Do Tratado Contra as heresias, de Santo Irineu, bispo
(Lib.
4,17,4-6:SCh 100,590-594) (Séc. II)
Quero a misericórdia e não o sacrifício
Deus
não queria dos Israelitas sacrifícios e holocaustos, mas fé, obediência,
justiça, em vista da salvação. Manifestando a sua vontade, pelo profeta Oséias
Deus lhes dizia: Quero a misericórdia mais
que o sacrifício, e o conhecimento de Deus acima dos holocaustos (Os 6,6). Também
nosso Senhor advertia-os sobre o mesmo, ao dizer: Se soubésseis o que significa ‘Quero a misericórdia e não o
sacrifício, nunca condenaríeis inocentes’ (Mt 12,7). Dava testemunho de que os
profetas proclamavam a verdade, e lhes censurava a insensatez da culpa.
Prescrevendo
a seus discípulos oferecer a Deus primícias vindas de suas criaturas, não por
delas precisar, mas para que não fossem eles estéreis nem ingratos, tomou
dentre as criaturas o pão, deu graças e disse: Isto é o meu corpo. O mesmo com o cálice, também criatura como
nós, declarou ser seu sangue e indicou a nova oblação da nova Aliança (cf. Mt 26,28).
Recebendo-a dos apóstolos, a Igreja em todo o mundo a oferece a Deus, àquele
que nos concede o alimento, primícias de seus dons no Novo Testamento. Sobre
ela, Malaquias, um dos doze profetas, assim se exprimiu: Minha benevolência não está em vós, diz o Senhor onipotente, e
não aceitarei sacrifícios de vossas mãos. Porque do nascente ao poente meu
nome será glorificado entre as nações, em todo lugar haverá incenso oferecido a
meu nome e um sacrifício puro. Porque grande entre os povos é meu nome, diz o
Senhor onipotente (Ml 1,10-11). Com toda a evidência dá a entender que o
primeiro povo cessará de oferecer a Deus. Mas que em todo lugar se lhe
oferecerá um sacrifício que será puro, e todas as nações glorificarão seu nome.
Que
nome é este, glorificado pelas nações? Haverá outro que não o de nosso Senhor,
por quem o Pai é glorificado e glorificado o homem? E sendo do seu Filho por
ele feito homem, chama-o seu. É como se um rei pintasse a imagem de seu Filho.
Com razão diria ser sua de duas maneiras: é de seu filho e ele próprio a faz.
Assim o nome de Jesus Cristo, glorificado na Igreja por todo o universo, o Pai
declara ser o seu, porque é de seu Filho e por ter sido ele próprio a gravá-lo
e a dá-lo para a salvação dos homens.
Já que o nome do Filho é próprio do Pai e a Igreja faz a oblação ao Pai onipotente por Jesus Cristo, diz-se com razão nos dois sentidos: E em todo lugar se oferecerá incenso a meu nome e sacrifício puro. O incenso, João no Apocalipse diz serem as orações dos santos (Ap 5,8).
Fonte: https://liturgiadashoras.online/
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