detalhe do Repouso na fuga para o Egito, Bartolomé Esteban Murillo (1618-1682), Museu Pushkin, Moscou
Por Revista 30Dias - 11/2008
“A salvação é um gesto simples como um olhar”
Uma seleção de trechos extraídos de livros e entrevistas
“São José é a mais bela figura de homem que possamos
conceber e que o cristianismo já tenha gerado. São José era um homem como todos
os outros, tinha o pecado original, como eu. [...] São José viveu como todo o
mundo; não há registro de uma só palavra sua, nem um traço, nada: mais pobre
que isso, uma figura não pode ser”.
L’attrattiva Gesù, Milão, Rizzoli, 1999, pp. 95-96
“Antes de qualquer outra coisa, portanto, devemos desejar que essa memória se
realize cada vez mais: ‘Todo o que n’Ele tem esta esperança purifica-se a si
mesmo como também Ele é puro’. É preciso que desejemos isso. E o sim de
Simão, que é genérico, geral, invade a totalidade da pessoa de Simão ao se
expressar, mesmo quando todas as expressões dele poderiam ser contraditórias.
Você pode errar sempre; São Pedro podia errar sempre e ser verdadeiro ao dizer:
‘Sim, eu Te amo’. Tanto, que chegamos a comentar: ‘Eu não sei como pode ser
isso, mas eu Te amo’. E em nós surgiria uma objeção logo em seguida: ‘Mas você
já errou tantas vezes, vai errar de novo’. ‘Eu não sei de nada disso. Só sei
que O amo’. É nesse nível que se deve alinhar a nossa vida, ao lado de algo
aparentemente genérico como, em termos realistas, é a relação com o Deus feito
homem, com esse homem-Deus, quando o vemos à noite, no barco que está para
afundar no lago; quando o vemos parar diante da árvore em que Zaqueu está
aninhado; quando o vemos fitar a mulher nos olhos e dizer: ‘Nem eu te condeno,
vai e não erres mais’”.
Si può (veramente?!) vivere così?, Milão, Rizzoli, 1996, p. 431
“‘Sim, Senhor, Tu sabes que és o objeto de minha simpatia suprema, de minha
estima suprema’: é assim que nasce a moralidade. No entanto, a expressão é
muito genérica: ‘Sim, eu Te amo’; mas é tão genérica quanto geradora de uma
diversidade de vida que todos procuramos. ‘Todo o que n’Ele tem esta esperança
purifica-se a si mesmo como também Ele é puro’”.
“Simone, mi ami tu?”, in: Tracce, nº 10, novembro de 1998
“Por isso, diga ‘Te ofereço’ e não se preocupe com mais nada. Mas você sabe
muito bem o que significa esse Te, o Tu que está dentro desse Te;
você sabe muito quem Ele é. São Pedro sabia quem era, mas era genérico o modo
de conceber seu amor: o modo como afirmava amá-lo era genérico. Existe um
genérico que inclui tudo, como um horizonte que implica todas as coisas, e pode
existir um genérico que supõe tudo aquilo que está dentro desse amor porque não
o sabe, mas o afirma (como quando a mãe diz ao filho: ‘Tiaguinho, você me quer
bem?’, e a criança responde: ‘Sim, mamãe’ e lhe estala um beijo!).”
L’attrattiva Gesù, cit., p. 133
“É o sim de Simão. O sim de Simão é o aspecto
mais totalizante: não tem limites. Possui apenas um horizonte, no qual sempre
aparece, sempre está para aparecer o sol. E é a expressão mais terna que o
homem possa conceber. É a forma mais forte com que se impõe e se confessa nossa
necessidade de reconhecer o amor que nos toca. Faço votos de que vocês possam
vir a meditar isso, pensando na situação de todas as existências que conhecem:
todas as existências que vocês conhecem só cedem e dizem ‘sim’ diante da
ternura suscitada por uma força amorosa que se propõe ao coração do eu. É
‘quase um nada’, justamente, a condição para começar a entender tudo.”
L’attrattiva Gesù, cit., p. 116
Fonte: https://www.30giorni.it/
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