"Não vamos esquecer de
tantas crianças que sofrem pela guerra", disse o Papa durante o encontro
com as crianças na Sala Paulo VI, do qual participaram crianças vindas da
Amazônia, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Rosa
Martins - Cidade do Vaticano
Um encontro
com o Papa Francisco na tarde desta segunda-feira, 06 de novembro, na Sala
Paulo VI, no Vaticano, marcou positivamente a vida de 7,5mil crianças vindas
dos mais variados países do mundo. Dentre estas, se destaca uma delegação
brasileira representada por Minas Gerais (Belo Horizonte), Rio de Janeiro e
Amazônia (Pará).
Na
companhia do frei Antônio OFMConv, três crianças entre 7 e 8 anos, viajaram
cerca de 552 km para chegar à cidade de Manaus, AM, e de lá partirem para Roma.
Da favela do Rio de Janeiro, quatro adultos e oito crianças e um grupo de
crianças de Belo Horizonte, MG. Todos eles obtiveram, pela primeira vez a
carteira de identidade e um passaporte.
Brasileirinhas e brasileirinhos falam sobre o encontro com o Papa
Crianças brasileiras na Sala Paulo VI:
“Eu
consegui tocar na mão do Papa”, disse com um sorriso largo de satisfação, a
pequena Lívia Manoela dos Santos Martins, de 6 anos, de Belo Horizonte, MG.
Ana
Carolina Araújo Farias, 15 anos, veio de Belém do Pará junto à mãe e o irmão.
Ela se revela muito feliz por ter visto o Papa de pertinho. “Fiquei muito feliz
por esta experiência nova e inexplicável de poder ficar de frente com o Papa e
poder pegar na mão dele. Muita emoção”, conta.
Para
Isadora Pereira Rodrigues da Silva, que veio de Caxias, RJ, o encontro foi
muito bom. “Eu estava super animada para encontrar com o Papa. Um evento muito
bom. Ele me passa a ideia de ser muito bonzinho”.
Um presépio com traços indígenas é oferecido como presente ao Papa
Um presépio
com traços indígenas foi oferecido ao Papa Francisco pelas crianças da
Amazônia. O presépio foi preparado por artesãos de Icoaraci, Belém, PA, com
argila (barro) dos rios da Amazônia e foi entregue juntamente com um documento
que explica suas origens e confecção. “Em nossa mente veio o presépio como
presente porque estamos nos aproximando do tempo do advento. E o presépio tem
os nossos traços amazônidas, no qual Maria é uma indígena, José um pescador
ribeirinho, os três reis magos também com traços de um artesão, o outro um
batedor de açaí e o terceiro um cantor de carimbó. Os animais que circundam o
presépio são a nossa onça, a arara azul, para lembrar nossa cultura e nossa fé”
explica Cristiane Araújo, secretária do Regional Norte 2, da CNBB.
“Um encontro especial”
A expressão
é do padre Arnaldo Rodrigues, da Arquidiocese do Rio de Janeiro, assessor de
comunicação da CNBB e professor de comunicação da PUC/Rio, um dos coordenadores
da delegação brasileira. Para ele o encontro mostra uma Igreja presente em todo
mundo. Trazer crianças do Brasil e de outras realidades e situações de guerra,
é um sinal de que as crianças têm muito a nos ensinar com sua simplicidade,
modo de ver e resolver as coisas, nos fazem aprender com elas. “Grande parte
das crianças tinham dificuldade com a língua, mas conseguiam interagir com
tranquilidade, brincar, conversar, trocar bandeiras. Elas nos ensinam o sentido
do diálogo e da troca quando os adultos tendem a se dividirem cada vez mais”,
enfatizou.
Para a
secretária executiva da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil), Irmã Irene
Lopes, “após o Sínodo da Sinodalidade, o fato de o Papa estar realizando um
encontro dessa magnitude evidencia o compromisso da Igreja em ouvir e se unir
ao povo, especialmente dando voz a grupos que antes não eram ouvidos e tem
muito a compartilhar conosco como no Sínodo para a Amazônia e agora neste
encontro com as crianças”, disse.
“As
crianças nos ensinam a clareza das relações e o acolhimento espontâneo de quem
é forasteiro e o respeito por toda a Criação”, disse Francisco, ao afirmar que
o objetivo do encontro “é manifestar o sonho de todos de voltar a ter
sentimentos puros como as crianças, porque o Reino de Deus pertence a quem é
como criança”.
Ao se
dirigir a elas, o Papa enfatizou que a presença delas “é um sinal que vai
direto ao coração dos adultos, a voz da inocência que nos interroga e nos faz
pensar e que nos obriga a nos questionarmos, o que estamos fazendo com o nosso
mundo, com o nosso planeta, com a nossa sociedade, que futuro estamos
preparando”.
Após momentos de animação e brincadeiras na Sala Paulo VI, o Papa Francisco se dirigiu ao local para responder as perguntas das crianças. O diálogo trouxe à tona o tema do cuidado com o planeta, estratégias para se viver em paz e a valorização da vida, perdão e amizade.
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt
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