Na abertura dos trabalhos da XVI
Assembleia Geral Ordinária do Sínodo sobre a Sinodalidade, que começou hoje
(04) no Vaticano, o Papa Francisco recordou que “se o Espírito Santo estiver no
comando, será um bom sínodo, e se Ele não estiver, não será”.
Thulio
Fonseca – Vatican News
Na tarde
desta quarta-feira, 04 de outubro, na Sala Paulo VI, no Vaticano, teve inicio a
primeira Congregação Geral da 16ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos
Bispos, com a presença do Papa, que de forma espontânea discursou aos
participantes.
Francisco
iniciou recordando “que foi São Paulo VI quem disse que a Igreja no Ocidente
tinha perdido esta ideia de sinodalidade, e por isso criou o secretariado do
Sínodo dos Bispos, que realizou muitos encontros, muitos sínodos sobre temas
diferentes”.
Ao
discorrer sobre o conceito de sinodalidade, o Santo Padre observou que este
ainda não atingiu pleno amadurecimento e não é amplamente compreendido dentro
da Igreja. No entanto, ele destacou que ao longo de quase seis décadas, a
Igreja tem gradualmente trilhado esse caminho, "e hoje podemos chegar a
este Sínodo com este tema”. De acordo com o Pontífice, esse enfoque surgiu
através dos bispos de todo o mundo. Após o Sínodo da Amazônia, um questionário
foi enviado às dioceses, e a questão da sinodalidade emergiu como um tema
amplamente evidenciado e apoiado pela grande maioria dos bispos.
Não somos um parlamento
“O Sínodo
não é um parlamento, é outra coisa; o Sínodo não é uma reunião de amigos para
resolver algumas questões atuais ou dar opiniões, é outra coisa. Não
esqueçamos, irmãos e irmãs, que o protagonista do Sínodo não somos nós: é o
Espírito Santo”, enfatizou Francisco.
O Papa
então sublinhou a importância da presença do Espírito Santo, que traz harmonia
a comunidade eclesial, e que deve guiar o Sínodo. E em seguida fez um alerta
aos participantes: “se entre nós houver outras formas de avançar pelos
interesses humanos, pessoais, ideológicos, não será um Sínodo, será uma reunião
parlamentar”.
A harmonia do Espirito Santo
“Se neste
Sínodo chegarmos a uma declaração que é tudo igual, sem nuances , o Espírito
não está aqui, ficou do lado de fora” destacou o Santo Padre ao afirmar que
a Igreja é composta de uma única harmonia de vozes que são conduzidas
pelo Espírito Santo: “é assim que devemos conceber a Igreja, cada comunidade
cristã, cada pessoa tem a sua peculiaridade, mas estas particularidades devem
ser incluídas na sinfonia da Igreja, e esta sinfonia é criada somente pelo
Espírito”.
Francisco destacou
ainda que o Espírito Santo nos conduz pela mão e nos consola: “a presença do
Espírito é assim – permitam-me a palavra – quase materna, como uma mãe nos
conduz, nos dá esta consolação. Devemos aprender a ouvir as vozes do Espírito:
são todas diferentes. Aprendamos a discernir”.
Atenção às palavras
Outro
alerta do Papa foi sobre as palavras vazias e mundanas: "a tagarelice é
contrária ao Espírito Santo e é uma doença muito comum entre nós. Palavras
vazias entristecem o Espírito Santo, e se não permitirmos que Ele nos cure
dessa enfermidade, será difícil seguir um caminho sinodal adequado. Pelo menos
aqui: se você discorda do que um bispo, uma freira ou um leigo estão dizendo,
seja franco com eles. Isso é o que significa um Sínodo: falar a verdade, não
ter conversas por baixo da mesa."
“Cuidado com isso: não devemos
ocupar o lugar do Espírito Santo com coisas mundanas, mesmo que sejam boas,
como o bom senso. Isso é útil, mas o Espírito Santo vai além. Devemos aprender
a viver em nossa Igreja com a orientação do Espírito Santo.”
Mensagem aos jornalistas
Francisco
relembrou como a controvérsia e a pressão da mídia se sobrepuseram às
discussões em Sínodos anteriores. "Quando ocorreu o Sínodo sobre a
família, houve uma opinião pública de que a comunhão deveria ser concedida aos
divorciados, e isso influenciou o Sínodo. Quando aconteceu o Sínodo para a
Amazônia, havia pressão e opiniões públicas sobre a ordenação de homens
casados."
Agora",
disse o Papa, "existem algumas suposições sobre este Sínodo: 'O que eles
vão fazer? Talvez permitir o sacerdócio para as mulheres.' Eu não sei, essas
são as coisas que estão sendo ditas lá fora. E essas coisas são ditas com tanta
frequência que os bispos às vezes têm medo de comunicar o que está
acontecendo." Por isso, o Pontífice se dirigiu diretamente aos
"comunicadores", pedindo que desempenhem bem o seu papel, com
integridade e imparcialidade.
“Portanto, peço a vocês,
comunicadores, que cumpram bem o seu papel, com integridade, para que a Igreja
e as pessoas de boa vontade, compreendam que também na Igreja a prioridade é a
escuta. Transmitam essa mensagem, pois é de extrema importância.”
Francisco encerrou seu discurso expressando profunda gratidão a todos que contribuem para este momento de pausa e reflexão, onde a Igreja se dedica à escuta durante o Sínodo, enfatizando que, em sua perspectiva, isso representa o aspecto mais significativo e essencial do processo sinodal.
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt
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