O amor de Deus no mundo
Jesus veio ao mundo para salvá-lo. Depois de
cumprir até o fim a sua missão, passando pela morte e ressurreição, deixou a
Igreja para continuar a obra da salvação de cada pessoa. Para isto, enviou os
Apóstolos: “Ide a todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc
16,15). Esta é, portanto, a missão da Igreja e, também, de cada um de nós que
recebeu o santo Batismo.
Cada cristão deve ser, como
diziam os Padres da Igreja, “alter Christus” (um outro Cristo) que vai pelo
mundo propagando o Evangelho, com a vida e com as palavras. Em cada cristão,
consciente disso, Cristo continua a Sua missão salvífica. Assim, Ele nos deu a
honra e a glória de o ajudarmos a construir o Seu Reino, que também é nosso.
Desfrutará das delícias desse Reino eterno, todo aquele que tiver trabalhado
para construí-lo.
Antes de Jesus partir para a
Casa do Pai, Ele rezou profundamente pelos seus. É a oração sacerdotal de
Jesus, que São João teve a felicidade de captar, naquela noite amarga em que o
Senhor foi traído por Judas, negado por Pedro e abandonado pelos apóstolos.
Antes de sofrer a Paixão, e enfrentar a morte, ele recomendou-nos ao Pai:
“Não peço que os tires do mundo,
mas que os livre do mal. Eles não são do mundo, como eu não sou do mundo” (Jo
17,15-16).
Não somos do mundo, não
pertencemos a este mundo, mas Jesus nos quer vivendo nele, para levá-lo a Deus.
Jesus precisa do cristão na
sociedade, para ser “a luz do mundo e o sal da terra” (Mt 5,13-14). Sem os
cristãos, o mundo não tem luz e não tem saúde moral e espiritual.
Diante de tantas profanações da
pessoa humana, diante de tanta corrupção, diante de tanto roubo, de tanto
crime, de tanta prostituição e pornografia, enfim, diante de tantas trevas, não
é difícil de se concluir que a luz de Cristo ainda brilha muito pouco, mesmo
numa civilização que se diz cristã. Por isso tudo, é urgente evangelizar; é
urgente acender a luz de Cristo, no mundo do trabalho, no mundo da ciência, no
mundo da economia, no mundo das leis, no mundo do comércio…
E esta é exatamente a missão que
o Senhor confiou a cada um de nós leigos, que vivemos no mundo.
O documento do Concilio Vaticano II, sobre os
leigos, Apostolicam Actuositatem, conclama-nos a abraçar a missão de iluminar o
mundo com a luz de Cristo:
“Nosso tempo exige dos leigos um
zelo não menor pois as circunstâncias atuais reclamam deles um apostolado mais
intenso e mais amplo” (AA,1).
“Faz-se porém mister que os
leigos assumam a renovação da ordem temporal como sua função própria” (AA,7).
O santo Concilio, iluminado pelo
Espírito, deixou claro a nossa missão: consagrar o mundo em que vivemos a Deus.
Estabelecer nele as Suas leis, construir nele o Seu Reino. E nesta imensa
tarefa, ninguém está dispensado. Alguém já disse que no Reino de Deus não há
desempregados e nem aposentados. Todos são indispensáveis. Cada um recebeu dons
próprios que os outros não receberam; é mister colocar esses dons a serviço da
construção do Reino de Cristo para a glória do Pai e a salvação dos irmãos.
A mola propulsora de todo este
trabalho há de ser sempre o amor a Deus e aos irmãos. Deus nos deu tudo: a
vida, o ser, o mundo material com todas as suas belezas e riquezas, e nos deu o
Seu Filho Único para sofrer e morrer pela nossa salvação. O que mais poderíamos
pedir a Deus? Nada. Resta-nos agradecer. Mas não apenas com palavras e orações,
mas com o comprometimento de toda a nossa existência no Seu projeto de reunir
de novo todos os homens em Jesus Cristo, pela Igreja.
Cristo veio a nós e deu-nos a
maior prova de amor que alguém poderia dar – deu a Sua vida – a fim de que
pudéssemos voltar para a Casa do Pai, onde a felicidade é eterna. E Ele precisa
agora de cada um para salvar a todos. Então, o nosso agradecimento será
realizado se lhe entregarmos o coração e as mãos.
Jesus ama loucamente cada uma
das suas criaturas humanas, pois cada uma delas é única, irrepetível, criada à
sua imagem e semelhança. Por isso Ele não quer perder nenhuma de suas ovelhas,
por mais fraca que seja. Ele garantiu que há mais alegria no céu por um único
pecador que se converta; mais até por causa de noventa e nove justos que já
fazem penitência (Lc 15). Veja como Ele ama cada um com um amor eterno!
Cada um de nós aqui na terra,
pode fazer acontecer uma festa entre os anjos de Deus lá no céu, toda vez que
convertemos um pecador do seu mal caminho. Esta é uma grande prova de amor a
Deus. Não importa que você não possa converter a muitos; mas Deus espera que
você converta para Ele aquele que está ao alcance do seu braço; aquele que é o
seu próximo mais próximo.
Comece amando-o, gratuitamente.
Não diga a ele logo: “Deus te ama”, pois ele pode não acreditar. Diga-lhe
primeiro: “eu te amo”; e prove isto com os seus atos. Só depois, você vai
dizer-lhe: “Deus te ama”; aí, então, ele vai acreditar, e vai querer conhecer o
seu Deus. O amor é o combustível da evangelização. Ninguém pode evangelizar se
não for movido pelo amor; amor a Deus e amor aos filhos de Deus.
A única recompensa que deve
esperar aquele que abraçou esta missão, é a alegria de agradar ao seu Deus e
ter o seu nome escrito no céu. Se buscarmos outra recompensa que não seja esta,
perdemos todo o mérito diante de Deus. “Já receberam a sua recompensa” (Mt
6,2.5.16).
Cada um de nós deve se apropriar daquela
palavra do Apóstolos:
“Anunciar o Evangelho não é
glória para mim; é uma obrigação que se me impõe. Ai de mim se eu não anunciar
o Evangelho! Se o fizesse da minha iniciativa, mereceria recompensa. Se o faço
independentemente de minha vontade, é uma obrigação que se me impõe” (1 Cor
9,16-18).
Quando Deus chamou o profeta
Jeremias para revelar sua dura palavra aos hebreus que já não obedeciam às Suas
leis, o profeta teme medo, e viu-se como se fosse uma criança despreparada para
a missão. Mas o Senhor não pensava assim.
“Ah! Senhor Javé, eu nem sei
falar, pois que sou como uma criança”.
Replicou porém o Senhor:
Não digas: “Sou apenas uma
criança; porquanto irás procurar todos aqueles aos quais te enviar, e a eles
dirás o que Eu ordenar. Não os deves temer porque estarei contigo para
livrar-te – oráculo do Senhor” (Jer 1, 4-8).
Quando o Senhor nos envia em seu
Nome, seja ao próximo mais próximo, seja aos confins da terra, Ele nos dá a Sua
graça; e, mais ainda, a Sua própria Presença.
“Eis que estou convosco todos os
dias até a consumação dos séculos” (Mt 28,20).
Não tenhamos, portanto, nem medo
e nem desânimo, pois a obra é Dele, e a batalha lhe pertence, somos apenas os
seus comandados.
Prof. Felipe Aquino
Fonte: https://cleofas.com.br/
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