"A liturgia não esgota a
ação da Igreja. A Liturgia é feita para o homem, pois anjos não precisam de
sacramentos".
Jackson
Erpen - Cidade do Vaticano
“Só celebramos e vivemos bem a
liturgia, se permanecermos em atitude orante, e não se quisermos «realizar
algo», fazer-nos ver ou agir, mas se orientarmos o nosso coração para Deus e
estivermos em atitude de oração, unindo-nos ao Mistério de Cristo e ao seu
diálogo de Filho com o Pai. É o próprio Deus que nos ensina a rezar, afirma são
Paulo. Foi Ele mesmo que nos concedeu as palavras adequadas para nos dirigirmos
a Ele, palavras que encontramos no Saltério, nas grandiosas preces da sagrada
liturgia e na própria Celebração eucarística. Oremos ao Senhor para estarmos
cada dia mais conscientes de que a Liturgia é obra de Deus e do homem; oração
que brota do Espírito Santo e de nós, inteiramente dirigida para o Pai, em
união com o Filho de Deus que se fez homem. (Bento XVI)”
Bento XVI,
na catequese da Audiência Geral
de 26 de setembro de 2012, referiu-se à liturgia
como "«espaço» precioso, mais uma «fonte» inestimável para crescer na
oração, uma nascente de água viva em relação estreitíssima com a precedente
(...), um âmbito privilegiado no qual Deus fala a cada um de nós, aqui e agora,
e espera a nossa resposta".
No programa
de hoje deste nosso espaço, Pe. Gerson Schmidt* nos traz a
segunda parte da reflexão "Dimensão antropológica do rito litúrgico":
"Estamos
aprofundando a dimensão Antropológica do Rito, dos sacramentos, da liturgia. O
professor gaúcho da PUCRS Dr. Frei Luiz Carlos Susin, OFM, ministrou a palestra
sobre “O RITO EM QUE HABITAMOS: DIMENSÕES ANTROPOLÓGICAS DO RITO” no
recente Congresso
Teológico Litúrgico em Porto Alegre. Falamos aqui que a Gaudium et Spes expressa
que “o mistério do ser humano só se torna claro verdadeiramente no mistério do
Verbo Encarnado”. Diz assim o número 22 da GS: “Na realidade, o mistério do
homem só no mistério do Verbo encarnado se esclarece verdadeiramente. Adão, o
primeiro homem, era efetivamente figura do futuro (20), isto é, de Cristo
Senhor. Cristo, novo Adão, na própria revelação do mistério do Pai e do seu
amor, revela o homem a si mesmo e descobre-lhe a sua vocação sublime. Não é por
isso de admirar que as verdades acima ditas tenham n'Ele a sua fonte e n'Ele
atinjam a plenitude”.
A liturgia
é cume, o ponto mais alto da montanha, mas não pode existir o topo sem a
própria montanha, os fundamentos que mantém a própria montanha e faz o cume
estar à vista e exaltado. A liturgia não esgota a ação da Igreja. A Liturgia é
feita para o homem, pois anjos não precisam de sacramentos. O axioma
latino Gratia suponnit naturam - a graça supõe a
natureza, também o cume supõe a montanha. A Sacrosactum
Concilium aponta no número 10 assim: “Contudo, a Liturgia é
simultâneamente a meta para a qual se encaminha a ação da Igreja e a fonte de
onde promana toda a sua força. Na verdade, o trabalho apostólico ordena-se a
conseguir que todos os que se tornaram filhos de Deus pela fé e pelo Batismo se
reúnam em assembleia para louvar a Deus no meio da Igreja, participem no
Sacrifício e comam a Ceia do Senhor”.
Paulo VI,
no encerramento do
Concílio, afirmou que para conhecer o ser humano é necessário
conhecer a Deus. Para reconhecer a Deus é necessário conhecer o ser humano e o
nosso humanismo muda-se em cristianismo e o nosso cristianismo faz-se
teocêntrico, afirmou Frei Carlos Susin. O palestrante afirmou que ritos e
símbolos não podem ser arbitrariamente inventados. Os símbolos não são
inventados, mas eles que nos inventam, nos constituem, nos transformam, nos
unificam”.
*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt
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