Por Reportagem local - publicado em 21/07/20
Como é que
poderia aquela pobre menina saber que, quatro anos antes, tinha sido promulgado
o dogma pelo papa Pio IX? Ela nem sabia o que significava
"conceição"!
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O ano era 1858. No sopé dos Pirineus, na
França, “uma pequena moça” apareceu para a adolescente Bernadette Soubirous, de
14 anos, durante uma série de visões que durou cinco meses, de fevereiro a
julho.
A “Senhora” pediu que fizéssemos penitência
pela conversão dos pecadores e que fosse construído um santuário em cima do
depósito de lixo em que as aparições ocorriam.
Bernadette, a menina asmática da família mais
pobre da cidade, virou objeto imediato de descrédito. Perseverante apesar do
escárnio e da suspeita, Bernadette aprendeu a obediência naquela que o papa Pio
XII chamaria de “Escola de Maria”.
Graças à sua submissão às orientações da
Senhora, brotou no local uma fonte cujas águas dotadas de poderes de cura
realizaram vários milagres já confirmados.
A menina retransmitiu ao pároco o pedido da
Senhora para que fosse construída uma capela sobre a gruta. Ele inicialmente
rejeitou o pedido, mas, depois de algum tempo, a baixa instrução de Bernadette
acabou servindo para confirmar a autenticidade daqueles eventos sobrenaturais e
dos complexos conceitos envolvidos neles.
É que a “Senhora” tinha se apresentado a
Bernardette declarando: “Eu sou a Imaculada Conceição”!
Ora, como é que poderia aquela pobre menina
saber que, quatro anos antes, tinha sido promulgado pelo papa Pio IX o dogma da
Imaculada Conceição? Ela nem sequer sabia o que a palavra “conceição”
significava!
As autoridades locais queriam impedir as
multidões de visitar o local. Tentavam forçar uma condenação por parte do
bispo, que criou uma comissão de investigação. Quatro anos mais tarde, as
aparições foram declaradas autênticas e, em 1876, a basílica sobre a gruta foi
consagrada.
Graças às aparições em Lourdes, o dogma da
Imaculada Conceição se tornou assunto de discussão comum e ajudou a espalhar
uma compreensão da lógica divina ao preservar Maria da mancha do pecado.
Bernadette morreu num convento, escondida do
mundo, vinte e um anos depois da última aparição. Seu corpo permaneceu
incorrupto internamente, mas não sem defeitos exteriores; durante a terceira
exumação, em 1925, revestimentos de cera foram colocados em seu rosto e em suas
mãos antes que o corpo fosse transferido para um relicário de cristal, naquele
mesmo ano.
Para os católicos, os santos incorruptos
ajudam a contemplar o quanto a iluminação divina consegue elevar um ser humano
a um estado tal de santidade que as próprias células destinadas ao pó
permanecem preservadas.
O dogma
Em 8 de dezembro de 1854, o papa Pio IX
proclamou, com a bula “Ineffabilis Deus”, o dogma da Imaculada Conceição
da Virgem Maria, ou seja, que Nossa Senhora foi preservada por Deus, desde o
instante da sua concepção, pelos méritos da redenção de Cristo, do pecado
original que mancha todos os homens devido à transgressão de Adão, a fim de
preparar a mais perfeita Mãe para o seu Filho.
A definição do dogma da Imaculada Conceição
constituiu um longo caminho de discernimento, no qual o “sensus fidelium”
teve um papel muito importante. De fato, o sentir do povo fiel esteve à frente
da formulação do dogma já desde os primeiros séculos do cristianismo.
O povo cristão acreditou e defendeu
intensamente a verdade da pureza de Maria desde os inícios, sobretudo no
Oriente, onde os Padres da Igreja a definiam como a “Panaghia”, a toda
santa, santificada pelo Espírito Santo, “lírio puríssimo”, “imaculada”.
O dogma da Imaculada levou à culminação um longo caminho de discernimento teológico e doutrinal da Igreja e foi recebido com grandes festejos, adquirindo, poucas décadas depois, o caráter de solenidade com vigília, como as grandes festas do calendário cristão.
Fonte: https://pt.aleteia.org/
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