Discurso do Santo Padre à
Confraria de Nossa Senhora de Montserrat, por ocasião do 800º aniversário de
fundação.
Silvonei
José, Manoel Tavares – Vatican News
O Papa
Francisco recebeu, na manhã deste sábado, 7, no Pátio São Dâmaso do Vaticano,
cerca de 800 membros da Confraria de Nossa Senhora de Montserrat, por ocasião
dos seus 800 anos de fundação.
Em sua
saudação aos numerosos presentes, o Santo Padre expressou sua satisfação por
esta peregrinação realizar-se no dia da festa da nossa Mãe celeste, sob o
título de Nossa Senhora do Rosário: “Celebrar Maria é celebrar a proximidade e
a ternura de Deus, no meio de seu povo, que não nos deixa sozinhos, mas que nos
deu uma Mãe, que cuida de nós e nos acompanha”. E o Papa acrescentou:
“Vocês
vieram a Roma como peregrinos para celebrar e dar graças ao Senhor por esta
presença tão próxima de Maria, que, há 800 anos, os acompanha no caminho da
vida cristã. Invoquemos a imagem da Virgem de Montserrat, a Virgem morena ou
“Moreninha”, sentada, segurando o Menino nos braços. A Mãe de Deus traz, em sua
mão direita, uma esfera, que representa o universo. Logo, ela é a “Rainha e
Senhora de toda a criação”.
A dupla
vocação de Maria de ser Mãe de Deus e nossa Mãe, disse o Papa, ajuda-nos a
refletir sobre o lema que vocês escolheram para esta peregrinação: “Piedade
popular, amizade social e fraternidade universal”. E explicou: “Sabemos que
a devoção mariana é muito significativa nas manifestações de piedade do
santo povo fiel de Deus”.
Nestes 800
anos da presença mariana em Montserrat, exclamou Francisco, quantos fiéis
visitaram seu santuário, rezaram o rosário e pediram à Moreninha, com humildade
e simplicidade, sua intercessão por si e por seus entes queridos! Quantas
expressões de carinho filial, de súplicas e ações de graças!
Quando o
Povo de Deus vai visitar sua Mãe, - continuou o Papa improvisando – “ele se
expressa, se expressa de uma forma que talvez não faça tanto em outros tipos de
oração. Diante da Mãe, os sentimentos mais nobres de uma pessoa são
despertados. E quando Maria ouve nossas orações, ela faz esse gesto, que é o
gesto mais mariano”. Ela aponta para Jesus: "Façam tudo o que ele lhes
disser". Esse é o típico gesto mariano. Não, ela não faz assim. Ele não
faz assim, não. Ela aponta o caminho e fala com seu Filho para que ele entenda.
E acrescentou:
“A força
evangelizadora da piedade popular cria condições favoráveis para aumentar e
fortalecer os laços de amizade e fraternidade entre os povos. Neste sentido, a
devoção mariana tem um lugar privilegiado: Maria, nossa advogada, é mediadora
nos conflitos e problemas, como aconteceu nas Bodas de Caná. Ela nos ajuda a
‘desatar os nós’, que surgem em nós e entre nós”.
Isso
significa, afirmou ainda Francisco, que Maria também abre o caminho da amizade
entre os povos e nos convida a voltar o olhar para as origens e meta da nossa
existência, “Jesus Cristo”. Ela nos encoraja a seguir o seu exemplo, trilhando
os caminhos da paz, da bondade, da escuta e do diálogo paciente e confiante. E
o Papa concluiu:
“Queridos
irmãos e irmãs. A Virgem de Montserrat, com o globo nas mãos, nos convida a
viver esta fraternidade universal, sem fronteiras e sem exclusões, que dissipa
as trevas de um ambiente fechado. Ela zelou não apenas de Jesus, mas também de
todos os seus descendentes. Com a força do Ressuscitado, ela contribui para a
construção de um mundo novo, onde todos sejam irmãos, onde cada excluído tenha
seu lugar nas nossas sociedades e onde brilhem a justiça e a paz”.
Para ela –
disse ainda o Papa - "não há descarte, ela é a Mãe dos
descartados, daqueles que descartamos, porque ela vai até lá buscá-los. Ela não
conhece a atitude de descartar ninguém. E, por ser Mãe, sabe ouvir tantas
coisas, tantos pedidos, mesmo quando vêm de um coração duplo, de um coração que
não é coerente consigo mesmo, um coração injusto que faz mal. Ela ouve, ouve os
pedidos, ouve os pedidos, ouve os pedidos. Ela ouve, ouve também o filho
criminoso".
Ao se despedir do numeroso grupo de peregrinos da Confraria, Francisco exortou: “Como é bom refletir sobre estes temas e poder viver juntos a alegria de anunciar Jesus, que Maria segura em suas mãos, pois ela é a Mãe do Evangelho vivo e Estrela da nova evangelização. Encorajo-os a continuar esta missão, que é um dom e uma tarefa”.
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt
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