Redes eclesiais para a ecologia
integral estiveram reunidas pela segunda vez. O Irmão João Gutemberg Sampaio,
secretário-executivo da Repam, concedeu entrevista ao Vatican News e abordou a
preocupação da Igreja, também expressa pelo Papa na Laudato si': "nós
estamos destruindo o próprio ninho, com uma economia de consumismos e de muita
produtividade que mata. Não é uma economia de comunhão, e aí a gente toca nas
explorações: a Amazônia está sofrendo demais! Isso mexe muito com as
consciências".
Andressa
Collet - Vatican News
O Irmão
João Gutemberg Sampaio, secretário-executivo da Repam, esteve em Roma para
participar da "Aliança de Redes Eclesiais para a Ecologia Integral"
no Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, que reuniu representantes
do mundo todo para um grande "movimento dos temas sobre o cuidado da
vida", inspirados no Papa Francisco. Esse é o segundo encontro presencial,
após o primeiro realizado antes do Sínodo da Amazônia de outubro de 2019, fora
as reuniões promovidas no ambiente virtual.
Uma
iniciativa que "dá uma clareza do caminho que é plural", afirma o
secretário, "não vivemos na clandestinidade, nós estamos na estrutura
da Igreja":
“Esse caminho não unifica as
redes, porque elas estão em ecossistemas variados, mas tem pontos muito comuns
que é dentro desse tema do grito do ambiente, do grito das pessoas. A mudança
climática, por exemplo, e a questão indígena, são pontos comuns a todos.”
O desafio de recuperar a integração ambiental e social
Entre os
representantes da África, Ásia, Oceania, Europa e América do Norte estavam
aqueles da América Latina, através da Repam, presente nos 9 países do
território pan-amazônico: além do Brasil, a Bolívia, o Equador, o Peru, a
Colômbia, a Venezuela, a Guiana, Suriname e Guiana Francesa. "A Rede
Eclesial Pan-amazônica é esse esforço da Igreja católica", disse o Irmão
João em entrevista a Silvonei José, da Rádio Vaticano - Vatican News, uma
estrutura de articulação sobre temas de maior preocupação das comunidades e do
próprio ecossistema.
Segundo o
secretário executivo da Repam, é na Amazônia onde se encontra "a
maior sóciobiodiversidade do planeta, então por isso que temos ainda muito a
nos inspirar", onde, porém, "o ambiente também já foi muito
modificado". O desafio é recuperar esse tema da integração ambiental
e social. Além do Sínodo dos Bispos, que envolveu os cinco continentes na busca
por novos caminhos para esse fim; a exortação apostólica pós-sinodal
"Querida Amazonia", do Papa Francisco, com "cerca de 200
propostas para Igreja"; e a própria encíclica Laudato si' ajudam nesse
processo:
"Historicamente
nós fizemos uma dicotomia da palavra 'ecologia' quando a reduzimos ao ambiente
somente. Mas o Papa Francisco, com a Laudato si', coloca alí um hipérbato
colocando um subtítulo para a 'ecologia' chamando-a de 'ecologia integral'. Por
que esse hipérbato, por que esse exagero, porque toda a ecologia é
integral. Mas é para dizer: 'olha, a ecologia não é apenas o ambiente, o
ambiente é uma parte da ecologia. A ecologia é o ser humano no seu ecos, na sua
casa, no seu habitat. Então, recuperar a dimensão social e a ambiental,
juntas."
A Laudato
si', do Papa Francisco, foi lembrada em várias ocasiões do encontro das redes
eclesiais, por ser fonte de inspiração para o trabalho e de conscientização
para o planeta:
"Nós
estamos destruindo o próprio ninho. Então, como diz o Papa Francisco, vivemos
uma economia de consumismos e de muita produtividade que mata. Não é uma
economia solidária, de comunhão, como ele propõe que é a Economia de Francisco.
E aí a gente toca nas explorações: a Amazônia está sofrendo demais! Nesse
encontro intercontinental, vemos em todos os territórios a exploração do meio
ambiente. Nós temos uma geração que é a mais consumidora e a mais suja dos
últimos 10 anos."
“Isso mexe muito com as
consciências. Então, eu acredito que o Papa Francisco quer convidar todos os
habitantes do planeta, como diz a Laudato si', a repensar o nosso modo de vida
porque a ecologia integral toca a questão econômica, a questão política e a
questão dos costumes, dos usos diários.”
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt
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