17 de dezembro
São Lázaro
Lázaro
morava com suas irmãs Marta e Maria em Betânia, na Judeia, numa propriedade
agrícola, a cerca de cinco quilômetros de Jerusalém. Aparentemente,
os três eram solteiros, e muito respeitados na comunidade hebraica pela
honestidade e religiosidade. Em sua casa Jesus muitas vezes se hospedava, e
Lázaro, particularmente, era amigo muito próximo do
Senhor. O ponto alto desta amizade nos é relatada no
Evangelho de São João (cf. cap. 11,1-45; cap. 12,1-11), quando Marta e Maria mandam avisar Jesus,
distante em outro lugar, de que Lázaro, “aquele que Tu amas”, estava enfermo em
Betânia. Apesar da mensagem, Jesus ainda Se demorou dois dias antes
de ir vê-los, e o fez sabendo da hostilidade dos judeus para Consigo, pois lá
haviam tentado apedrejá-Lo há não muito tempo. Jesus sabia que
Lázaro já havia morrido quando partiu, e de fato, quando Ele e os Apóstolos chegaram, fazia quatro dias que estava
enterrado, segundo o costume judeu: numa gruta, com a entrada fechada por uma
pedra.
Tanto Marta
quanto Maria disseram a Jesus, “Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão
não teria morrido!”, pois acreditavam que o Senhor poderia curá-lo; porém, embora acreditassem também na
ressurreição dos mortos ao final dos tempos, não lhes ocorreu que
Jesus poderia ressuscitar Lázaro diretamente. Jesus Se emocionou profundamente
com as lágrimas de Maria, e chorou à entrada do túmulo de Lázaro, o que chamou
a atenção dos judeus que haviam comparecido para dar condolências às irmãs: “Vede como
Ele o amava!”. Também emocionado com os comentários do povo, de que Ele, tendo antes dado a vista a um cego de nascença,
poderia ter curado Lázaro, Jesus ordenou que tirassem a pedra que selava o
sepulcro.
Marta
estranhou, alegando que o corpo já exalava mau cheiro, mas Cristo lembrou-lhe o que conversaram pouco antes, de que
ela devia crer na ressurreição e também Nele, o Cristo. Assim, retirada a Pedra,
Jesus dirigiu-Se primeiramente ao Pai, em benefício dos circundantes, para que acreditassem; e em alta voz ordenou: “Lázaro, vem para fora!”. Imediatamente o ressuscitado
saiu, ainda com os pés e as mãos atados com as faixas fúnebres e o rosto
coberto por um sudário. Jesus mandou que o libertassem – “Desatai-o e deixai-o ir”; e, por causa deste
milagre, muitos judeus se converteram.
Informados
os fariseus do acontecido, reuniram-se em conselho, não
felizes pelo milagre e pela vida de Lázaro, mas com ódio do Senhor, pois
alegavam entre si que se Ele continuasse a fazer tais portentos, todo o povo se
converteria e – ao menos no seu entender – proclamaria, numa
revolta, Jesus como rei, quando então “...os romanos virão e
arruinarão a nossa cidade e toda a nação” em represália.
Diante desta perspectiva, decidiram matar Jesus. E deliberaram igualmente assassinar Lázaro, “pois, por
sua causa, muitos se afastavam dos judeus e criam em Jesus”.
Contudo,
dias depois do milagre, Lázaro e suas irmãs ofereceram em Betânia um jantar a
Jesus, a seis dias da Páscoa. É este o último momento em que
os três são mencionados nos Evangelhos. Há indícios concretos, além da tradição
e escritos muito antigos, que apontam a viagem de Lázaro e suas irmãs para a
ilha de Chipre depois da ressurreição de Cristo, onde ele se
tornou bispo de Cítio, hoje Lamaca: em 890, na Basílica de São Lázaro
(padroeiro desta cidade), antes um templo cristão
do século V, descobriu-se uma lápide com a inscrição: “Lázaro, amigo de Cristo”.
E em 1972 arqueólogos encontraram uma arca de mármore, escondida num local
abaixo da Basílica, com inscrições de que ali estavam os restos mortais de São
Lázaro. Como em 890 relíquias haviam sido trasladadas para Constantinopla,
e posteriormente para a França pelos Cruzados, esta arca contém
ainda uma parte delas.
Esta
igreja, assim como a casa de Lázaro e o seu túmulo em Betânia (os dois últimos desde o início do Cristianismo, segundo São
Jerônimo), são locais de peregrinação e visitação.
Reflexão:
A
ressurreição de Lázaro foi o último grande milagre, e portanto sinal, na vida
pública de Jesus, tornando-o a prova viva da divindade de Cristo, Senhor da
vida e da morte. Um aspecto importante a ser destacado é a espera de quatro
dias de morte que Jesus estabelece para agir, pois os judeus tinham a norma de
esperar três dias completos até oficialmente reconhecer o falecimento de
alguém; o Senhor ultrapassa em um dia, ainda, este limite, de modo a que não se
pudesse contestar de nenhum modo a evidência do Seu poder divino, e de fato
Marta Lhe afirma que o corpo do irmão “já cheira mal”, isto é, já estava em
processo de decomposição. Diante de evidência tão cabal, a liberdade humana é
obrigada a escolher radicalmente entre somente duas opções: ou a conversão a
Deus, para uma vida que nos mereça ser também conhecidos como “amigo de Jesus”,
e “aquele que Jesus ama”, ou… querer matá-Lo, como os fariseus, isto é,
renunciar a que Deus seja nosso amigo, nossa Vida, para ocupá-la com vãs
especulações sobre as possibilidades mundanas e o modo de ajustar-se aos
príncipes deste mundo. No primeiro caso, seremos também “Lázaro”, nome de
origem grega cujo correspondente em Hebraico é Eleazar, que significa
"Deus ajudou". E por isso Nosso Senhor não permitirá a nossa morte,
ainda que tramada pelos inimigos mais fortes do que nós, e, levado às lágrimas
pela emoção amorosa da Sua amizade infinita, nos ressuscitará para a infinita
Comunhão com Ele mesmo, que é a Vida. (Lázaro, mesmo ameaçado pelos fariseus,
foi viver em nova terra…). É fazer nosso o diálogo de Marta com o Cristo:
“Disse-lhe Jesus: ‘Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em Mim, ainda
que esteja morto, viverá. E todo aquele que vive e crê em Mim, jamais morrerá.
Crês nisso?’. Respondeu ela: ‘Sim, Senhor. Eu creio que Tu és o Cristo, o Filho
de Deus, Aquele que devia vir ao mundo’”. No segundo caso, agiremos planejando
a morte de Cristo no mal feito aos irmãos, cometendo crimes de todas as
espécies e a seguir mentindo para tentar enganar os demais, como pretenderam os
fariseus com a eliminação da “evidência” que era Lázaro, e depois, da mesma
forma, espalhando que o Cristo não havia ressuscitado, mas que Seu corpo fôra
roubado pelos discípulos… atitudes monstruosas, infelizmente de absoluta
atualidade, na cultura, na política, nas ideias, e até mesmo na
espiritualidade. Só é possível sair da morte para a vida renunciando ao pecado,
que é filho da mentira, e sendo amigos de Cristo, Caminho, Verdade e Vida.
Oração:
Senhor Deus, em cujo amor e amizade infinitos nos fizestes Vossa própria imagem e semelhança, concedei-nos por intercessão de São Lázaro, tão querido e próximo de Vós, a graça de sairmos para fora da escura e fria gruta do pecado e da mentira, e desatai as faixas de concupiscência que nos prendem ao que é passageiro e mortal, de modo a que possamos ir definitivamente para Vós. Que de cada um nós se possa também dizer, “Vede como Ele o amava!”. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.
Fonte: https://www.a12.com/
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