A liturgia é escola de vida – I
Entenda
o modo de viver de um grupo de pessoas, existente desde tempos imemoriais e
presente em todas as grandes religiões: o monaquismo. E como esse modo de viver
pode nos ajudar a ter uma vida mais plena:
Mas
nem tudo são flores…
O
ritmo cotidiano e contínuo do Opus Dei pode, porém, levar ao
risco da rotinavaziade sentido que acompanha de vez em quando
a repetição dos gestos humanos, e o do formalismo ritual, até criar
a ilusão da autojustificação, produzida pela observância sistemática das leis,
ou “observância regular”, como se o fazer modelasse o ser. Este risco pode
tocar a vida monástica no seu conjunto, assim como a vida litúrgica. Ritmos
cadenciados que nos orientem e sustentem são necessários à vida, mas precisamos
também ter atenção, humildade e um pouco de autoironia sobre nós mesmos. São
Bento indica o remédio mais eficaz para o formalismo: “Não querer ser tido como
santo antes que o seja, mas primeiramente sê-lo, para que como tal o tenham
mais com fundamento” (RB 4,62).
Em
relação à liturgia, São Bento retoma a clássica afirmação patrística: “A nossa
mente concorde com a nossa voz” (RB 19,7). Indicação aparentemente simples, mas
que, na sua essencialidade, resume o grande ensinamento bíblico sobre as
condições interiores necessárias para prestar a Deus um culto autêntico e a
necessidade de assumir com seriedade a estrutura simbólica da pessoa humana e a
conseguinte estrutura simbólico-sacramental da liturgia.
A
carne é o eixo da salvação
O
próprio Jesus retoma o ensino dos profetas sobre o horizonte infinito do culto
em espírito e verdade (cf Amos 5,21; Is, 1,1-
20; Oseas 6, 6), cujo fundamento é ele mesmo (Jo 4, 21-24).
Paulo convida os batizados, que foram imergidos no mistério pascal de Cristo, a
fazer da própria existência, animada pelo Espírito, um culto agradável a Deus
(Rm 12, 1-2).
O
Concilio Vaticano II fez uma atualização muito significativa desta visão
teológica e deste ensino espiritual, fundamentada na Escritura e na tradição
patrística, e partindo do grande horizonte da participação ao sacerdócio de
Cristo que todos os fiéis são chamados a viver por força do batismo (cf Lumen
Gentium n. 10 e 34). Esta perspectiva constitui um grande avanço da
eclesiologia do Concílio, pois toca nas raízes da identidade do discípulo de
Jesus, molda sua espiritualidade a partir de Cristo orientando assim seu
chamado a atuar na sociedade de hoje.
O
encontro salvífico com o Senhor se realiza e se manifesta através da linguagem
corpórea e simbólica da ação litúrgica. É um encontro que envolve não
só a esfera racional, mas também a psíquica e espiritual, por isso envolve a
integralidade da pessoa. “Caro salutis est cardo” – “A carne, o corpo, é
o eixo da salvação”, afirmava o padre da igreja Tertuliano, ao reivindicar a
função fundamental do Verbo Encarnado no processo da salvação cristã e a
insubstituível função do batismo e dos sacramentos para a vida cristã. Como
dizia Agostinho, se há desejo, há culto e se há culto há salvação.
Segundo
a perspectiva cristã, a “carne” constitui um elemento central da experiência
litúrgica e da liturgia como expressão da fé e escola de formação espiritual.
Hoje em dia se apresentam no grande mercado das “espiritualidades” favorecido
pela invasão da mídia, não poucas correntes que pretendem “desencarnar” o
caminho espiritual.
Fonte: https://pt.aleteia.org/
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