Por Joseph Pearce - publicado em 18/12/23
Às vezes, recebemos muito mais do que merecemos.
Há muitos anos, quando vivia no interior da Inglaterra, experimentei um nascer do sol muito especial, que me pareceu ser um beijo de Deus. Estávamos no meio do verão. Nessa época do ano, na Inglaterra, o sol nasce antes das 5h da manhã e começa a clarear algum tempo antes.
Eu não consegui dormir. A manhã estava apenas começando a surgir. A escuridão deu lugar ao crepúsculo. Decidi levantar-me e cumprimentar o amanhecer.
A casa em que eu morava ficava voltada para os campos. Nem os pássaros ainda tinham se levantado e o coro da madrugada ainda estava para começar. O silêncio aquietou a alma. Nada se agitava, exceto a brisa mais suave cantando suavemente na grama.
À medida que o crepúsculo se transformava na primeira sugestão de luz do dia, olhei para o céu. As poucas nuvens agrupadas no cinza carregado de escuridão da noite tornaram-se rosadas. Era como se o próprio céu estivesse cheio de brasas.
Então, o sol nasceu acima do horizonte. Era um disco de neve pura. Isso me fez lembrar da elevação da hóstia na Santa Missa. Cristo estava ressuscitando com o dia. A ressurreição da luz. Olhei em adoração, não para o sol em si, mas para o Filho que nos dá o sol.
Enquanto eu olhava para o esplendor nevado a olho nu, o disco ficou vermelho e o céu sangrou vermelho em toda a extensão panorâmica dos céus. O Corpo de Cristo foi unido ao Sangue de Cristo! E então o sol ficou dourado e tive que desviar o olhar de sua glória ofuscante. Como se fosse uma deixa, os pássaros começaram a cantar seu coro matinal em louvor ao dia recém-nascido e era possível imaginar os anjos cantando com eles.
Parecia haver apenas uma maneira de agradecer a Deus por esse beijo epifânico de beleza. Destilando a memória ainda fresca em versos, escrevi um poema em agradecimento à glória do presente milagroso que recebi. O poema não é digno de tal bênção, nem eu. Recebemos muito mais do que merecemos. Deus seja louvado!
Fonte: https://pt.aleteia.org/
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