Quando Deus nos criou não
existíamos, Ele nos amou primeiro sem nenhum mérito nosso. E assim continua,
porque Ele é Deus!
Padre Cesar
Augusto, SJ - Vatican News
Mais uma
vez a liturgia nos corrige quando dizemos que aquelas coisas boas que nos
acontecem ou com os nossos amigos, são consequências dos méritos a que fizemos
jus. Do mesmo modo, quando ocorre algum acontecimento infausto, perguntamos o
que fizemos para recebermos tal castigo. Por outro lado, se isso acontece com
alguém que não nos é simpático, comentamos que essa pessoa deve ter aprontado
e, por isso, recebe essa punição.
Toda essa
maneira de pensar está errada e não é cristã. O Cristianismo trabalha com a
gratuidade, isto é, com a ação de Deus, e Deus é Pai, é Amor. Deus nos ama não
por aquilo de bom que fizemos e nem nos deixa de amar pelas coisas erradas que
praticamos. O Amor ama por amar e, mesmo vendo nossas culpas, continua nos amando.
Essa é a grande eterna verdade. Somos amados gratuitamente por Deus!
Quando Deus
nos criou não existíamos, Ele nos amou primeiro sem nenhum mérito nosso. E
assim continua, porque Ele é Deus!
Isso nos
diz Isaías na primeira leitura: “Meus pensamentos não são como vossos
pensamentos e meus caminhos não são como os vossos caminhos, diz o Senhor!” (Is
55, 8)
Essa idéia
é retomada e referendada por Jesus com a parábola do patrão generoso. O patrão
dá a mesma quantia como pagamento tanto aos que começaram pela manhã, quanto
aos que foram contratados no final do dia. Ao ouvir as reclamações dos que se
achavam mais cheios de méritos que outros, ele responde: “Por acaso não tenho o
direito de fazer o que quero com aquilo que me pertence? Ou estás com inveja,
porque estou sendo bom?” (Mt 20,15)
A justiça
do Reino de Deus é dar a cada um o que precisa para viver e viver
abundantemente, ainda nesta terra.
Não faz
parte da justiça de Deus a realidade na qual alguns que não trabalham tanto
ganham quantias enormes, e outros que trabalham muito como empregadas
domésticas, como professores de escola média, e como outros profissionais
ganham insuficiente para uma vida decente.
Todos são filhos de Deus e a igualdade deve acontecer já nesta vida, e não apenas na outra. O amor deverá superar todas as desigualdades e fazer justiça a todos, isto é, todos deverão ter o necessário para uma vida tranquila com direito ao que precisam. Está errado e não é justo alguns terem tanto e outros, nem o necessário para sobreviver.
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt
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