Evangelho
do domingo (BAV, Vat.lat.39, f.67v)
Se o terreno, se os corações
forem trabalhados pela simplicidade, pela autenticidade, pela educação
libertadora daqueles ídolos, a Palavra descerá qual chuva fina, penetrando a
terra e fazendo a semente frutificar.
Padre Cesar
Augusto, SJ – Vatican News
A demora na
realização das promessas de Deus possibilita aos discípulos e a nós, entrarmos
em crise. Percebendo essa situação, Jesus conta para eles e para nós, a
parábola das sementes.
A Palavra
de Deus é, em si mesma, boa e, se bem apresentada, produzirá muitos frutos; mas
isso não depende só da Palavra; depende também das diversas situações em que se
encontra o terreno onde ela é depositada, isto é, das diversas respostas.
A Palavra é
oferecida e exatamente por ser oferecida, conserva em si todo o risco da
negligência, do descaso, da não aceitação, da oposição.
De acordo
com a parábola, ela poderá ser comida pelos pássaros, poderá cair entre as
pedras e não criar raízes e, finalmente, poderá cair entre os espinhos e morrer
sufocada.
Vamos
refletir sobre cada um desses alertas feitos por Jesus. O primeiro se refere à
semente que pode ser ciscada pelos pássaros. É o nosso medo do sofrimento, em
relação ao caminho da cruz, tantas vezes abordado por Jesus e a busca
incessante de realizações, de êxito. É como aquela pessoa que vê na
possibilidade de exercer um serviço eclesial, como uma ocasião de prestígio, de
ter status.
A semente
que caiu entre as pedras e não criou raízes, representa aqueles que só
externamente aceitaram a Palavra. Ela não foi aceita com profundidade. Teme-se
que a adesão a Cristo seja ocasião de constrangimento, de envergonhar-se.
A que caiu
entre os espinhos é a semente sufocada, imagem de muitíssimos cristãos. As
preocupações da vida presente, a atração exercida pelo ter, pelo poder, pelo
possuir, pelo ganhar se impõem, são obstáculos para o acolhimento da Palavra.
A Palavra
não é ineficaz, mas falta o acolhimento. A Palavra se adapta às condições do
terreno, ou melhor, aceita as respostas que o terreno dá e que com frequência
são negativas. É necessário preparar o terreno, os corações, para que percam o
endurecimento causado pelos ídolos das ideologias, do consumismo, do dinheiro,
do prazer, das demais riquezas.
Se o terreno, se os corações forem trabalhados pela simplicidade, pela autenticidade, pela educação libertadora daqueles ídolos, a Palavra descerá qual chuva fina, penetrando a terra e fazendo a semente frutificar.
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt
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