“Retira o sol e onde estaria o
dia? Tira Maria e o que restará, senão a noite mais escura?”; “Lembre-se que
neste mundo te jogam para um mar agitado; você não está caminhando sobre terra
firme. Lembre-se que se não quiser se perder no mar, você deve manter os olhos
fixos na estrela brilhante e chamar Maria”. (São Bernardo de Claraval)
Jackson
Erpen - Cidade do Vaticano
“E assim começamos a rezar a Ela
com algumas expressões que lhe são dirigidas, presentes nos Evangelhos: “cheia
de graça”, “bendita sois vós entre as mulheres”. Em breve, à oração da
Ave-Maria seria acrescentado o título “Theotokos”, “Mãe de Deus”, sancionado
pelo Concílio de Éfeso. E, analogamente ao que acontece no Pai-Nosso, depois do
louvor acrescentamos a súplica: pedimos à Mãe que reze por nós, pecadores, para
que interceda com a sua ternura, “agora e na hora da nossa morte”. Agora, nas
situações concretas da vida, e no momento final, a fim de que nos acompanhe -
como Mãe, como primeira discípula - na passagem para a vida eterna. (Papa
Francisco)”
"Rezar em comunhão com Maria": este foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral de 24 de março de 2021, transmitida da Biblioteca do Palácio Apostólico devido à pandemia. "Maria- reiterou ele - está sempre presente, ao nosso lado, com a sua ternura maternal". E recordava, que "da mediação única de Cristo adquirem significado e valor as outras referências que o cristão encontra para a sua oração e devoção, em primeiro lugar à Virgem Maria, Mãe de Jesus. Ela ocupa um lugar privilegiado na vida e, portanto, também na oração do cristão, porque é a Mãe de Jesus (...). Na iconografia cristã a sua presença está em toda a parte, às vezes até com grande destaque, mas sempre em relação ao Filho e em função d'Ele. As suas mãos, o seu olhar, a sua atitude são um “catecismo” vivo e indicam sempre o âmago, o centro: Jesus. Maria está totalmente voltada para Ele".
Depois de
Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Pe. Gerson Schmidt* nos
propõe hoje uma reflexão sobre "Intercessão de Maria e Papa
Francisco":
"O
Capítulo oitavo da Lumen Gentium é
dedicado a Maria, mergulhada na identidade e missão da Igreja. Nesse capitulo,
em relação à Maria, o documento conciliar usa o termo “multiforme intercessão”.
No número 62 da Lumen Gentium fala dessa intercessão de Maria
Santíssima com as seguintes palavras: “Esta maternidade de Maria na economia da
graça perdura sem interrupção, desde o consentimento, que fielmente deu na
anunciação e que manteve inabalável junto à cruz, até à consumação eterna de
todos os eleitos. De fato, depois de elevada ao céu, não abandonou esta missão
salvadora, mas, com a sua multiforme intercessão, continua a alcançar-nos os
dons da salvação eterna. Cuida, com amor materno, dos irmãos de seu Filho que,
entre perigos e angústias, caminham ainda na terra, até chegarem à pátria
bem-aventurada”. Maria, portanto, continua a alcançar aos seus filhos os dons
da salvação eterna, pelos méritos não dela, mas de seu único Filho Salvador.
O Papa
Francisco, em seu primeiro livro, ensaiando alguns temas de suas encíclicas e
seu Pontificado, escreve assim sobre a Intercessão de Maria, num subtítulo em
que dá esse destaque: “Na cruz, quando Cristo suportava em sua carne o
dramático encontro entre o pecado do mundo e a misericórdia divina, pode ter a
seus pés a presença consoladora da Mãe e do amigo. Naquele momento crucial,
antes de declarar consumada a obra que o Pai lhe havia confiado, Jesus disse à
Maria: “Mulher, eis o teu filho”. E logo a seguir, disse ao amigo bem amado:
“Eis a tua mãe”. Essas palavras de Jesus, no limiar da morte, não exprimem
primeiramente uma terna preocupação com sua mãe; mas são, antes, uma fórmula de
revelação que manifesta uma missão salvadora especial. Jesus nos deixava a Sua
mãe como nossa mãe. Esó depois de fazer isso é que pode sentir que “tudo se
consumara”. Ao pé da cruz, na hora suprema da nova criação, Cristo nos conduz a
Maria; nos conduz a Ela, porque não quer que caminhemos sem uma mãe; e, nesta
imagem materna, o povo lê todos os mistérios do Evangelho. Não é do agrado do
Senhor que falte à sua Igreja o ícone feminino”(p. 108).
Há um fato
bíblico inegável onde vemos claramente a intercessão de Nossa Senhora para que
o primeiro milagre de Cristo acontecesse, ou seja, nas bodas de Caná da
Galileia, onde por intermédio do pedido da mãe, Cristo antecipa a sua hora de
agir transformando água em vinho. O primeiro milagre de Jesus foi realizado
depois de um pedido de Sua mãe. Foi numa festa de casamento e o olhar atento e
feminino de Maria percebeu que o vinho estava no fim (João 2, 1-12). A
princípio Jesus respondeu que sua hora ainda não havia chegado, mesmo assim ela
disse aos que estavam servindo: “Fazei o que Ele vos disser”. Como ela
intercedeu naquelas bodas da festa de um casamento, continua a interceder pela
sua Igreja e por todos os seus filhos, recebidos ao pé da cruz por Jesus que
entregou sua Mãe como Mãe da Igreja e da humanidade inteira. Nas Catacumbas de
São Pedro e São Marcelino há uma pintura de Pedro e Paulo com Maria ao centro
com as mãos erguidas ao céu em oração, sugerindo a intercessão da Mãe pela
Igreja Primitiva, fundada nessas colunas de Pedro e Paulo.
Nas
palavras de São Bernardo de Claraval: “Retira o sol e onde estaria o dia? Tira
Maria e o que restará, senão a noite mais escura?”; “Lembre-se que neste mundo
te jogam para um mar agitado; você não está caminhando sobre terra firme.
Lembre-se que se não quiser se perder no mar, você deve manter os olhos fixos
na estrela brilhante e chamar Maria”. Santo Afonso de Ligório, um grande doutor
da Igreja e conhecido pela sua profunda devoção à Santíssima Mãe, escreveu uma
obra importantíssima: As glórias de Maria. Nela, ele disse:
“Se Assuero salvou os judeus porque amava Ester, como pode Deus, que ama Maria
imensamente, não ouvi-la quando ela ora pelos pecadores que se recomendam a
ela?” Que a resposta a essa pergunta possa fazer questionar a nossa mente e
coração."
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