Translate

domingo, 24 de setembro de 2023

São Geraldo

São Geraldo (A12)

24 de setembro

São Geraldo

Geraldo (Gerardo) nasceu em Veneza, Itália, no ano 980. Estudou numa escola da Ordem Beneditina, recebendo ótima formação espiritual e acadêmica. Cedo entrou para esta Ordem e completou os estudos superiores na Universidade de Bolonha. Monge exemplar no claustro veneziano de São Jorge, foi eleito abade ainda jovem.

Com o desejo de estudar com mais profundidade a Bíblia, renunciou ao cargo de abade para poder viajar à Terra Santa. A caminho, seguiu pelo rio Danúbio, passando pela Hungria, e ali o rei Estêvão, futuro santo, insistiu para que permanecesse no país, a fim de ajudar na sua evangelização e na educação do seu filho, o príncipe Emeric.

Geraldo renunciou também nesta ocasião, trocando seu projeto particular em favor de uma obra para o bem dos irmãos. Aceitou ser preceptor do príncipe e aconselhou o rei em várias questões espirituais e terrenas, e quis se preparar para sua missão evangelizadora no país depois de um período de retiro solitário na Selva Bacónia, aonde teria preferido ficar. Mas com o falecimento do bispo local, e obedecendo à Santa Sé, foi nomeado e assumiu a organização da nova diocese de Csanád, numa região de população quase totalmente pagã. Dedicou incessantemente sua nova tarefa à Onipotência Suplicante da Virgem Maria.

Acompanhado de 12 beneditinos, escolhidos dos mosteiros húngaros que começavam a dar frutos, erigiu em Csanád a catedral, a igreja do claustro em honra de Maria Virgem e uma escola de formação para os futuros sacerdotes e monges. A diretriz que usou foi, a partir da sua própria experiência pessoal e vocação monacal, especificamente beneditina, que tem por mote Ora et Labora, “Reza e Trabalha”, desenvolver a presença de Cristo na alma de cada fiel, para que a Igreja, comunidade destes mesmos fiéis, cresça a partir de dentro, da comunhão e qualidade desta união interior com o Senhor: assim cada membro do Corpo Místico coopera coerentemente no Espírito que une a todos eles, em benefício de todo o Corpo.

Este impulso inicial de levar Jesus a todos cabe particularmente àqueles que foram chamados para o clero, e Geraldo, como bispo, não fugiu ou delegou a responsabilidade de pelo exemplo e pela palavra dar a conhecer a Boa Nova ao povo. E a prática deste anúncio, o fez através do mais perfeito dos meios, a caridade. Portanto, além de evangelizar os nobres, deu especial atenção aos mais necessitados, pobres e doentes, pelos quais tinha especial amor. Recebia os leprosos na sua residência, partilhando da sua mesa, e tratava pessoalmente das suas feridas. Quando necessário, fazia-os repousar na sua própria cama e dormia no chão.

Deu grande atenção à renovação litúrgica, de modo a ressaltar a alegria sacramental. Escreveu várias obras sobre temas teológicos e sobre a Sagrada Escritura. Quanto a si mesmo, dominava-se com árduas penitências; várias vezes saía à noite, para cortar lenha na floresta, como mortificação do corpo. Os seus esforços missionários obtiveram ótimo resultado, e foram fundamentais para sedimentar a Hungria como nação católica.

Geraldo era admirado e amado pelos fiéis, mas havia membros da corte, refratários à Fé, que se tornaram seus inimigos. Com a morte do rei Estêvão em 1038, iniciaram-se as lutas pelo poder, uma vez que o herdeiro natural, príncipe Emeric, havia falecido prematuramente. Geraldo se recusou a coroar o pretendente Avon como rei magiar, por ter sido responsável pela morte de muitos inocentes, e quando da cerimônia de coroação na igreja, o bispo se levantou e denunciou publicamente os seus crimes; profetizou também a sua morte, violenta, que aconteceu três anos depois.

Neste ambiente instável, as animosidades contra Geraldo foram incitadas, enquanto ele procurava de modo pacífico garantir a correta sucessão régia. Partiu da cidade de Székesfehérvár para a de Buda, a fim de receber pessoalmente Endre (André), filho do primo (Basílio) de Estêvão, o legítimo futuro rei. No caminho, foi surpreendido e atacado por pagãos revoltosos, que o apedrejaram e o trespassaram com uma lança. Tornou-se assim o primeiro mártir da Hungria, em 24 de setembro de 1046.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

É rico, em qualidade e quantidade, o testemunho – acepção original de “martírio” – que nos dá São Geraldo. Independentemente das vocações particulares, podemos segui-lo nos fundamentos dos três aspectos que ele viveu e que são típicos da vida católica: a oração e o trabalho (“monge”), o apostolado (“missionário”) e entrega total a Deus, por amor (“mártir”). Na oração e trabalho, vem primeiro o cuidado da própria alma, a busca da comunhão com Deus na oração, crescimento espiritual necessário para a santificação de toda e qualquer atividade que se faça. O apostolado, a missão de levar o Evangelho, é intrínseca a todo batizado, e é exercido não apenas em terras distantes, mas na verdade, obrigatoriamente, no ambiente em que estamos e vivemos normalmente. A entrega total a Deus por amor se traduz, na maioria das vezes, simplesmente na caridade verdadeira, capaz de conquistar o irmão para o Senhor pela bondade. Além desse “plano geral”, a vida de São Geraldo mostra como devemos ter devoção e confiança em Nossa Senhora, a importância do cuidado com a Liturgia, a necessidade da formação na Fé, primeiro pessoal, depois pelo ensino ao próximo, a consciência e responsabilidade de assumirmos nossos trabalhos com todo o empenho, e a generosidade de abrirmos mão dos nossos sonhos, mesmo que bons e legítimos, se Deus o pedir para um bem maior. Só Ele sabe aonde nos levarão os caminhos que escolhemos nesta vida… talvez, como São Geraldo, tenhamos motivos corretos para querer chegar a objetivos longínquos, mas nosso serviço seja maior e melhor numa área mais próxima; o fundamental é que, como ele, e neste ponto com certeza e não “talvez”, nos disponhamos a encontrar pessoalmente o que rege de modo legítimo a real nobreza nesta pátria terrestre, e sermos arrebatados a caminho para o encontro face a face com a Realeza da Pátria Celeste. A respeito de nações, é apropriado um comentário de São João Paulo II a respeito da ação de São Geraldo na Hungria*: “Na sociedade moderna, como em qualquer outro tempo, não é acaso bênção ter semelhantes conselheiros e semelhantes preceptores se ocupem do destino do povo, especialmente da educação e da direção da juventude (...)? Para tal espírito ser formado não só na consciência de quantos têm responsabilidade, mas também na consciência de cada membro da Igreja e da sociedade, e se tornar cada vez mais operante, é necessário o conhecimento da doutrina cristã. (…) recordei a importância essencial da catequese para a formação dos cristãos no nosso tempo, isto não só para as crianças e para os jovens, mas também e sobretudo, para as pessoas adultas.” Em adendo, “(…) também nós devemos amar e servir a nossa pátria terrena, a sua cultura e os seus valores, sempre amando e servindo a Deus.” São Geraldo e mais 12, escolhidos por ele, começaram a consolidar a Fé num país; imitemos também este seu último exemplo e façamos o mesmo no Brasil, começando com Cristo e mais 12, escolhidos por Ele. *(cf. https://www.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/letters/1980/documents/hf_jp-ii_let_19800924_millennio-sangerardo.html)

Oração:

Senhor Deus, que destes o testemunho de Vós mesmo a todas as nações, em Cristo, concedei-nos por intercessão de São Geraldo a graça de sempre nos recusarmos a coroar de pecados as nossas vidas, mas como legítimos herdeiros do Céu, não morramos antes de nos lançarmos com perfeição às boas obras. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF