhes celebram a Eucaristia piedosamente; quando o nosso povo vê
que o sacerdote ama a sua vocação e promove novas vocações, percebe que essas
notícias são exageradas e vendedoras de gato por lebre.
O mais
importante é a glória de Deus e o bem das almas!
Nesse panorama,
a Carta dos Bispos aos Presbíteros nos oferece um verdadeiro e maravilhoso
horizonte de vida e espiritualidade sacerdotais. Trata-se de uma carta em
continuidade com os documentos eclesiais sobre o sacerdócio mais conhecidos,
como o Decreto Presbyterorum Ordinis do Concilio Vaticano II,
a Exortação Apostólica Pastores Dabo Vobis do Papa João Paulo
II e o Diretório para o Ministério e a Vida dos Presbíteros da
Congregação para o Clero. Depois de ler essa carta, acolhendo-a de coração
agradecido aos nossos bispos, chamou-me a atenção especialmente o penúltimo
parágrafo por ser tão concreto e tocar, por assim dizer, as questões mais
importantes e mais urgentes.
O texto
reza assim: “Pedimos que zelem pela comunhão eclesial, alimentando-a
com a celebração cotidiana da Eucaristia, com a oração fiel e generosa, de modo
especial a Liturgia das Horas, com a busca freqüente do Sacramento da
Penitência e a orientação espiritual, com um estilo de vida sóbrio, que tome
distância dos apelos do consumismo, da cultura da banalidade, da invasão do
secularismo. Recomendamos, também, que tenham um zelo especial na administração
dos bens que lhes são confiados, destinados, sobretudo, para o serviço dos mais
pobres”.
Gostaria de
partilhar com os irmãos sacerdotes algumas das impressões que essas palavras
causaram na minha alma sacerdotal. Os temas que saem nesse parágrafo são de tal
densidade que valeria a pena estudar cada um deles, meditá-los, e fazer
propósitos para pô-los em prática com maior amor:
–
comunhão eclesial;
–
celebração cotidiana da Eucaristia;
–
oração fiel e generosa, de modo especial da Liturgia das Horas;
–
confissão freqüente e direção espiritual;
–
virtude da pobreza e sobriedade;
–
virtude da obediência e responsabilidade pessoal;
– serviço aos pobres.
Comunhão eclesial
Há,
efetivamente, muitas palestras sobre fraternidade e sobre comunhão; há muitas
reuniões. E isso é bom, mas… O que é, concretamente, essa realidade que
chamamos “comunhão eclesial” que é alimentada pela celebração da Eucaristia, da
Liturgia das Horas, pelo serviço aos pobres, etc.? Em primeiro lugar, a
comunhão é um dom que vem de Deus-comunhão – a Trindade Santíssima. Essa
comunhão se deixa participar na terra na communio que é a
Igreja. A maneira de cada presbítero viver a comunhão é variada e gradativa:
comunhão com Deus, com o Papa, com os bispos em comunhão com o Papa, com os
irmãos no presbitério, com todos os demais fiéis, especialmente aqueles que lhe
foram confiados.
O sacerdote
é um homem que ama Igreja: o presbítero, configurado a Cristo Cabeça, é, em
Cristo, esposo da Igreja. O normal é que o esposo ame a sua esposa! Desse amor
pela Igreja deve brotar uma união efetiva e afetiva para com o Santo Padre e
com os Bispos em comunhão com ele. Outro fruto desse amor por Cristo e pela
Igreja é a fraternidade no próprio presbitério e a caridade pastoral que nos
leva a cuidar do povo que nos foi confiado. Essa união tem que traduzir-se numa
disposição para aceitar com uma obediência amorosa tudo o que a Igreja ensina.
Significa formar uma muralha de unidade doutrinal forte, de tal maneira que não
fique nenhuma só brecha para o assalto do inimigo nessa cidade de Deus, que é a
Igreja. Precisamos estudar, ler, conhecer a fundo o Magistério eclesiástico.
Livre-nos Deus de “ser do contra”. Não permitamos nenhuma fissura em questões
de fé e de moral. Caso isso acontecesse, teríamos fundadas razões para duvidar
das nossas muitas reuniões “cheias de fraternidade”.
Comunhão
eclesial significa também obediência ao próprio bispo. Obedecer de verdade!
Logicamente, o plano de pastoral pode ser melhorado. Nós somos colaboradores e
podemos, e devemos em algumas ocasiões, manifestar as nossas opiniões para melhorar
as coisas na Diocese. Façamo-lo com discrição, sem fazer guerra, conversando
franca e amigavelmente com o nosso bispo. Caso o bispo ache melhor fazer de
outra maneira, contanto que não seja ofensa de Deus, bendita seja o Senhor.
Obedeçamos!
Comunhão eclesial é procurar que as nossas comunidades paroquiais sejam presença viva da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica, com as características próprias da Igreja particular da qual faz parte. Tudo isso sem nenhuma reserva e em todas as suas expressões: Missas bem celebradas, horários de confissões adaptados às necessidades reais das pessoas (horário de confissão só durante o dia não é adaptado às necessidades daquelas pessoas que trabalham pela manhã e pela tarde!), estudo da Bíblia e do Magistério, reza duma parte do rosário, direção espiritual das pessoas. É preciso acreditar, de verdade, que Deus chama a todas as mulheres e a todos os homens a serem santas e santos e que nós, sacerdotes, chamados também à santidade, somos instrumentos nas mãos de Deus para que ele faça verdadeiras obras de arte das pessoas que estão encomendadas à nossa caridade pastoral. Entre outras coisas, comunhão eclesial é pensar com um coração grande, universal, com um interesse por toda a Igreja. Interessemos-nos também pela Igreja gloriosa, para contarmos com a sua intercessão, e pela Igreja padecente, para ajudá-la em sua purificação. Também nós, Igreja militante, precisamos purificar-nos!
Celebração cotidiana da Eucaristia
Desde o
Concilio Vaticano II, pelo menos, já é comum afirmar que a Eucaristia é a
fonte, o centro e a cima da vida espiritual de cada cristão e de cada
assembléia que se reúne para louvar ao Pai por Jesus Cristo na unidade do
Espírito Santo. Procuremos celebrar a Santa Missa sempre com a alegria da
primeira: dignamente, atenciosamente, devotamente! Celebrar a Santa Missa todos
os dias não é um dever para nós, é simplesmente o nosso tesouro, o nosso bem, o
nosso centro, o nosso tudo. Se não a celebrarmos, acabaremos descentrados.
Com amor
generoso e total, não tenhamos reparos em oferecer o melhor que temos ao culto
divino, também no que se refere ao exterior, reflexo do interior: igreja e
sacristia limpas; paramentos sacerdotais belos e dignos na estética e na
limpeza, com a nobre simplicidade que o Concilio pede na
liturgia (cfr. SC 34); não nos esqueçamos que “a não ser que se disponha de
outro modo, a veste própria do sacerdote celebrante, tanto na Missa como em
outras ações sagradas em conexão direta com ela, é a casula ou planeta sobre a
alva e a estola” (IGMR, 337). Mais ainda: que os cálices, as patenas, as
galhetas, os corporais, os sanguíneos, os manustérgios e tudo o que se refere
ao culto eucarístico esteja bem cuidado! Não tenhamos medo: esses detalhes de
amor para com o nosso Deus não escandalizam as pessoas mais pobres, que são –
geralmente – as mais generosas para com Deus.
A melhor
catequese sobre a Missa é própria Missa bem celebrada: as
rubricas, os cantos, a concentração, tudo isso transmite uma esfera sagrada que
expressa que estamos diante de um mistério transcendente e próximo ao mesmo
tempo. Que bom seria se um dos livros da nossa biblioteca sacerdotal fosse a
Instrução Geral do Missal Romano lida e relida várias vezes; de fato, o texto
oficial da CNBB saiu em 2008.
Um dos
frutos do Congresso Eucarístico poderia ser exatamente esse: que as nossas
celebrações eucarísticas sejam expressivas, verdadeiramente expressivas, do
Mistério de Deus. Como a Eucaristia é o coração da vida espiritual dos fiéis,
não nos esqueçamos que nós, sacerdotes, temos certa semelhança com aqueles bons
médicos que em cada intervenção nesse órgão tão central vão com cuidado. É
melhor seguir a experiência da Igreja e não inventar nem experimentar por nossa
conta. Poderia ser fatal!
Não se trata de defender princípios “tradicionalistas”. Tampouco se trata de ser rubricistas e pouco pastorais. A Tradição da Igreja admite progresso no entendimento e na vivência. A tradição litúrgica, salvo o substancial, admite mudança. No século passado, Pio X, Pio XII, João XXIII e Paulo VI foram bem conhecidos por introduzir oportunas reformas na liturgia e, sem dúvida, podem ser introduzidas outras no futuro (nenhum problema!). Graças a Deus, queridos irmãos sacerdotes, na Igreja há quem faz mudanças, os Papas e os bispos juntos com o Papa. Nós, simplesmente, não recebemos esse encargo.
Oração fiel e generosa
Todos nós
recordamos daquelas imagens tão edificantes do queridíssimo
João Paulo II na sua capela privada em oração. Uma oração fiel e generosa,
principalmente da Liturgia das Horas, mas não só da Liturgia das Horas, é
imprescindível. Já sabemos que temos que celebrar todos os dias, integralmente,
a Liturgia das Horas: Oficio de Leituras, Laudes, uma Hora Média, Vésperas e
Completas. No entanto, precisamos alimentar diariamente a nossa vida
espiritual: oração de meditação, uma parte do Rosário, leitura espiritual,
exames de consciência, visitas ao Santíssimo, etc. Por quê? Por que Deus nos
ama, ele nos chamou e nós o amamos apaixonadamente.
Rezar é fácil! Rezar não é fácil! É fácil porque se trata de falar,
dialogar, conversar com o Pai e com o Filho e com o Espírito Santo. Não é fácil
por vários motivos. Depois de um dia cheio de tarefas pastorais, estamos
cansados; daí a importância de não deixarmos a oração para as últimas horas,
mas encher o nosso dia com a oração. Numa sociedade barulhenta, o silêncio
resulta incômodo, também para nós; não tenhamos medo ao silêncio da oração no
dia-a-dia, nos dias de recolhimento e nos retiros espirituais. Nós não rezamos
porque gostamos ou deixamos de gostar, mas porque Deus gosta,
porque queremos ser fiéis e sabemos que sozinhos é-nos simplesmente impossível.
Que edificante para o povo ver o seu pároco de joelhos diante do Santíssimo em oração pessoal, não por dois minutinhos, mais por um tempo razoável. O sacerdote é, em Cristo, mediador, não somente durante a celebração eucarística, mas em todos os momentos. Como é importante rezar, ser piedosos e orar muito pelo povo que nos foi confiado. Lembremo-nos do Cura d’Ars rezando durante horas e horas diante de Jesus Sacramentado pela conversão do seu povoado. A graça operou maravilhas em Ars! E pode fazer maravilhas nas nossas paróquias!
Confissão freqüente e direção espiritual
É comum escutarmos que um bom confessor é sempre um bom
penitente. E isso é verdade! O fato de um sacerdote confessar-se
semanalmente ou quinzenalmente não é nenhum exagero. De fato, o sacerdote,
ministro de Cristo, deseja parecer-se cada vez mais com aquele que representa:
Jesus Cristo. Com esses vivos desejos, o presbítero percebe a necessidade de
contínuas purificações para que todas as suas ações sejam cada vez mais
atuações de Jesus Cristo através dele.
O pecado sempre é feio, Deus sempre é belo. Há uma oposição radical
entre Deus e o pecado, entre a beleza e a feiúra. Sem dúvida, Deus é Uno, bom,
verdadeiro e belo. Todo o nosso ser, templo do Espírito Santo, deve ser cada
vez mais à semelhança do Senhor. Deus sempre atua através dos seus sacerdotes,
e infalivelmente nos Sacramentos. Mas, é verdade, Deus atua mais
através dos sacerdotes mais santos. Quem é “santo santifique-se
ainda mais” (Ap 22,11), nos diz o Espírito Santo.
Direção espiritual! Não é coisa só do tempo do Seminário. Não! Como é bom poder contar com outro irmão sacerdote com quem partilhar – com toda sinceridade – o próprio caminho espiritual, os nossos êxitos e fracassos! O diretor espiritual nos dará conselhos, idéias, sugestões, que nos ajudarão a ver aquelas coisas que nós mesmos não conseguimos ver em nós, que nos farão estar sempre na presença de Deus, que nos mostrarão metas a alcançar na vida espiritual. A direção espiritual é uma ajuda eficaz na pastoral e é, simplesmente, uma garantia de fidelidade.
A virtude da pobreza e a sobriedade
Os sacerdotes seculares não fazem votos de pobreza, castidade e
obediência, como os religiosos-sacerdotes. Isso não quer dizer que não tenhamos
que viver as virtudes da pobreza, da obediência e da
castidade, não como votos, mas como virtudes, como qualquer cristão. Ao mesmo
tempo, a causa de um novo título, o da ordenação sacerdotal, o presbítero tem
que ir adiante nessas virtudes mostrando o caminho ao Povo de Deus.
Recordemo-nos que essas virtudes foram vividas perfeitamente por Cristo e que
os Apóstolos o imitaram. Portanto, a nossa pobreza sempre é cristológica e
apostólica!
O desprendimento, também dos bens materiais, é essencial para que
tenhamos um coração realmente entregue a Deus e aos irmãos. Que pena se depois
de renunciarmos tantas coisas, ficássemos apegados a uns míseros reais… Que
bobagem!
Tenhamos sempre consciência de que nós entregamos tudo a Deus e de que o nosso tesouro é seguir o Cristo pobre, desapegado dos bens dessa terra. Nós somos Cristo que passa pelas ruas das nossas cidade e que vai curando, pregando, expulsando demônios, chamando as pessoas para viver bem perto de Deus. Os bens dessa terra têm que estar ao serviço de Deus. Daí a importância de levar em sério a administração da paróquia de uma maneira bastante profissional, de evitar os gastos desnecessários, de sermos também nós generosos com os mais pobres (nós que tanto falamos do dízimo aos nossos fiéis!). Uma coisinha: a roupa clerical também ajuda a viver a virtude da pobreza, pois dessa maneira evitaremos, por exemplo, a preocupação da moda: um sacerdote que se veste segundo o seu estado sempre está na moda!
A virtude da obediência e a responsabilidade pessoal
“Prometes respeito e obediência a mim e aos meus sucessores?” Essa foi uma das perguntas que o bispo nos fez no dia da nossa
ordenação. E nós respondemos cheios de convicção: “Prometo”.
Realmente, seria muito interessante repassar de vez em quanto esses momentos
que tanto marcaram a nossa vida. De fato, é exatamente isso que fazemos na
quinta-feira santa ao renovar as promessas sacerdotais.
Nós amamos a liberdade, que é “irmã” da responsabilidade. A liberdade é
aquela capacidade que Deus nos deu para que façamos o bem de maneira
inteligente e sem nenhuma coação. Infelizmente, é possível que também nós,
sacerdotes, funcionemos com um conceito de liberdade mundano. A liberdade de
eleição é somente um sinal de que há liberdade, mas não é a essência da
liberdade, muito menos da liberdade cristã, que leva consigo, necessariamente,
a identificação da nossa vontade com a Vontade de Deus. Cristo, totalmente
livre, submeteu-se em tudo ao Pai. Esse é o nosso modelo de liberdade, e de
obediência!
Uma liberdade concebida dessa maneira nos faz mais verdadeiros, nos faz
mais nós mesmos. Anteriormente, falávamos de liberdade como capacidade de fazer
o bem de maneira inteligente. Logicamente, liberdade e obediência, na vida do
cristão, e em conseqüência do presbítero, precisam estar sempre unidas. Como é
importante aprender a obedecer livremente e ser livre obedecendo.
Não é um mero jogo de palavras: quando se recebe uma ordem, é mais obediente e
mais livre aquela pessoa que é capaz de obedecer da maneira mais perfeita
possível. Nesse desejo de obedecer bem, entra em jogo a nossa inteligência e
vontade, e a graça de Deus.
Obediência cadavérica? Nem pensar! Obediência de seres vivos, dotados de uma capacidade intelectual e volitiva e elevados pela graça de Deus. Concretamente, obedecer ao Papa e ao bispo diocesano é, para cada um de nós, identificação com Cristo que obedeceu em tudo. Além do mais, é garantia de eficácia apostólica. Se cada um quisesse fazer a sua própria “diocese paroquial”, a pastoral iria a menos e se mostraria – mais cedo ou mais tarde – a deterioração que isso implica para a unidade católica.
Serviço aos pobres
Pode-se afirmar com toda segurança que nós – Igreja no Brasil – fizemos
a opção preferencial pelos pobres. Graças a Deus, pode-se observar nas
paróquias diversas atividades em favor dos mais necessitados. É muito
edificante ver o sacrifício de muitos sacerdotes para levar adiante tantas
iniciativas nesse campo. Em todo o Brasil há uma sensibilidade geral para esse
tema. Sem dúvida, tudo isso está profundamente enraizado no Evangelho.
O Papa Bento XVI, no seu Discurso inaugural da V Conferência Geral do
Episcopado Latino-Americano e do Caribe, afirmou: “A fé nos liberta do
isolamento do eu, porque nos leva à comunhão: o encontro com Deus é, em si
mesmo e como tal, encontro com os irmãos, um ato de convocação, de unificação,
de responsabilidade para o outro e para com os demais. Neste sentido, a opção
preferencial pelos pobres está implícita na fé cristológica naquele Deus que se
fez pobre por nós, para enriquecer-nos com sua pobreza (Cf. 2 Cor 8,9)”
(DE, nº. 3).
Nós, presbíteros, não podem esquecer-nos, no entanto, que o nosso
trabalho a favor dos mais pobres nas suas mais diversas manifestações (há
também uma pobreza espiritual que não é boa: pecado, ignorância, falta de
educação, etc.) tem que estar banhada dessa característica: pastoral.
Explico-me: nós não somos agentes sociais, nós somos pastores do
rebanho do Senhor e como tais devemos cuidar das ovelhas. Como bons pastores
procuraremos, em primeiro lugar, rezar por todas essas pessoas confiadas ao
nosso cuidado, pois, por mais que façamos, sempre há um campo imenso aonde nós
não chegamos, mas que a oração abarca. Em segundo lugar, a nossa atividade em
favor dos irmãos, não pode se converter em ativismo. Seja a nossa ação fruto da
contemplação dos mistérios de Deus. A oração deve ocupar o primeiro lugar!
É importante saber organizar as coisas, para que não estejamos sempre à
frente. Como é bonito passar despercebidos! Por outro lado, há
tantos leigos que sabem fazer coisas tão bem feitas e que nós não temos nem
idéia. É importante que sejamos conscientes dos nossos próprios limites e
deixemos que os outros trabalhem na vinha do Senhor, impulsionando-os e
apoiando-os, coisa que sempre se agradece ao padre.
Muito obrigado, senhores bispos, porque essa Carta que nos fez pensar,
refletir e fazer propósitos para melhorar a nossa vida e ministério sacerdotais
santificando-nos nesse trabalho tão santo e divino ao santificar os outros com
ele.
Pe.
Françoá Rodrigues Figueiredo Costa
(Diocese de Anápolis-GO)
Fonte: https://presbiteros.org.br/
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