Por Philip Kosloski
Os métodos de São Pedro Claver não estavam focados em coerção ou debate, mas em cuidar de cada pessoa.
São Pedro Claver foi um missionário jesuíta da Espanha do século XVII. Ele foi encorajado pelo companheiro jesuíta Santo Afonso Rodriguez a servir nas colônias da “Nova Espanha”. Claver se ofereceu para ser enviado para lá e, pouco depois de sua chegada, ficou horrorizado com o comércio de escravos e as condições de vida do povo escravizado.
Outro padre jesuíta já havia começado a atender às necessidades espirituais dos escravos, mas São Pedro Claver deu um passo adiante. Em vez de se concentrar apenas em sua conversão e batismo, Claver estava mais interessado em atender suas necessidades mais básicas.
Claver se dirigia aos navios negreiros que chegavam e começava seu trabalho cuidando das pessoas. Uma de suas cartas resume suas experiências diárias.
Trouxemos de um armazém o que fosse útil para construir uma plataforma. Dessa maneira, cobrimos um espaço para o qual finalmente transferimos os doentes. Depois, dividimos os doentes em dois grupos: um grupo que meu companheiro abordou com um intérprete, enquanto eu falava com o outro grupo. Havia dois negros, mais perto da morte que da vida, já frios, cujo pulso mal podia ser detectado. Com a ajuda de um ladrilho, juntamos algumas brasas e as colocamos no meio, perto dos homens moribundos. Nesse fogo jogamos aromáticos. Destes, tínhamos duas carteiras cheias e usamos todos nessa ocasião. Então, cedendo nossas próprias capas, pois eles não tinham nada desse tipo – e pedir aos proprietários outras teria sido um desperdício de palavras –, fornecemos a eles um tratamento aromático, pelo qual eles pareciam recuperar o calor e o fôlego de vida. A alegria em seus olhos quando nos olhavam era algo surpreendente.
Acima de tudo, São Pedro Claver queria garantir que essas pessoas escravizadas fossem tratadas como verdadeiras pessoas humanas, não como animais. Ele não se importava com o que os outros pensavam dele e, em vez disso, queria viver o Evangelho de Jesus Cristo.
Na mesma carta, Claver explica como essa “linguagem” de cura foi a melhor linguagem que ele jamais poderia ter usado.
Foi assim que falamos com eles, não com palavras, mas com nossas mãos e nossas ações. E, de fato, convencidos de que haviam sido trazidos aqui para serem devorados, qualquer outra língua teria se mostrado totalmente inútil. Então nos sentamos, ou melhor, ajoelhamos ao lado deles e banhamos seus rostos e corpos com vinho. Fizemos todos os esforços para encorajá-los com gestos amigáveis e exibimos em sua presença as emoções que de alguma forma naturalmente tendem a animar os doentes.
Com tanto carinho por cada pessoa, não é de surpreender que quase 300.000 pessoas tenham sido batizadas por São Pedro Claver. Essas pessoas escravizadas escolheram o batismo, sabendo que Claver desejava o melhor para elas. Elas confiavam nele, não por causa da profundidade de seu conhecimento teológico, mas por causa da caridade que ele demonstrava. O método de evangelização de Claver chega ao âmago do Evangelho, lembrando a todos que nossa fé deve encontrar expressão em nossas ações.
Fonte: https://pt.aleteia.org/
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