O Papa reiterou a parlamentares
brasileiros que vieram ao Vaticano para lhe conferir o Prêmio Zilda Arns, o seu
posicionamento a favor da defesa da vida. Foi quando a delegação abordou a
temática do julgamento da ADPF 442, que pleiteia a possibilidade de legalizar o
aborto. Francisco, em diversas ocasiões durante o seu Pontificado, pronunciou
palavras muito claras a favor da vida desde a sua concepção, afirmando que essa
defesa está intrinsecamente ligada à proteção de qualquer direito humano.
Thulio
Fonseca - Vatican News
O tema do
aborto foi tratado com o Papa durante uma audiência concedida aos membros da
Comissão do Idoso da Câmara dos Deputados na quarta-feira (20). A delegação
brasileira veio ao Vaticano para entregar a Francisco o Prêmio Zilda Arns.
A deputada
Simone Marquetto, que também é vice-presidente da frente parlamentar católica,
contou à redação do Vatican News que teve a oportunidade de falar com o Santo
Padre sobre o pedido de inclusão em pauta da Arguição de Descumprimento de
Preceito Fundamental (ADPF) 442, no Supremo Tribunal Federal (STF), que
pleiteia a possibilidade de aborto legal até a 12ª semana de gestação.
Francisco, ao escutar a realidade trazida pela deputada, reiterou o seu
posicionamento a favor da vida e o fato de que a Igreja não muda a sua posição.
A deputada
destacou que a motivação para abordar este assunto com o Pontífice está em
conformidade com as posições evidenciadas pela Igreja no Brasil. "A CNBB,
juntamente com muitos padres e leigos, está se manifestando contra a possível
decisão do STF. É crucial que estejamos unidos para evitar a aprovação da
legalização do aborto no Brasil", afirmou Simone Marquetto.
O Papa a favor da defesa da Vida
A defesa da
vida é constantemente reafirmada pela Igreja, sobretudo quando se trata
daqueles que não têm voz. Em sua Exortação apostólica Evangelii Gaudium,
Francisco recorda que na Igreja há um sinal que nunca deve faltar: “a opção
pelos últimos, por aqueles que a sociedade descarta e joga fora”. Trata-se da
atenção preferencial pelos mais frágeis.
Logo no
início de seu Pontificado, em um discurso aos ginecologistas católicos, o Santo
Padre disse:
Uma
difundida mentalidade do útil, a cultura do descarte, que hoje escraviza os
corações e as inteligências de muitas pessoas tem um preço deveras elevado:
exige a eliminação de seres humanos, sobretudo quando são física ou socialmente
mais frágeis. A nossa resposta a esta mentalidade é um sim decidido e sem
hesitações à vida. O primeiro direito de uma pessoa humana é a sua vida. [...]
Por isso, a atenção à vida humana na sua totalidade tornou-se nos últimos
tempos uma verdadeira prioridade do Magistério da Igreja, de maneira particular
àquela mais inerme, ou seja, ao portador de deficiência, ao enfermo, ao
nascituro, à criança e ao idoso, à vida mais indefesa. No ser humano frágil,
cada um de nós é convidado a reconhecer o rosto do Senhor, que na sua carne
humana experimentou a indiferença e a solidão às quais frequentemente
condenamos os mais pobres, tanto nos países em fase de desenvolvimento, como
nas sociedades abastadas. Cada criança não nascida, mas condenada injustamente
a ser abortada, tem o rosto de Jesus Cristo, tem a face do Senhor, que ainda
antes de nascer e depois, recém-nascido, experimentou a rejeição do mundo. (20
de setembro de 2013)
A Vida é um direito inviolável
No cenário político
brasileiro, os próximos dias serão de grande atenção. O STF pautou para esta
sexta-feira, 22 de setembro, o início do julgamento da ADPF 442, que
discute a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação. O
julgamento ocorrerá no Plenário Virtual da Corte, com prazo para ser finalizado
em 29 de setembro.
A
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio de sua presidência,
reagiu à pauta do STF e reafirmou através da nota "Vida: direito
inviolável", divulgada no dia 14 de setembro, sua posição em favor da vida
desde a concepção. Os bispos ressaltam que “o aborto constitui a eliminação de
uma vida humana, trata-se, pois, de uma ação intrinsecamente má e, portanto,
não pode ser legitimada como um bem ou um direito”.
O texto
também deixa claro o posicionamento da Igreja no Brasil: “de qualquer forma,
jamais aceitaremos quaisquer iniciativas que pretendam apoiar e promover o
aborto”.
O assessor jurídico civil da CNBB, o advogado Hugo Cysneiros Oliveira, ao falar sobre a ADPF 442, destacou que a ação tem por objetivo básico abrir caminhos para a legalização do aborto no Brasil. Para o advogado, a ação “sequer deveria ser conhecida” e que, no caso de debate sobre o tema, deveria ser feito pelo Congresso Nacional: “o Brasil já regula esta matéria, nós temos normas sobre isso, nós somos signatários de tratados internacionais que expressamente protegem a vida e não há porquê modificar essa regra pelo caminho que se pretende”, afirmou ele.
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt
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