Por Cyprien Viet - Isabella H. de Carvalho
Depois de duas semanas repletas de emoções, os mais de um milhão de participantes da JMJ de Lisboa voltarão para casa com sua fé renovada. Muitos deles testemunham seu desejo de viver uma vida comprometida a serviço dos outros, livres das garras do mundo virtual.
“Posso viver minha vida sem medo e hesitação”, disse Adela, uma sul-coreana de 34 anos, ao final da JMJ em Lisboa. “Recebi muita coragem e poder do Papa Francisco. Foi incrível”, explicou a jovem, cujo país sediará a próxima JMJ daqui a quatro anos.
Muito tocada pela benevolência dos portugueses, “muito amáveis, puros e abençoados”, Adela disse que está “realmente ansiosa” pela JMJ em Seul.
“Espero que vejamos muitas pessoas de todo o mundo virem ao nosso país com gratidão e alegria e com uma atmosfera como esta”, disse ela, indicando os peregrinos acampados ao seu redor. Adela observou os desafios que os jovens enfrentam em seu país, como uma cultura particularmente competitiva em relação a diplomas e empregos, tendo o álcool e as redes sociais como meios de escape.
“Os jovens competem uns com os outros”, lamenta Adela, que gostaria que a Igreja fosse mais acolhedora com eles. “Acredito que isso deve partir não apenas de outros jovens, mas também de padres, freiras e leigos. Precisamos ajudar uns aos outros e nos concentrar nos problemas sociais”, explica ela.
Rompendo com o excesso do virtual
Johannes, um jovem de 17 anos da Alemanha, estava animado com a experiência de sua primeira JMJ em Lisboa. “Foi muito legal, participei de muitos eventos em que pessoas famosas rezaram, e elas me deram muita inspiração para minha vida futura, e isso realmente me ajudou a ficar motivado para minha graduação.”
“Vou mudar minha vida quando voltar para a Alemanha porque eu era muito viciado em telefones celulares. Espero que as coisas melhorem e que eu veja o mundo de uma maneira diferente”, enfatiza.
Os jovens “transfigurados à imagem de Cristo”
Céline, uma mulher de 44 anos que acompanha o grupo da diocese da Guiana Francesa, terminou a JMJ com o joelho dolorido, encapsulado em uma joelheira. Ao longo das avenidas e ruas de Lisboa, equipes médicas atenderam um grande número de jovens que sofriam de exaustão pelo calor, entorses e dificuldades físicas devido à longa caminhada até o local onde foram realizados os eventos finais.
Mas, apesar de tudo, a fé e a alegria prevalecem. “Nossos corpos estão machucados, mas estamos transfigurados à imagem de Cristo. Muita coisa aconteceu nessas duas semanas, muita cura, muita mudança para os caminhos de Deus… Isso é o mais importante! Veremos o corpo depois”, assegurou Céline.
“Entendendo a importância do compromisso”
François-Léopold, um jovem de Paris, já havia participado da JMJ Cracóvia em 2016 como peregrino. Ele queria viver essa JMJ em Lisboa de uma forma diferente e decidiu servir pessoas com deficiência, com a associação “A Bras Ouverts” (“De Braços Abertos”). “Foi mais intenso, mas muito bonito! Você dá muito de si, da sua energia e do seu tempo, mas também recebe muito mais”, explicou.
O jovem que ele acompanhou durante toda a JMJ, Gabriel, que tem um problema de fala, reluta em responder a qualquer pergunta. “Estou voltando para casa mais feliz do que antes. Isso é tudo o que posso dizer”, disse ele, enquanto seus companheiros o observavam com diversão e admiração. “Gabriel me ensinou muito e me ajudou a aproveitar ao máximo cada momento”, explicou François-Léopold. “Ele me ajudou a entender a importância do compromisso. Para os jovens, o compromisso é fundamental”, insiste o jovem parisiense.
Seu amigo Pierre-Louis explica que a “atmosfera festiva” da JMJ 2016 já o havia “conscientizado sobre a catolicidade da Igreja”, mas desta vez ele veio com mais maturidade.
“Agora, estou mais na lógica do retorno, de devolver o que recebi. O que é incrível nessa JMJ é a quantidade de trabalho que foi feito para preparar o evento. O que recebemos, devemos a outras pessoas. E agora, ao voltarmos para Paris, temos que passar esse presente adiante. Acho que vamos ter que lembrar aos jovens franceses que a mensagem de alegria que eles receberam na JMJ terá que ser transmitida e transformada, por meio de compromissos e vocações”, explicou.
Sophie, que também veio com a associação “A Bras Ouverts”, diz que ficou “maravilhada com o tempo gasto em oração com pessoas com deficiência”. “A maneira deles de agradecer a Deus ficará gravada em minha memória. Voltarei para casa com o coração mais leve e com a convicção de que a fé entra em todos os corações”, disse ela.
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