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segunda-feira, 18 de setembro de 2023

Santa Sofia e o caos na Turquia: basílica e terremoto históricos

Caos na Turquia (Guadium Press)

Onde se localizou, de fato, o epicentro do terremoto da Turquia? Recentemente, no dia 30 de janeiro, Erdogán, presidente turco, exaltava um “Segundo Conquistador” com palavras um tanto ameaçadoras e polêmicas.

Redação (17/02/2023 11:46, Gaudium Press) É realmente uma tristeza a situação pela qual estão passando a Turquia e a Síria, após o terrível terremoto do dia 6 deste mês.

Segundo especialistas, o que se deu, na verdade, foi um doblete: um terremoto de tamanho similar que ocorre em lugar e tempo similares. O primeiro sismo, de magnitude 7.8, ocorreu às 4:17 em horário local, e o segundo se deu quase nove horas depois, com magnitude 7.7. Os dobletes não são tão inusuais, mas este parece sem precedentes, sobretudo pelas inúmeras réplicas de tremores – mais de trinta no mesmo dia – e por ter sido acompanhado de chuvas intensas e importantes nevadas em algumas zonas do país: uma forte borrasca invernal.

Por enquanto, há mais de 40.000 mortos e 82.000 pessoas feridas, sendo a Turquia o país mais atingido. Segundo relatou o bispo de Alepo, Mons. Antoine Audo, “a situação é apocalíptica”.

Isto nos faz lembrar um grande tremor de terra que houve na Antioquia, no ano de 528, durante o qual os cristãos escreviam frases como estas nas paredes das casas: “Iesus nobiscum et nemo loco moveatur” e “Christus nobiscum, state”.[1]

É muito oportuno rezarmos pelas vítimas do recente terremoto, mas confiemos: como tudo o que acontece conosco, certamente há um desígnio de Deus por trás de tanto sofrimento.

Santa Sofia, maravilhoso templo

Há dois outros fatos ocorridos também na Turquia, que merecem nossa atenção.

No dia 24 de julho de 2020, por desejo expresso de Erdogán, presidente da Turquia, a célebre e histórica Basílica de Santa Sofia, por muito tempo pertencente aos cristãos, foi reconvertida em mesquita, o que foi visto por muitos – inclusive pelo papa – como uma discriminação aos cristãos da Turquia.

Recentemente, no dia 30 de janeiro deste ano, em um evento que se deu na capital da Turquia, o presidente turco exaltava um suposto “novo conquistador” com palavras que recendiam, ao menos na aparência, uma não pequena antipatia ao tão cordato povo cristão.

Erdogán jubilava-se ao celebrar o fato ocorrido a 24 de julho de 2020. Eis alguns de seus dizeres:

“Santa Sofia, maravilhoso templo! Não te preocupes, os netos de Mahoma, o Conquistador, derrubarão todos os ídolos e voltarão a converter-te em uma mesquita […]; isto acontecerá, os dias estão próximos, talvez mais perto do que amanhã […], somos dignos de alcançar este amanhã. Escutaste o poema e disse que se abriria. Santa Sofia… Está aberta Santa Sofia? Deus nos fez dignos […]”.

Ora, quem fala de “conquistador”, fala de conquista; quem fala de conquista, fala de guerra; quem fala de guerra, fala de inimigos.

Ora, a quem Erdogán e os turcos consideram como inimigos? Aos que, outrora, guardaram com tanto carinho Santa Sofia, santificaram-na com suas orações, ornamentaram-na com piedosas imagens? Não sabemos. Mas se a resposta for afirmativa, podemos nos perguntar se o epicentro do terremoto da semana passada foi mesmo perto de Gaziantep, como afirmam os geólogos, ou se teve lugar, antes, na referida basílica.

Quem o saberá? Somente Deus. Mas o amanhã, de que falou Erdogán, talvez no-lo venha a revelar.

Por Horácio Cruz


[1] Do latim: “Jesus está conosco: ninguém se moverá” e “Cristo está conosco, ficai parados”. Cf. REZENDE, Arthur. Dicionários Garnier: Frases e curiosidades latinas. Belo Horizonte: Garnier, 2001, v. 4, p. 347.

Fonte: https://gaudiumpress.org/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF