Para que haja bons sacerdotes é preciso formar
bons seminaristas
Conclusões do curso sobre a formação
espiritual nos seminários
ROMA, terça-feira, 22 de fevereiro de 2011 (ZENIT.org)
– Como obter resultados positivos na formação espiritual dos seminaristas? Como
fazer para que os candidatos ao sacerdócio tenham maior clareza vocacional? O
subjetivismo e a secularização representam um desafio para as novas gerações de
sacerdotes?
Estas e outras questões foram discutidas
durante a semana de estudo La formazione spirituale personale nei seminari
(A formação espiritual pessoal nos seminários), realizada de 7 a 11 de
fevereiro, no centro de formação sacerdotal da Pontifícia Universidade da Santa
Cruz, em Roma.
O evento contou com a presença do cardeal
Zenon Grocholewski, prefeito da Congregação para a Educação Católica, da Santa
Sé.
Reitores de seminários, diretores espirituais
e outros formadores, provenientes de diversas dioceses, contextos culturais e
eclesiais puderam compartilhar ideias sobre como formar melhor aqueles que
serão os sacerdotes das próximas gerações.
Algumas intervenções
Dom Francesco Cavina, da secretaria de Estado
do Vaticano, em sua palestra sobre as primícias eclesiais nos candidatos para o
sacerdócio, referiu-se aos novos desafios que os seminários de hoje enfrentam:
enquanto, antigamente, muitos sacerdotes cresciam em famílias grandes, num
ambiente católico, e descobriam sua vocação muito cedo, agora pertencem a
famílias pequenas, muitas vezes de pais divorciados, nas quais não
necessariamente receberam uma educação católica, e que fizeram sua opção em uma
idade já madura.
O prelado apresentou algumas estatísticas que
mostram como, hoje, muitos dos novos seminaristas provêm de grupos de jovens
paroquiais e diocesanos, movimentos eclesiais, ou jornadas mundiais da
juventude.
Por sua parte, Enrique da Lama, da Faculdade
de Teologia da Universidade de Navarra, abordou o tema do acompanhamento
espiritual, da necessidade da amizade, da consciência como esse sacrário
interior da mente e do espírito.
Ele também se referiu ao tema da solidão em
que o homem de hoje vive e alertou sobre o perigo de confundir a direção
espiritual com uma consulta psicológica. Esclareceu que é essencial ver o homem
em sua unidade biopsicoespiritual.
Da Lama disse que a direção espiritual deve
centrar-se “no valor da amizade, no respeito à soberania da própria consciência
e na ação do Espírito Santo”, ao invés de limitar-se apenas a um simples
acompanhamento ou aconselhamento esporádico.
Para Paul O’ Callaghan, professor de teologia
dogmática na Universidade da Santa Cruz, a vida espiritual do sacerdote é forjada
especialmente no seminário.
Meios para a formação
Os oradores salientaram a necessidade de
recorrer a documentos como a Pastores dabo vobis,
do Papa João Paulo II, e a Carta aos seminaristas, de Bento XVI.
Os participantes tiveram a oportunidade de
discutir a questão da relação com os superiores ou formadores, a quem decidiram
chamar de “educadores”, esclarecendo que quem forma é o Espírito Santo.
Disseram que o principal inimigo da vocação ao
sacerdócio, mais que os pontos de discordância com as autoridades, é a vida
dupla ou a hipocrisia.
Direção espiritual e fragilidade humana
O curso também abordou o tema da fragilidade
emocional e psicológica, com duas intervenções: de Dom José María Yanguas,
bispo de Cuenca (Espanha), e do psiquiatra Franco Poterzio.
Ambos se referiram à questão do desafio da
imaturidade dos adolescentes e jovens (narcisistas, fracos, tristes e
instáveis), que se prolonga em adultos inconstantes e dependentes. Estes são
tópicos que devem ser abordados com frequência nos seminários.
A maneira de quebrar este círculo é procurar
nos candidatos ao sacerdócio “a harmonia interna e externa do homem que
integrou razão, vontade, sentimentos e instintos”, sem descuidar da correção,
quando necessário.
O último dia do curso foi dedicado ao tema da
formação da plena maturidade espiritual; os assistentes e expositores puderam
concluir que alguns meios para responder a este desafio são a oração e a
caridade pastoral, que ajudam a construir personalidades “estruturadas em torno
do sentido oblativo da vida, praticando constantemente as virtudes, através de
critérios claros e com um coração felizmente centrado em Cristo”.
(Carmen Elena Villa)
Fonte: https://presbiteros.org.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário