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quinta-feira, 31 de agosto de 2023

A Mongólia que espera Francisco

Painel alusivo à visita do Papa Francisco à Mongólia (Photo by Pesdro Pardo/AFP)

A Santa Sé e a Mongólia estabeleceram relações diplomáticas em 1992.

Vatican News

O país na Ásia Centro-Oriental sem saída para o mar faz fronteira ao norte com a Rússia ao norte e pela China ao sul e ao leste. É um dos países menos densamente povoados do planeta, acolhendo pouco mais de 3 milhões de habitantes numa área cerca de 5 vezes o tamanho da Itália. A paisagem é bastante diversificada, entre montanhas, lagos, desertos e vastas planícies relvadas. A zona sul da Mongólia é ocupada pelo deserto de Gobi, o maior deserto frio da Terra, enquanto a parte nordeste é caracterizada pela existência de montanhas com mais de 4.000 m de altura. O Monte Khuiten (4.356 m), na fronteira com a China, é o pico mais alto. O país possui uma variedade incrível de plantas e um grande número de espécies animais. A flora do norte é constituída principalmente por coníferas e bétulas, enquanto a zona central é caracterizada por uma vegetação herbácea baixa e densa, a estepe, que se estende em direção ao sul transformando-se em deserto. Os principais cursos de água são o Selenga, um dos principais afluentes do Lago Baikal, e o seu afluente Orkhon, o Kherlen e o Jenisej, um dos principais rios do planeta, que no entanto deixa logo a Mongólia para prosseguir o restante de seu curso na Rússia.  As bacias lacustres, tanto de água salgada como de água doce, são numerosas, especialmente na Região dos Lagos, no extremo oeste do país. Aqui se encontram os Uvs, os Khar-Us, onde também estão localizadas a ilha de Agbash, os Khyargas e o Khövsgöl. O clima é continental, com invernos muito longos e frios e verões bastante curtos.

Capital: Ulan Bator (1.452.000 hab.)
Superfície: 1.566.500 km2
População: 3.384.000 hab.
Densidade: 2 hab./km2
Lingua: Mongol (ufficiale), Kazako
Principais grupos étnicos: Khalkha (81,9%), Kazaki (3,8%), Dorvod (2,7%), Bayad (2,1%), Buriati (1,7%), Zakhchin (1,2%), Dariganga (1%), Uriankhai (1%), outros (4,6%)
Religião: budistas (53%), muçulmanos (3%), xamãs (3%), cristãos (2%), católicos (0,04%), ateus (39%)
Forma de governo: República semipresencial
Moeda: Tugrik mongol (1 EUR = 3.774 MNT)

Herdeira do Império Mongol, o mais vasto império terrestre da história da humanidade fundado em 1206 pelo célebre líder Genghis Khan, que havia unificado as tribos mongóis e turcas das estepes asiáticas entre a China e a Rússia, a atual Mongólia compreende hoje o território da Mongólia Exterior ( enquanto a Mongólia Interior é uma região autônoma da República Popular da China).

O país foi uma província chinesa entre o século XVII e 1921, quando então conquistou definitivamente a independência com a ajuda da União Soviética, com a qual manteve estreitos laços geopolíticos. Em 1924 foi aprovada uma Constituição inspirada naquela soviética e proclamada a República Popular da Mongólia liderada pelo Partido Popular da Mongólia (PPM), rebatizado de Partido Revolucionário do Povo Mongol (PRPM). Em 1928, o novo regime aboliu a estrutura social feudal, até então dominada pelos monges lamaístas (a corrente tibetana do budismo), lançando uma campanha antirreligiosa e introduzindo um plano de coletivização radical.

A nomeação de Horloogijn Choibalsan como primeiro-ministro (1936) marcou um novo endurecimento do regime e o fortalecimento das relações com a União Soviética. Após a sua morte em 1952, a vida política foi dominada por Yumjaagiin Tsedenbal, que liderou o governo até 1974, quando se tornou chefe do Estado. As relações com a URSS foram reguladas por um novo acordo (1960), que foi substituído em 1966 por um tratado de amizade, cooperação e comércio de vinte anos.

Na segunda metade dos anos 80, foi lançado um processo de liberalização do país, seguindo o modelo das reformas introduzidas por Michail Gorbachëv na União Soviética. No transformado cenário internacional que se seguiu ao colapso dos regimes comunistas na Europa de Leste em 1989, este processo lançou as bases para a transição do país para a democracia, cujo ponto de viragem foram as manifestações de massa no Inverno de 1990. Naquele ano foi alterada a Constituição, eliminando a referência ao papel do PRPM como força dirigente do país, legalizando os partidos de oposição, criando um órgão legislativo permanente e instituindo o cargo de presidente.

O processo de liberalização política sancionado pela nova Constituição de 1992 criou as condições para um fortalecimento dos partidos da oposição. A primeira vitória eleitoral de um partido não-comunista ocorreu nas eleições presidenciais de 1993 e em 1996, quando as forças da oposição coligadas na Aliança Democrática venceram as eleições parlamentares ao lançarem um programa radical de reforma econômica.

No entanto, a recessão econômica ligada à interrupção do fluxo de ajuda da Rússia após o colapso da URSS e os elevados custos sociais da transição para uma economia de mercado marcada pelo aumento da pobreza e do desemprego geraram um descontentamento generalizado que favoreceu, nas eleições presidenciais de 1997, o candidato do PRPM, Natsagiin Bagabandi.

Nos anos seguintes, uma grave instabilidade política resultou na frequente rotatividade de chefes de governo. Paralelamente, houve um novo fortalecimento do PRPM, que venceu tanto as eleições legislativas de 2000 e 2008 como as eleições presidenciais de 2001 e 2005.

Derrotado nas eleições parlamentares de 2012, após quatro anos na oposição, o PRPM, que neste meio tempo assumiu o nome de Partido Popular da Mongólia (PPM), voltou ao poder após as eleições parlamentares de 2016 e manteve a maioria nas eleições em 2020. O atual presidente da Mongólia, Ukhnaagiin Khürelsükh, que tomou posse em 25 de junho de 2021, também é uma expressão do PPM.

Política externa

Com os seus 1.566.000 km2 e uma população de cerca de 3,3 milhões de habitantes (concentrada principalmente na capital, onde reside cerca de 45,9% da população), tem uma das densidades populacionais mais baixas do mundo, um terço da qual ainda é nômada, principalmente dedicado à criação. A pecuária é um dos setores-chave da economia mongol e, juntamente com a agricultura, representa cerca de um quinto do PIB, mas não é suficiente para tornar o país autossuficiente na produção alimentar. Outro setor-chave da economia está ligado à extração de recursos minerais - principalmente cobre, ouro, carvão, petróleo e urânio exportados em grande parte para a China - estando o país sujeito à volatilidade dos preços destas matérias-primas

Esta fragilidade econômica levou a Mongólia a manter laços estreitos com a Rússia e a alargar a sua relação com a China, agora baseada no Tratado de Amizade e Cooperação de 1994, que consagra o respeito mútuo pela independência e pela integridade territorial. Ao mesmo tempo, a relação com Moscou foi refundada em novas bases após a conclusão da retirada das tropas russas do território mongol em 1992, e depois com o Tratado de amizade e cooperação de 1993. Em 2000, após a visita à Mongólia do presidente russo Vladimir Putin, os dois países assinaram a Declaração de Ulan Bator que, reafirmando a amizade entre os dois Estados, relançou a cooperação em numerosos âmbitos políticos e econômicos. Com a visita de Putin em 2009, como primeiro-ministro da Federação Russa, a cooperação bilateral foi também alargada ao setor socioeconômico.

Paralelamente às relações com a China e a Rússia, a Mongólia também começou a buscar uma política externa autônoma, aderindo ao Movimento dos Não-Alinhados e procurando uma maior participação nas Nações Unidas e nos fóruns de cooperação multilateral. Desta forma, Ulan Bator estabeleceu relações com outros países asiáticos, como o Japão e a Coreia do Sul, mas também com os Estados Unidos e a União Europeia.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF