O Amor que abraça o mundo (A Criação, 2)
Após ter
refletido sobre os relatos da criação, podemos nos perguntar outra vez: em que
sentido é racional falar de criação hoje?
18/12/2017
Para muitas
pessoas, dizer que o amor ocupa um lugar central na realidade é uma ideia bonita
e inspiradora. Mas talvez frequentemente se trate uma convicção nostálgica: o
mundo seria um lugar melhor se todos nos guiássemos por esse princípio. É o que
dizem a si mesmos. A experiência do mal, das injustiças, da imperfeição do
mundo, parecem fazer do amor mais um ideal a que aspirar do
que a base sobre a qual se levanta o próprio edifício da
realidade. “De fato, aos olhos do homem moderno, parece que a questão do amor
não tem nada a ver com a verdade; o amor surge, hoje, como uma experiência ligada,
não à verdade”[1].
“NADA MAIS OCULTO QUE ELE, NADA MAIS PRESENTE;
DIFICILMENTE SE ENCONTRA ONDE ESTÁ, MAIS DIFÍCIL ONDE NÃO ESTÁ (SANTO
AGOSTINHO)
Por
contraste, a fé cristã encontra, na origem do universo, um Amor pessoal e
infinitamente criativo, que chegou ao ponto de entrar ele mesmo, como mais um
em sua criação, para salvá-la. “Eu te amo com amor de eternidade; por isso,
guardo por ti tanta ternura” (Jer 31, 3). Muitas pessoas que
trabalham com entusiasmo para melhorar o mundo reconhecem a grandeza desta
visão da realidade, mas não podem deixar de ver a ideia de um ser pessoal e
eterno – um ser que precede o mundo – como algo que no fundo corresponde a um
modo de pensar “mítico e contrário ao sistema”[2]: uma ideia que não
pertence à estrutura racional que pode ser compartilhada, baseada em nossa
experiência comum do mundo. Depois de ter refletido sobre os relatos da criação
no Gênesis, podemos nos perguntar agora, mais uma vez: é racional
falar de criação hoje?
Onde está
Deus?
É frequente
ouvir, inclusive entre pessoas com fé, a consideração de que, enquanto a
ciência baseia as suas afirmações em provas seguras, a ideia de Deus se
basearia em tradições ou suposições não verificáveis. À primeira vista, parece
difícil contradizer essa ideia. No entanto, se considerarmos que “provas
seguras” significa aqui “evidências empíricas”, compreende-se que essa
segurança tem um alcance limitado pela própria ciência, que deliberadamente se
concentra nos aspectos empíricos e mensuráveis da realidade. Essa decisão
estratégica permitiu à ciência crescer exponencialmente, mas também implica que
seu estudo não pode embarcar toda a realidade, ou pelo menos não pode descartar
que a realidade seja mais ampla. Por outro lado, como toda disciplina – também
a teologia –, a ciência experimental tem pontos de partida que ela mesma não
pode demonstrar. Um deles é a existência da realidade que
estuda, que requer, necessariamente, uma reflexão racional de outro tipo.
Entende-se assim que a revelação cristã não questione o método da ciência nem
seus êxitos evidentes: na realidade, precede esta metodologia e lhe abre
horizontes mais amplos.
É verdade
que o modo peculiar com que Deus se faz presente no mundo, às vezes, pode
fazê-lo parecer um grande ausente. Santo Agostinho escrevia: “Nada mais oculto
que ele, nada mais presente; dificilmente se encontra onde está, mais difícil
onde não está”[3]. Esse paradoxo, este
cruzamento de sim e não, que parece um curto-circuito, fala pelo contrário da
necessidade de abrir a racionalidade a outro nível[4]. Deus não é uma
realidade como outras neste mundo, nem intervém necessariamente nos processos
naturais verificáveis empiricamente. Deus atua em um nível muito mais profundo,
sustentando o próprio ser das coisas, fazendo que as coisas sejam.
Ao falar Dele, inclusive para negar sua existência, a linguagem vai sempre além
do âmbito de rigor da ciência experimental, e se insere em uma linguagem
distinta, que a própria ciência pressupõe, e que tem também um rigor próprio: a
linguagem filosófica ou metafísica. Por isso, o deus que fosse obrigado a
revelar-se através de instrumentos de observação científica não seria o
verdadeiro Deus, mas uma caricatura d’Ele. E o verdadeiro Deus não interfere na
ciência, porque está num nível de realidade anterior à própria ciência. Deus
não cabe nas leis da física, porque é melhor dizer que as leis da física é que
“cabem” n’Ele[5].
UMA CIÊNCIA SEM DEUS NÃO LIBERTARIA O MUNDO DOS
MITOS, PORQUE SEMPRE FICARIAM, INEVITAVELMENTE, FENDAS QUE SERIAM PREENCHIDAS
COM OUTRAS EXPLICAÇÕES
A
contribuição da ciência foi decisiva para tornar o homem consciente da grandeza
do universo, da sua evolução dinâmica; para compreender as suas leis, assim
como a trajetória evolutiva, que forma uma espécie de pré-história biológica da
aparição do homo sapiens sobre a terra. Entretanto, a ciência
não pode explicar completamente a origem do universo, porque este evento não
entrelaça dois “estados” da mesma realidade. Explicar a “lei” com a qual se
passou do nada à primeira forma embrionária do universo está
fora das possibilidades da ciência, porque o nada não pode ter
uma representação científica. Toda teoria cosmológica assume uma estrutura
espaço-temporal como ponto de partida; e o nada em sentido radical, ou seja,
o não ser, fica fora dessa estrutura: o limiar que separa o ser o
nada é metafísico[6]. Entende-se, por isso, que o diálogo entre a ciência e a
teologia não só é desejável mas também necessário, e que requer a mediação da
filosofia, no papel de interlocutor capaz de compreender o alcance e as
possibilidades de ambas as disciplinas, mais que como um árbitro para pôr paz
entre partes em litígio.
No coração
do real
Mesmo que
se aproxime da origem do universo, pois, a ciência fica sempre do lado
de cá da realidade, dentro do ser. Há muitos cientistas que, ao identificar
esse limiar, percebem a necessidade de empreender uma reflexão filosófica, a
partir da qual é possível chegar a compreender a necessidade de um Criador na
origem do universo. “A própria formosura da criação é, sem dúvida, um grande
livro. Contempla, olha, lê sua parte superior e inferior. Deus não fez letras
de tinta, mediante as quais pudesses conhecê-lO: pôs diante dos teus olhos
essas coisas que fez. Por que buscas uma voz mais potente? A ti clamam o céu e
a terra: ‘Deus me fez’”[7].
No entanto,
a própria filosofia encontra perguntas limite: por que existe o ser e não o
nada? Por que existo? Nesse sentido, a fé cristã contribui com “uma nova imagem
de Deus, mais elevada do que a que poderia ser forjada ou pensada pela razão
filosófica. Mas a fé não contradiz a doutrina filosófica de Deus; (...) a fé
cristã em Deus aceita em si a doutrina filosófica sobre Deus e a consuma.”[8] Diante da pergunta
sobre o porquê, o sentido último da existência – pergunta que se torna decisiva
para todos em algum momento da vida –, faz-se o silêncio. Então a fé cristã se
levanta, e responde sinceramente: Deus estava aí antes do mundo, pensou nele, e
o criou com amor.
Essa
simples afirmação produz, na realidade, o contrário do que, às vezes, é
atribuído à noção de criação: desmistifica o universo. Compreender o mundo como
criação de Deus é “a ‘Iluminação decisiva da história (...), a ruptura com os
temores que tinham reprimido os homens. Significa a libertação do Universo pela
razão, o reconhecimento da sua racionalidade e de sua liberdade”[9]. Mesmo que a ciência
seja capaz de ler uma parte importante da lógica interna da natureza, uma
ciência sem Deus não libertaria o mundo dos mitos, porque sempre ficariam,
inevitavelmente, fendas que seriam preenchidas com outras explicações[10]. Não é possível, pela
autolimitação da ciência ao empírico, que ela própria cubra algum dia todas
essas fendas. E o homem não deixará de se perguntar por elas, porque o próprio
ato de fazê-lo – como o próprio exercício da ciência – mostra que o ser humano
transcende o nível empírico. O espírito humano, que se manifesta entre outras
coisas no fato de que cada um de nós percebe sua identidade diante do mundo, no
fato de nos perguntarmos por essas fendas, e inclusive no fato de que alguém
possa considerar estúpido perguntar-se por elas… Tudo isso manifesta, mesmo do
ponto de vista meramente filosófico, que nós mesmos – apesar de ser um
microcosmos, que compartilha com o universos seus mesmos elementos – somos algo
mais que simples mundo.
A liberdade
pessoal e a autoconsciência, pelas quais uma pessoa percebe que é distinta do
mundo, são por isso também grandes fendas através das quais o homem pode
vislumbrar a transcendência: falam do Deus pessoal que é ainda mais
radicalmente distinto do mundo, e que o cria livremente. E vice-versa, no
reconhecimento de que a realidade tem sua origem nessa Liberdade criadora se
joga o próprio reconhecimento da liberdade humana, e, portanto, da dignidade de
cada pessoa[11]. Este é um dos
sentidos fundamentais nos quais o Gênesis diz que “Deus criou
o homem à sua imagem” (Gn 1,27): nós mesmos somos um espelho no
qual se pode vislumbrar a Deus. Por isso o Bem-Aventurado John Henry Newman
identificava na consciência “nosso grande mestre interior de religião”[12], um “princípio de
conexão entre a criatura e o criador”[13].
A fé na
criação, pois, não acrescenta de fora o “mundo do espírito” ao mundo material:
afirma decididamente que Deus abraça inteiramente o universo material. A
intuição poética de Dante o expressou de modo imortal: Deus é “o amor que move
o sol e as outras estrelas”[14]. No coração do real
está Deus, e Deus ama o mundo, e cada um: “aberta sua mão com
a chave do amor, surgiram as criaturas[15]”. Neste sentido um
pensamento recorrente em São Josemaria tem grande profundidade teológica; ao
atuar, costumava dizer, este é “o motivo mais sobrenatural de todos: porque
nos apetece”[16]. A liberdade e o amor,
como a racionalidade do mundo, falam de Deus. Por isso, Santo Agostinho
reconhecia Deus no livro da natureza, encontrava-O também na intimidade de sua
alma: “Eis que estavas dentro de mim, e eu lá fora, a te procurar! (...) Tu me
chamaste, gritaste por mim, e venceste minha surdez. Brilhaste, e teu esplendor
afugentou minha cegueira”[17].
O milagre
do mundo
A realidade
dos milagres corresponde a esta mesma prioridade que a liberdade, o amor e a
sabedoria de Deus têm sobre o mundo. Com seu peculiar estilo paradoxal,
Chesterton dizia: “Quem acredita numa lei natural inalterável não pode
acreditar em nenhum milagre em nenhuma época. Quem crê em uma vontade anterior
às leis, pode crer em qualquer milagre de qualquer época”[18]. Os três Evangelhos
sinóticos falam de um leproso que se aproxima de Jesus, pedindo a sua cura.
Jesus responde: “Quero, sê limpo” (Mt 8, 3). Deus cura àquele homem
porque quer, da mesma forma que criou o mundo, e criou cada pessoa, porque
quer, por amor. Comentando o relato de outro milagre, a cura de um cego, Bento
XVI observava: “Não é por acaso que o comentário conclusivo das pessoas, depois
do milagre, recorda a avaliação da criação no início do Gênesis: ‘Ele fez bem
todas as coisas’ (Mc 7, 37). Na obra curadora de Jesus sobressai de
modo claro a oração, com o seu olhar voltado para o Céu. A força que curou o
surdo-mudo é, sem dúvida, provocada pela compaixão por ele, mas provém do
recurso ao Pai. Encontram-se estas duas relações: a relação humana de compaixão
para com o homem, que entra em relação com Deus, tornando-se assim cura”[19].
VIVEMOS POR MILAGRE: CADA INSTANTE DA NOSSA VIDA
DIÁRIA ACONTECE NO MEIO DO MILAGRE DE UM MUNDO QUE EXISTE POR AMOR
Os
milagres, pois, não são exceções que põem em questão a solidez e a
racionalidade do mundo, mas indicam a própria raiz dessa solidez: manifestam o
verdadeiro milagre, que é a própria existência do Universo e da vida. O
verdadeiro milagre – miraculum, algo diante de que só cabe se
admirar – é a criação de Deus. A abertura da razão a este início dos
inícios não só torna os milagres razoáveis, mas sobretudo torna o
próprio mundo razoável. “A uniformidade e a generalidade das leis naturais
(...) levam a pensar que a natureza se basta a si mesma. E, no entanto, não há
solução de continuidade entre a criação e o acontecimento mais habitual e
banal. O milagre intervém para nos convencermos disso”[20].
Às vezes,
se diz que “vivo por milagre”, para se referir à forma surpreendente como
certos problemas ou perigos são resolvidos. Na realidade, a expressão recolhe
uma verdade radical: cada instante da nossa vida diária acontece no meio do
milagre de um mundo que existe por amor. “Cada um de nós, cada homem e cada
mulher, é um milagre de Deus, é desejado por Ele e conhecido pessoalmente por
Ele”[21]. Como dizia São Paulo
aos que o escutavam no Areópago de Atenas, “nele vivemos, nos movemos e somos”
(At 17, 28). Por isso, “na tradição judaico-cristã, dizer ‘criação’
é mais do que dizer natureza, porque tem a ver com um projeto do amor de Deus,
onde cada criatura tem um valor e um significado”[22].
***
“Eu te
louvo porque me fizeste maravilhoso” (Sl 139,14): a fé na criação
se manifesta em uma atitude de profundo agradecimento. Apesar da dor e do mal
presentes no mundo, a realidade inteira – e especialmente a nossa vida e a dos
que nos rodeiam – aparece como uma promessa de felicidade: “Todos que estais
com sede, vinde buscar água! Quem não tem dinheiro venha também! Comprar para
comer, vinde, comprar sem dinheiro vinho e mel” (Is 55,1). O homem
tem consciência de ser inerme – porque realmente o é –, mas destinatário de uma
generosidade infinita que o chama a viver, e a viver para sempre. Santo Irineu
sintetizou esta ideia em uma máxima célebre: “A glória de Deus é o homem vivo,
e a vida do homem é a visão de Deus”[23]. Com este modo de ver,
a vida não é uma simples luta pelo sucesso ou pela sobrevivência, nem sequer em
condições extremas: é espaço para agradecimento, para a adoração, na qual o
homem encontra seu verdadeiro descanso[24]. “Como é maravilhosa a
certeza de que a vida de cada pessoa não se perde num caos desesperador, num
mundo regido pelo puro acaso ou por ciclos que se repetem sem sentido! O
Criador pode dizer a cada um de nós: ‘Antes de te haver formado no ventre
materno, Eu já te conhecia’ (Jr 1, 5). Fomos concebidos no coração
de Deus e, por isso, ‘cada um de nós é o fruto de um pensamento de Deus. Cada
um de nós é querido, cada um de nós é amado, cada um é necessário’”[25].
Marco
Vanzini / Carlos Ayxelá
Leituras
para aprofundar
Catecismo
da Igraja Católica, nn. 279-324.
Francisco,
Enc. Laudato si’, capítulo II, “O Evangelho a criação” (nn. 62-100)
Bento
XVI, Audiência, 6-II-2013; Audiência, 9-XI-2005
– Homilia na Vigília Pascal, 23-IV-2011; Homilia na Vigília Pascal, 7-IV-2012.
– Mensagem aoMeetingde Rimini, 10-VIII-2012.
– Discurso na Pontifícia Academia das Ciências,
31-X-2008.
– Discursona Universidade de Regensburg, 12-IX-2006.
Juan Pablo
II, Catequese sobre a criação, 8-I-1986 – 23-IV-1986.
– Memória
e identidade, Planeta, Barcelona 2005.
Artigas,
M.; Turbón, D. Origen del hombre. Ciencia, filosofía y religión,
Eunsa, Pamplona 2007.
Chesterton,
G. K. Santo Tomás de Aquino, Ecclesiae, Madrid 2015 (On Saint
Thomas Aquinas).
Guardini,
R. El principio de las cosas: Meditaciones sobre los tres primeros
capítulos del Génesis, publicado em Meditaciones Teológicas,
Cristiandad, Madrid, 1965, 13-113. (Der Anfang der Dinge [Meditationen über
Genesis, Kapitel 1-3]).
– “El ojo y
el conocimiento religioso”, em Los sentidos y el conocimiento religioso,
Cristiandad, Madrid, 1965, 21-48. (“Das Auge und die religiöse Erkenntnis”).
– La
aceptación de sí mismo. Lumen, Buenos Aires 2016; Cristiandad, Madrid 1962
(Die Annahme seiner selbst).
Kehl, M.La
creación, Sal Terrae, Bilbao 2011 (Schöpfung: Warum es uns gibt).
Marmelada,
C.; Palafox, E.; Llano, A. En busca de nuestros orígenes. Biología y
trascendencia del hombre a la luz de los últimos descubrimientos, Rialp,
Madrid 2017.
Maspero,
G.; O’Callaghan, P. Creatore perché Padre. Introduzione all’ontologia
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la conferencia Consecuencias de la fe en la creación], Edicep, Valencia 2008 (Im
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unserer Zeit).
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Tanzella-Nitti,
G. Creation,
en Tanzella-Nitti, G. y Strumia, A. (eds.), Interdisciplinary
Encyclopedia of Religion and Science, www.inters.org.
[1] Francisco,
Enc. Lumen Fidei (29-VI-2013), 27.
[2] J. Ratzinger, La
fiesta de la fe, Desclée, Bilbao 1999, 25.
[3] Santo
Agostinho, De quantitate animae (A grandeza da alma), 34, 77.
[4] É neste sentido
que Bento XVI falou da “valentia para se abrir à amplitude da razão” (Discurso
na Universidade de Ratisbona, 12-IX-2006).
[5] “Albert Einstein
disse que nas leis da natureza ‘se revela uma razão tão superior que toda a
racionalidade do pensamento e dos ordenamentos humanos em comparação é um
reflexo absolutamente insignificante’ (...). Portanto, um primeiro caminho que
leva à descoberta de Deus é a contemplação da criação com um olhar atento.”
(Bento XVI, Audiência, 14-XI-2012).
[6] Nesse sentido, São
Tomás de Aquino explica que para tirar o ser do nada é necessária uma “potência
infinita” (cfr. Summa Theologica I, q. 45,5, ad 3): uma
capacidade que não pode ser comunicada a nenhuma criatura, precisamente porque
– como podemos perceber em nossa própria existência – as criaturas são
contingentes, ou seja, poderiam nunca ter sido (Summa Theologica I,
q. 104,1).
[7] Santo
Agostinho, Sermão 68, 6.
[8] J.
Ratzinger, Der Gott des Glaubens und der Gott der Philosophen (O
Deus da fé e o Deus dos filósofos).
[9] J.
Ratzinger, Creación y pecado, Eunsa, Pamplona 2005, 37.
[10] Muitos cientistas
pensam assim; basta mencionar Einstein, que, com uma ideia peculiar de Deus
chegou a dizer que “a ciência sem a religião está coxa; a religião sem a
ciência é cega” (Pensieri, idee, opinioni [1934-1950], Newton Compton,
Roma 1996, p. 29); e Georges Lemaître, sacerdote e físico, que pôs as bases do
mais adiante se chamaria, a princípio com ironia, e depois mais seriamente,
o Big Bang.
[11] Cfr. J.
Ratzinger, A festa da fé, 25-26: “Se, partindo da realidade, a
personalidade não é possível ou não existe, tampouco pode existir em lugar
algum. A liberdade ou é possível partindo da realidade ou não existe”.
[12] Bem-Aventurado
John Henry Newman, An Essay in Aid of a Grammar of Assent, Longmans
Green and Co, Londres 1903, 389.
[13] Ibidem,
117.
[14] «L’amor che move
il sole e l’altre stelle» (Dante, Commedia. Paradiso, XXXIII, 145).
[15] São Tomás de
Aquino, Commentum in secundum librum Sententiarum, Prologus (citado
em Catecismo da Iglesia Católica, 293).
[16] São
Josemaria, É Cristo que passa, 184.
[17] Santo
Agostinho, Confissões, X, 27, 38.
[18] G. K. Chesterton, Ortodoxia,
São Paulo, 2008.
[19] Bento XVI,
Audiência geral, 14-XII-2011.
[20] J. Guitton, Le
temps et l’éternité chez Plotin et saint Augustin, Aubier, Paris 1955,
176-177.
[21] Bento XVI,
Audiência geral, 23-V-2012.
[22] Francisco, Laudato
si’, 76.
[23] Santo
Irineu, Adversus haereses, 4, 20, 7 (citado em Catecismo da
Igreja Católica, 294).
[24] Cfr. Catecismo
da Igreja Católica, 347. Criação, milagre, adoração, agradecimento… Não é
coincidência que esses motivos convirjam no mistério eucarístico: “A Eucaristia
une o céu e a terra, abraça e penetra toda a criação. O mundo, saído das mãos
de Deus, volta a Ele em feliz e plena adoração” (Francisco, Laudato si’,
236).
[25] Francisco,Laudato si’, 65; cfr. Bento XVI, Homilia no solene início do ministério petrino (24-IV-2005).
Fonte: https://opusdei.org/pt-br
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