"A narrativa evangélica
sobre Maria começa na pequena localidade de Nazaré e termina na cidade de
Jerusalém. Ambos os lugares são como que uma fresta onde a terra se abre para o
céu, como trampolim de lançamento onde a casa abre de par em par a porta para um
caminho. Em ambos irrompe o «poder do Altíssimo»”, se derrama o Espírito Santo,
tanto em Nazaré na Anunciação, quanto em Jerusalém no Cenáculo, no dia de
Pentecostes."
Jackson
Erpen - Cidade do Vaticano
“O tempo de nos levantarmos é agora.
Levantemo-nos apressadamente! E, como Maria, levemos Jesus dentro de nós, para
O comunicar a todos. (Papa Francisco)”
Na mensagem
para a Jornada Mundial da Juventude 2023 em Lisboa, inspirado no tema escolhido
«Maria levantou-se e partiu apressadamente» (Lc 1,
39), o Papa Francisco destacou aos jovens o aspecto do levantar-se, do
peregrinar, do estar a caminho e caminhar juntos com a Virgem Maria, iluminando
com a mensagem de seu Filho os ambientes que nos rodeiam.
No programa
de hoje deste nosso espaço, Pe. Gerson Schmidt* volta a falar
de Nossa Senhora Peregrina, que "reabre para todos e em particular vós,
jovens como Ela, o caminho da proximidade e do encontro":
"A
Jornada Mundial da Juventude é um momento de forte peregrinação dos jovens,
mostrando esse rosto dinâmico e alegre da nossa Igreja. Milhões de jovens
reunidos dessa vez em Portugal, sede da JMJ. Nessa atmosfera de uma Igreja
peregrina, de uma Igreja militante e caminhante, aprofundamos a temática de
Nossa Senhora Peregrina, pois Maria também se colocou a caminho, por diversas
vezes. Maria encontra-se com frequência a caminho: sai, caminha, desloca-se,
caminha e não se acomoda. Não é peregrina apenas porque visita Isabel. As
suas viagens entre Nazaré, Ain Karim, Belém, Jerusalém, Egito são acompanhadas
de um dinamismo interior muito grande, de discípula, de serva a caminho, para
cumprir a vontade de Deus.
Dizia assim
nosso Papa Francisco: “Como é importante para as nossas famílias peregrinar
juntos, caminhar juntos e ter a mesma meta em vista! Sabemos que temos um
percurso comum a realizar; uma estrada, onde encontramos dificuldades, mas
também momentos de alegria e consolação”. A peregrinação não termina
quando se alcança a meta do santuário ou do lugar proposto, disse o Papa, mas
quando se volta para casa e se retoma a vida de todos os dias, fazendo valer os
frutos espirituais da experiência vivida. Na proclamação do Ano Santo da
Misericórdia, em 2015, o Papa Francisco escrevia assim sobre peregrinação: “A
peregrinação é um sinal peculiar no Ano Santo, enquanto ícone do caminho que
cada pessoa realiza na sua existência. A vida é uma peregrinação e o ser humano
é viator, um peregrino que percorre uma estrada até à meta anelada. Também para
chegar à Porta Santa, tanto em Roma como em cada um dos outros lugares, cada
pessoa deverá fazer, segundo as próprias forças, uma peregrinação”(Misericordiae
Vultus, 14).
Na
narrativa dos evangelhos uma das caraterísticas de Jesus nitidamente
perceptíveis é o seu estar «a caminho». Ele nasce numa viagem, como
recém-nascido tem de viajar para se refugiar num país estrangeiro, durante a
sua vida pública desloca-se a um ritmo permanente, de aldeia em aldeia, de
cidade em cidade, dos lugares desertos para as praças, de casa para a sinagoga,
da estrada para o campo, da beira-mar para a montanha. Quando se aproxima «a
hora de passar deste mundo para o Pai» (Jo 13,1), toma a firme decisão de se
pôr a caminho de Jerusalém» (Lc 9,51). Por fim, morre fora de casa, a terminar
uma “via-crucis”. Ele mesmo é «o caminho» (Jo 14,6). Com um «segue-Me» envolve
muitos a pôr-se a caminho juntamente com Ele. Mesmo depois da sua morte, os
seus discípulos são conhecidos como «os da via» (At 9,2). Pedro captou bem a
identidade do Mestre quando o anuncia com esta frase sintética: «Deus ungiu com
o Espírito Santo e com o poder a Jesus de Nazaré, o qual andou de lugar em
lugar, fazendo o bem e curando todos» (At 10,38). A imagem que fascinou os
primeiros convertidos ao cristianismo é a de Jesus que caminha conduzido pelo
Espírito e fazendo bem por onde passa.
Maria, a
mãe de Jesus viandante, assemelha-se a Ele nisto. Ela é mãe peregrina. Queremos
seguir essa «peregrinação» de Maria nas pegadas que os evangelhos nos oferecem,
que nos descreve também a Lumen Gentium,
número 58. A Bíblia é um livro cheio de caminhos e de viagens, a história entre
Deus e a humanidade é um entrelaçado dinâmico entre sair e chegar, ir e vir,
partir e voltar, entre êxodo e advento. O caminhar de Maria insere-se neste
movimento, neste sistema de encontro divino-humano, sempre aberto ao
imprevisto, à surpresa e à novidade, mas sempre guiado pelo vento do Espírito.
Efetivamente, a narrativa evangélica sobre Maria começa na pequena localidade
de Nazaré e termina na cidade de Jerusalém. Ambos os lugares são como que uma
fresta onde a terra se abre para o céu, como trampolim de lançamento onde a casa
abre de par em par a porta para um caminho. Em ambos irrompe o «poder do
Altíssimo»”, se derrama o Espírito Santo, tanto em Nazaré na Anunciação, quanto
em Jerusalém no Cenáculo, no dia de Pentecostes. Em ambos os lugares, depois da
descida do Espírito Santo, há um movimento de saída, de peregrinação, de não
ficar parado. Maria está presente em ambos os lugares."
*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt
Nenhum comentário:
Postar um comentário