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segunda-feira, 10 de julho de 2023

Por que viver com alegria e expectativa até as menores coisas

Di ESB Professional|Shutterstock

Por Michael Rennier

Tendemos a esquecer a importância de nossas próprias ações. Nós as deixamos passar, perdendo tempo com outras coisas.

Quando me reúdo com velhos amigos da faculdade, naturalmente começamos a contar histórias sobre nossa juventude. Adoramos relembrar e rir de como já fomos esquisitos e ingênuos. As aventuras, as novidades sem fim, o despertar dos gostos e interesses, e, acima de tudo, a alegria de ingressar no mundo adulto… Há algo em revisitar a juventude que é refrescante para as pessoas de meia-idade.

Adoro reviver essas memórias, mas há um problema. Às vezes, quando ouço uma história sobre o que eu disse e fiz quando era mais jovem, não me lembro de ter dito ou feito tal coisa. É certamente um fenômeno verdadeiro que as memórias assumem uma “vida própria”. Elas crescem e se desenvolvem com o tempo, à medida que são moldadas e reformuladas pela arte de contar histórias. Depois de um tempo, no entanto, a história se torna a versão verdadeira, e a versão da vida real desaparece nas brumas do passado. Por causa disso, as memórias são menos confiáveis do que pensamos.

Memórias que se apagam

Outra explicação para essa amnésia é que talvez eu estivesse muito cansado por ter passado a noite em claro – mais de uma vez –; o que impediria meu cérebro de formar uma impressão a longo prazo. Porém, o mais provável é que a memória não parecia importante na época, então eu não me preocupei em catalogá-la mentalmente. Com o passar do tempo, ela se apagou da minha consciência, até 20 anos depois, quando um amigo me lembra disso.

Suspeito que ainda estou vivendo grandes partes de cada dia dizendo e fazendo todos os tipos de coisas, para o bem ou para o mal, completamente ignorante se, 20 anos depois, alguém contará uma história sobre isso. Eu me pergunto o que é na minha vida eu acabarei esquecendo por completo. Em outras palavras, não faço ideia de como pesar a relevância duradoura das atividades diárias. Vou me lembrar de ver os meus filhos brincando? Vou me lembrar dos eventos mundiais? Da trajetória no trabalho? Do que comi em tal época?

Importância das próprias ações

É comum um paroquiano me dizer o quão influente foi uma homilia que preguei, como ela o encorajou tremendamente em sua fé. Anos depois, alguns até se recordam de frases que eu pronunciei do púlpito. Mas então percebo que eu mesmo não me lembro de tal homilia. Fico até impressionado, pois não consigo imaginar ter dito palavras tão sábias. Mas, é claro, se essas palavras realmente eram tão perspicazes – e claramente para algumas pessoas, eram – por que não consigo me lembrar de tê-las dito?

Estou em alerta sobre esse problema há algum tempo, mas ainda me vejo ansioso para perder tempo olhando para o meu telefone pela manhã e jogando fora minha meia hora de silêncio antes que as crianças acordem. Uma vez, eu tive um desejo irresistível de rolar as mídias sociais no meio de uma caminhada em família em uma linda trilha florestal em um parque estadual. Imagine isso. Eu ainda sonho acordado durante a missa. Em vez de ter uma conversa de verdade, fofocai muitas horas que reservei para tomar café com um amigo. É uma batalha constante.

A única conclusão a que posso chegar é que sou péssimo em reconhecer a importância de minhas próprias ações. Eu as deixo passar, perdendo tempo com outras coisas, e depois as esqueço.

A grandiosidade da vida

Esta semana celebramos a festa do Papa Leão Magno. Recordo-me de uma famosa homilia de Natal dele: “Cristão, lembre-se da sua dignidade“, disse ele, “e agora que você compartilha da própria natureza de Deus, não retorne pelo pecado à sua antiga condição”.

O que ele está dizendo é que, se realmente acreditamos que o próprio Deus assumiu a carne humana e entrou no mundo, então também é verdade que nossas atividades humanas foram transformadas em sagradas. Toda palavra, ação e pensamento é de extrema importância. Nossos dias estão plenos de dignidade.

A dignidade da minha vida está em tantas coisas cotidianas magníficas que eu deixo passar e esqueço. Não que eu não acredite na grandiosidade da dignidade humana – o problema é que eu não vivo isso. Tenho esquecido da importância que até o menor gesto ou atitude contém. Eu negligencio considerar que minha alma, mesmo vivendo dentro das limitações do tempo, é eterna.

Esta é a nossa dignidade, sermos criados à imagem de Deus. Quer consigamos lembrar de tudo do passado ou não, devemos lembrar da nossa dignidade. Tudo é importante. Você importa. Sua vida importa. Viva com alegria e grande expectativa até o menor momento.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF