Os Mártires DO Século XX
O presente artigo considera o fato do martírio
no século XX, paralelo ao dos primeiros séculos. A igreja quer reconhecer e
homenagear os heróis da fé, que sofreram em campos do concentração, prisões e
outras ocasiões, e dos quais alguns ainda vivem, merecendo toda a estima dos
contemporâneos.
7. Domingo 7 de maio de 2000
A Comissão nomeada pelo Santo
Padre preparou uma celebração ecumênica das vítimas da fé no século XX. Deve
realizar-se no Coliseu de Roma, em presença do Papa. Os representantes do
catolicismo e de ramos cristãos dissidentes reunir-se-ão em número tão avultado
quanto possível, para participar dessa cerimônia, cujo programa é assaz denso.
Serão publicados em voz alta os catálogos de vítimas das diversas comunidades
cristãs; far-se-á o gesto simbólico de transmitir a memória dos mártires à
primeira geração do terceiro milênio; será evocada a diversidade dos
testemunhos de fé das várias culturas, nações, situações e estados de vida.
Comparecerão e serão vivamente saudados alguns grandes confessores da fé,
sobreviventes da tremenda tribulação. Por fim, falará o Papa sobre o século XX,
no qual voltaram os mártires, e voltaram com eloquência singular.
O próprio Santo Padre justifica
e comenta este tipo de celebração ao escrever:
“O testemunho corajoso de
numerosos mártires do nosso século, incluídos aqueles que são membros de outras
Igrejas e comunidades eclesiais que não estão em plena comunhão com a Igreja
Católica, dá ao apelo conciliar uma força nova; recorda-nos a obrigação de
acolher a sua exortação e de a pôr em prática. Nossos irmãos e nossas irmãs,
que têm em comum a oferenda generosa de sua vida em prol do Reino dos céus,
atestam da maneira mais eloquente que todos os fatores de divisão podem ser
ultrapassados no Dom total de si mesmo pela causa do Evangelho” (Enc. Ut Unum
Sint).
Uma figura muito expressiva de
fidelidade à fé (ortodoxa)¹ é a do Pop (Padre) Alexandre Min, russo, cujos
traços biográficos são os seguintes:
Nasceu em Moscou aos 22/01/1935,
de família israelita. Foi batizado clandestinamente com sua mãe na comunidade
ortodoxa, tendo oito meses de idade. Foi excluído da Universidade por causa de
sua fé cristã. Continuou, porém, a estudar e foi ordenado presbítero.
Durante vinte e cinco anos
acompanhou a nova geração de jovens soviéticos, procurando apontar-lhes o
sentido da vida. Levou centenas de jovens a descobrir Cristo e a Igreja.
Escreveu algumas obras que abordam aspectos da fé e da vida no mundo atual e
que circulavam em samizdat (clandestinamente) por toda a URSS. Foi submetido a
interrogatórios múltiplos por parte da KGB, que lhe propôs sair da URSS, sem
que Alexandre o aceitasse.
A partir de 1988, aparece ª Min
projetado no cenário público. Exerce grande influência e parece chamado a
desenvolver papel mais amplo no surto religioso da Rússia pós-soviética. Foi
isto, sem dúvida, que provocou o seu bárbaro assassinato a golpes de machado
aos 9/09/1990. Todavia a obra por ele iniciada foi assumida e levada adiante
por seus filhos e filhas espirituais.
Possa o testemunho de tantos
mártires do século XX lembrar aos cristãos da atualidade que pertencem a uma
família de heróis, que, aliás, tem suas origens no século I e deve continuar a
ser valente e nobre passando pela geração contemporânea!
¹ Os ortodoxos são cristãos que
se separaram da Santa Sé de Roma em 1054 por motivos disciplinares e culturais
mais do que por razões teológicas. Professam quase o mesmo Credo que os
católicos. Têm a sucessão apostólica, o sacerdócio e a Eucaristia válidos.
D. Estevão Bettencourt, osb
Revista: “PERGUNTE E RESPONDEREMOS”
Nº 456, Ano 2000, Pág. 194.
Fonte: https://cleofas.com.br/
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