28 de agosto
Santo Agostinho
De pecador a modelo de perfeição espiritual, Santo
Agostinho abraçou a Fé católica com fervor e zelo invulgares, defendendo-a e a
enriquecendo com a extraordinária inteligência que lhe foi concedida por Deus.
Redação (28/08/2022 08:32, Gaudium
Press) Pai por excelência de todos os Padres da
Igreja, Doutor da graça, monge, pastor, teólogo, autor de uma obra monumental e
escritor de gênio, Agostinho permanece o símbolo vivo do convertido, não
cessando de influenciar o espírito e o imaginário da Europa.
Esse
romano da África, de origem berbere, nascido no ano de 354, em Tagasta, na
atual Argélia, alcançou grande renome por seu extraordinário domínio das artes
liberais, e foi considerado por seus contemporâneos como o mais ilustre dos
retóricos e o mais autorizado dos filósofos. Adepto de Cícero, o jovem
Agostinho vai para Cartago, e depois para Roma e Milão, que era então a capital
do Império. As suas peregrinações espirituais o levaram a aderir ao
maniqueísmo, mas é o encontro com o cristianismo que vai revolucionar a sua
existência.
Aos
trinta e dois anos, por insistência de sua mãe, Santa Mônica, e de Santo
Ambrósio, e após uma revelação sobrenatural nos jardins da sua casa, Agostinho
pede que seja batizado.
Diz
uma tradição que, terminada a cerimônia do Batismo, Santo Ambrósio exclamou: ‘Te
Deum laudamus!’, e que Santo Agostinho acrescentou: ‘Te Dominum
confittemur!’; e assim, alternando suas frases um e outro, entre os dois
improvisaram naquela ocasião os conceitos e palavras que compõem o cântico
litúrgico do ‘Te Deum’.
Incansável adversário da heresia
Depois
de um breve retiro em Cassiciaco, Agostinho volta à sua terra natal, torna-se
monge e consagra três anos à oração e ao estudo.
Em
391, O Bispo Valério de Hipona (atual Annaba) chama-o para junto de si.
Agostinho suceder-lhe-á em 395 nessa importante sede episcopal. Começa então
para esse pregador e catequista infatigável uma era de grandes controvérsias –
contra os donatistas, em primeiro lugar, que negam aos ‘lapsi‘
(apóstatas) o perdão da Igreja; em seguida contra os pelagianos, que atribuem
exclusivamente ao homem o mérito da salvação.
O
Bispo de Hipona descobre em si uma vocação de lutador contra as heresias, capaz
não só de inscrever a sua reflexão nas problemáticas do seu tempo, como também
de edificar uma autêntica Teologia perene. No fim da sua vida, já em plena
invasão dos Vândalos, enfrentou um último desvio à Fé: o daqueles que negavam o
dogma cristológico.
A tristeza, companheira no fim da vida
Por
volta do ano 430, os bárbaros devastam totalmente o norte da África. Ao
atingirem Hipona, os invasores a cercaram e lhe impuseram um rigoroso assédio.
Este acontecimento agravou a já amarga e triste ancianidade de Santo Agostinho,
que sofreu mais do que todos, e se alimentou de dia e de noite com a torrente
de lágrimas que brotavam de seus olhos ao ver como uns caíam mortos e outros
fugiam, e ao considerar que as igrejas ficavam viúvas de seus sacerdotes, e as
populações arrasadas se transformavam em desertos.
Como
os horrores continuassem, reuniu seus monges e lhes disse: ‘Pedi ao Senhor que
nos tire desta angustiosa situação, ou nos dê forças para suportá-la, ou me
leve desta vida e me livre de presenciar tantas calamidades’.
O
Senhor o ouviu e lhe concedeu a terceira dessas petições. Meses após o início
do cerco da cidade, Santo Agostinho caiu enfermo. Compreendendo que o dia de
sua morte se aproximava, mandou que escrevessem os Sete Salmos Penitenciais em
grandes cartazes e os pregassem a uma das paredes de sua cela, de maneira a
poder lê-los e rezá-los a partir do leito em que se achava prostrado. Assim foi
feito, e o Santo, sempre com imensa emoção de alma, recitava constantemente
ditas orações.
Pouco
antes de sua morte, Santo Agostinho teve essas interessantes palavras: ‘Ninguém, por muito virtuosamente que tenha vivido,
deve sair deste mundo sem fazer previamente confissão de seus pecados e sem
receber a Eucaristia’.
Até
o último momento de sua vida conservou perfeito estado de suas faculdades, seus
membros e sua vista, de maneira que, com completa lucidez mental, no instante
supremo, rodeado de seus monges que o assistiam com suas preces, aos 77 anos de
idade e 40 de episcopado entregou seu espírito a Deus.
Apaixonado investigador da verdade
Luminosíssimo
farol de sabedoria, baluarte da ortodoxia, fortaleza inexpugnável da Fé,
sobressaindo em talento e ciência entre os demais doutores da Igreja, Agostinho
foi homem eminente, tanto pelos exemplos de suas virtudes, quanto pela riqueza
de sua doutrina.
A
obra que deixou é imensa. Cento e treze Tratados, entre os quais se destacam o
‘De Trinitate’ e ‘A Cidade de Deus’ que inaugura a teologia da
História; 218 epístolas, mais de 500 ‘Sermões’, ‘Diálogos’ e ‘Comentários’
bíblicos, e, por fim, essa obra singular que são as ‘Confissões’, a primeira
autobiografia de todos os tempos.
A
sua teologia, feita de experiência e permanentemente existencial, eleva-se até
a contemplação pura, sem ignorar a psicologia, a historicidade, a realidade
humana. Da iluminação fulgurante da sua juventude ao final da sua velhice,
Santo Agostinho nunca deixou de meditar sobre o dom feito por Deus ao homem, e
que fez dele um investigador apaixonado da verdade.[1]
[1] Cf. George Daix. Dicionário dos Santos; Jacques de Voragine. A legenda dourada.
Fonte: https://gaudiumpress.org/
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