João, filho de Zebedeu e Salomé, pescador na
Galiléia, foi com Santo André o primeiro discípulo a se encontrar com Jesus.
Nas listas dos Apóstolos, sempre aparece com Tiago, seu irmão, imediatamente depois de Pedro e André. E, juntamente a
Pedro e Tiago, é privilegiado por estar presente nos momentos mais solenes com
Jesus: por exemplo, na ressurreição da filha de Jairo, na
Transfiguração de Cristo no Monte Tabor, e na Sua agonia no Getsêmani.
Além disso, João é o único Apóstolo na Crucifixão, aos pés do Cristo e ao lado de Maria, a Quem, por ordem de
Jesus, acolheu em sua casa depois da morte e ressurreição do Senhor.
Era o mais jovem dos Apóstolos, virgem, e refere-se
a si mesmo nos textos sagrados como “o discípulo que Jesus amava”.
Sem dúvida Jesus mostrou por ele um carinho especial. Ao mesmo tempo, tinha temperamento ciumento, impulsivo e
vingativo, como se mostra nas ocasiões onde pretendeu um lugar ao lado de Jesus
na Sua glória (Mc 10,35-40), e quis matar alguns que não
auxiliaram a Jesus (Lc 9,54).
Apesar disso, tornou-se o Apóstolo do Amor, o que fica evidenciado
nos seus escritos e nos relatos da Tradição a seu respeito.
Após Pentecostes, os Atos dos Apóstolos registram
a fundamental importância de João na consolidação da primeira comunidade
cristã, na Judéia. Depois da dispersão dos Apóstolos por causa
das perseguições, São João fundou comunidades e as firmou em
diferentes localidades da Ásia Menor. Exilado pelo imperador Domiciano em
Patmos, uma ilha árida e rochosa do Mar Egeu, ali escreveu o
Apocalipse (significando “revelação de um grande acontecimento”, em Grego), último livro da Bíblia, onde registra o poder divino do
Cordeiro sacrificado, Jesus, e as tribulações dos fiéis, o castigo
dos maus e o triunfo final da Igreja, para confortar os
cristãos na perseguição romana. (Uma profunda análise do Apocalipse,
relacionando-o com o Sacrifício Eucarístico, está no livro “O Banquete do Cordeiro”, do autor Scott Hahn,
altamentente recomendável).
Mais tarde, em Éfeso, onde também acolheu
Maria, seu zelo pastoral para com os primeiros núcleos cristãos o levou a
escrever o quarto Evangelho e três Epístolas constantes do cânon bíblico (isto
é, livros inspirados pelo Espírito Santo e por isso dignos de confiança). Este
Evangelho, diferentemente dos outros três (os sinópticos, de Mateus,
Marcos e Lucas), traz uma abordagem mais analítica e meditativa das
ações de Jesus registradas nos demais, completando-os e os interpretando. As cartas evidenciam o amor de Deus e ao próximo.
A Tradição conta que, já idoso, a pregação de João se resumia a dizer: “Amai-vos uns aos outros, pois nisto está toda a Lei de Deus”.
O que é verdade.
Foi o único Apóstolo que morreu de morte natural, não martirizado, o que não quer dizer que não tenha sofrido enormemente, também no físico, por causa dos trabalhos apostólicos e perseguições. Faleceu e foi sepultado em Éfeso, aos 90 anos.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho
Reflexão:
A cada filho Seu Deus ama de um
modo único e especial. Jesus, humanamente, também tinha mais proximidade
natural com uns do que com outros – por exemplo, João, Pedro e Lázaro Lhe eram
mais íntimos. E isto não significa que estes não tivessem temperamentos
difíceis: Pedro, impulsivo e inconstante, O negou três vezes… Mas todos os que
se relacionam com Jesus acabam por santificar-se na convivência com Ele, e por
isso João, antes ciumento e um tanto arrogante e vingativo, tornou-se o grande
Apóstolo do Amor.
Oração:
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