O Papa Francisco recebeu em
audiência na manhã desta segunda-feira, no Vaticano, os funcionários do
Escritório do Auditor Geral, um organismo vaticano instituído, juntamente com
outros, há nove anos, com o Motu Proprio Fidelis dispensator et prudens.
Silvonei
José – Vatican News
O desejo de
Francisco ao criar esse organismo vaticano, há nove anos, com o Motu Proprio
Fidelis dispensator et prudens era lançar algumas reformas econômicas, em
continuidade com o trabalho já iniciado pelo Papa Bento XVI.
Um órgão
cujas funções foram então mais bem definidas nos Estatutos subsequentes e
reafirmadas na Constituição Apostólica Praedicate Evangelium.
O Papa
Francisco no seu discurso entregue aos presentes dentre os vários aspectos e
valores que caracterizam esse Escritório, recordou brevemente três:
independência, atenção às práticas internacionais e profissionalismo.
Em primeiro
lugar, a independência. O Escritório do Auditor Geral não depende
hierarquicamente de outros órgãos. Entretanto, longe de significar
arbitrariedade, isso implica a responsabilidade de uma ação sempre bem pensada
e inspirada no mais alto princípio da caridade. É importante que o espírito de
correção fraterna sempre o guie, mesmo quando for necessário apontar práticas
contábeis e administrativas que não estejam de acordo com as regras e situações
a serem corrigidas.
A Palavra
de Deus – escreveu o Papa - nos ensina que "o Senhor corrige aqueles a
quem ama, como um pai corrige seu filho amado" (Pr 3:12). Lembremo-nos
dessas palavras que acompanham a correção: amor e paternidade, sempre, sem
ceder à tentação do protagonismo fácil.
A esse
respeito Francisco diz que é bom recordar, com espírito sinodal, a importância
da colaboração do Escritório com os outros Dicastérios da Cúria e, em
particular, com os organismos econômicos, evitando "competições" que
podem facilmente se transformar em rivalidade, também em nível pessoal.
Em segundo
lugar, atenção às práticas internacionais. É importante promover a aplicação
das melhores práticas, promover a justiça e estar alinhado com o restante da
comunidade internacional, desde que, é claro, os padrões não contradigam os
ensinamentos da Igreja.
Terceiro
lugar: profissionalismo. Referindo-se aos presentes salientou que eles têm um
histórico profissional considerável, adquirido em organizações importantes. Em
alguns casos, isso significa décadas de experiência trabalhando em alto nível,
e o Papa agradeceu-lhes por terem decidido colocar tudo isso a serviço da Santa
Sé.
“Sei que,
para manter altos padrões profissionais, o senhor investe muito em treinamento,
e isso é bom. O Papa Francisco recordou então que o “Escritório do Auditor
Geral também é uma das Autoridades Anti corrupção de acordo com a Convenção de
Mérida, à qual a Santa Sé aderiu em 2016 também em nome do Estado da Cidade do
Vaticano.
“Certamente,
- acrescentou o Papa - aqueles que trabalham na Santa Sé e no Estado da Cidade
do Vaticano o fazem com fidelidade e honestidade, mas a tentação da corrupção é
tão perigosa que precisamos estar muito atentos”.
“Sei que os
senhores dedicam muita atenção a isso, com um trabalho que é administrado com
firmeza e misericordiosa discrição, porque, sujeito à necessidade de
transparência absoluta em todas as ações, os escândalos servem mais para encher
as páginas dos jornais do que para corrigir em profundidade comportamentos”.
“Convido-os, - disse Francisco - além disso, a ajudar os responsáveis pela
administração dos bens da Santa Sé a criar salvaguardas que possam impedir,
"no início", que a própria insidiosidade da corrupção se concretize”.
O Papa concluiu seu discurso dizendo que sabe que alguns dos presentes servem no refeitório da Cáritas. “É uma coisa bonita, e eu lhes digo: façam isso com o coração aberto, com simplicidade e gratuidade, e encontrem tempo para conversar com essas pessoas e ouvir suas histórias. Muitas vezes se encontram pessoas que precisam de amizade, mas que são deixadas sozinhas. Muitas vezes, um sorriso e uma palavra valem ainda mais do que um prato de macarrão”.
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt
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