Os gnósticos dizem que somente os iniciados na gnose conhecem o fundo de
todas as coisas. Eles são panteístas, creem que tudo é deus e que os indivíduos
são reduzidos a números.
Redação (03/09/2020 16:45 – Gaudium Press) No século I, os cristãos enfrentaram as
perseguições dos imperadores romanos, sobretudo de Nero e Domiciano. E também
as heresias, de modo especial a gnose que se expandiu pelo mundo e até hoje
exerce ação nefasta nas almas e instituições.
A
gnose se opõe radicalmente à Doutrina Católica
A
palavra gnose provém do grego “gnosis”, que significa conhecimento. Os
gnósticos, encharcados de orgulho, dizem que somente os iniciados conhecem o
fundo de todas as coisas. A gnose é também denominada panteísmo, do grego pan,
tudo, e teos, deus. Ou seja, tudo é deus.
Segundo
a gnose, deus era composto de partículas chamadas éons, todas iguais entre si e
sem consciência de que existiam. Esse deus impessoal vivia na completa paz, mas
em dado momento houve um desastre: um éon quis ser diferente dos outros,
individualizou-se e destacou-se do todo.
Esse éon revoltado, denominado demiurgo, criou a matéria a qual é
essencialmente má. Portanto o Deus criador é o deus do mal. A gnose se opõe
radicalmente à Doutrina Católica; ela é, no fundo, a síntese de todas as
heresias.
Algumas
seitas gnósticas chegaram aos mais execrandos horrores. Por exemplo, a dos
“cainitas, que exaltavam em Caim o herói da antimoral, a dos ofitas, que adoravam
a serpente da tentação de Adão e Eva, a dos fanáticos de Judas, que se
propuseram elaborar um evangelho atribuído a este”.
Noção
de pessoa
Desse
vasto tema, focalizaremos alguns pontos importantes, transcrevendo alguns
ensinamentos de Dr. Plinio Corrêa de Oliveira.
“Os adeptos dessa teoria não têm a ideia da Criação e sim a de que o homem é
uma partícula que se desprendeu de uma divindade, mas não deveria ter-se
desprendido. Isso foi um desastre nesse deus e, uma vez que eu nasci desse
desastre, o que devo querer agora é manter-me em uma espécie de nirvana ou de
nada, até o momento feliz em que eu possa me reincorporar na divindade.”
O
deus dos gnósticos é impessoal. Isso se opõe à Doutrina Católica a qual ensina
que Deus é pessoal.
“Chama-se
‘pessoa’ um ser que pensa a respeito de si mesmo e forma, portanto, um circuito
fechado. Um bicho, uma planta, uma pedra não são pessoas, e sim indivíduos. […]
“Deus
é Pessoa porque Ele tem consciência de Si próprio, daquilo que Ele criou. E de
tal maneira é Pessoa que, na sua unidade — porque é um só Deus —, há três
Pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. O que constitui o mistério da
Santíssima Trindade. […]
“Os
animais, as plantas e os minerais são como as franjas do universo. Deus criou o
universo para as pessoas, que são os anjos e os homens. E é em cada uma dessas
pessoas que Deus encontra a sua imagem. Com essa noção, compreende-se fazer
parte da Doutrina Católica que cada pessoa se personifique cada vez mais.”
Os
indivíduos são reduzidos a números
“O
panteísmo quer uma coisa que é o oposto. Como ele deseja despersonalizar os
indivíduos, quer uma organização social onde os indivíduos fiquem reduzidos a
números.
“Por quê? Porque o número, a quantidade, é próprio da matéria. A matéria é
inerte, não pensa. […]
“Tomem
um conjunto de pedras. O que é cada pedra do conjunto? É um número. Considerem
um conjunto de homens. Cada um é apenas um número? Não. Entrou a alma humana,
entrou a eternidade. É a pessoa, uma coisa completamente diferente.
“Então,
começa a Revolução a promover a massificação, quer dizer, um estilo de vida no
qual os homens cada vez mais vivam em multidões, em grandes cidades, em grandes
aglomerados, onde eles não se conhecem ou quase não se conhecem uns aos outros.
[…]
“Uma
organização que vai cada vez tomando menos em consideração as características
de cada um, para igualar todos e fazer com que tenham tanto quanto possível as
mesmas caras, as mesmas casas, os mesmos gostos, os mesmos hábitos, os mesmos
modos de sentir e de pensar, e que cada um fique tanto quanto possível reduzido
a um grão de areia; e em que as relações entre uma pessoa e outra não sejam
mais pessoais, de uma pessoa que conhece outra, que estima, gosta, detesta, mas
relações anônimas.”
Orgulho
e impureza
A
Revolução, que domina atualmente o mundo inteiro, tem como molas propulsoras o
orgulho e a sensualidade.
“A partir do orgulho e da impureza, se vão formando os elementos constitutivos
de uma concepção diametralmente oposta à obra de Deus. Essa concepção, em seu
aspecto final, já não difere da católica só em um ou outro ponto.
“À
medida que, ao longo das gerações, esses vícios se vão aprofundando e
tornando-se mais acentuados, vai-se estruturando toda uma concepção gnóstica e
revolucionária do Universo.
“A
individuação, que para a gnose é o mal, é um princípio de desigualdade. A
hierarquia — qualquer que seja — é filha da individuação. O Universo — segundo
os gnósticos — resgata-se da individuação e da desigualdade num processo de
destruição do ‘eu’, que reintegra os indivíduos no grande Todo homogêneo.
“A
realização, entre os homens, da igualdade absoluta, e de seu corolário, a
liberdade completa — numa ordem de coisas anárquica — pode ser vista como uma
etapa preparatória dessa reabsorção total. Não é difícil perceber, nesta
perspectiva, o nexo entre gnose e comunismo.
“Assim,
a doutrina da Revolução é a gnose, e suas causas últimas têm suas raízes no
orgulho e na sensualidade.”
Roguemos a Nossa Senhora a graça de sermos contrarrevolucionários ilibados, combatendo
os erros que envenenam o mundo atual e assim nos prepararmos para o Reino de
Maria que se aproxima.
Por
Paulo Francisco Martos
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1 – DANIEL-ROPS, Henri. A Igreja dos Apóstolos e dos Mártires. São Paulo: Quadrante.
1988, p. 286.
2 – CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. O maior prazer da vida. In Dr. Plinio, São
Paulo. Ano XX, n. 233 (agosto 2017), p. 31.
3 – Idem. Santidade e personalidade I. In Dr. Plinio. Ano XIX, n. 217 (abril
2016), p. 8.
4 – Idem. Santidade e personalidade II. In Dr. Plinio. Ano XIX, n. 218 (maio
2016), p. 9-10.
5 – Idem. Devoção a Nossa Senhora: condição essencial para a Contra-Revolução.
In Dr. Plinio. Ano XIV, n. 158 (maio 2011), p. 14.16.
Fonte: https://gaudiumpress.org/
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