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quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Só o coração que ama corrige bem

Só o coração que ama corrige bem (Cléofas)

Só o coração que ama corrige bem

 POR PROF. FELIPE AQUINO

Corrigir os erros dos outros – com amor e ânimo de ajudar – é uma das melhores maneiras de compreendê-los!

Um dos aspectos mais nobres da compreensão é saber corrigir.

Pode ser que alguém retruque: “Espere um pouco. Fora o caso da educação das crianças, “corrigir” não é uma espécie de ato de orgulho, de superioridade? Não seria mais próprio da compreensão esforçar-se só em desculpar, relevar, não julgar; e focalizar apenas o lado bom da pessoa?”

Não parece que Cristo pense assim, tendo em conta que Ele nos diz: Se o teu irmão pecar, vai ter com ele e corrige-o a sós. Se te der ouvidos, terás ganho o teu irmão (Mt 18,15).

São Paulo dá o mesmo conselho: Irmãos, se alguém for surpreendido em alguma falta, vós, que sois animados pelo Espírito, admoestai-o em espírito de mansidão (Gl 6,1).

Jesus, depois de censurar a pessoa que só enxerga o cisco no olho do irmão, fala do dever de corrigir: Tira primeiro a trave de teu olho e assim verás para tirar o cisco do olho de teu irmão (Mt 7,5).

Como vê, esse mesmo Jesus que nos ama e nos desculpa com infinita misericórdia, nos manda corrigir, precisamente porque quer, acima de tudo, o nosso bem. Por isso, porque nos ama, não hesita em alertar, em corrigir, em repreender, ainda que isso doa, como fez com os Apóstolos (cf. Mt 16,23 e 20,25-26).

– Quem é que não consegue corrigir e ajudar com amor? O egoísta indiferente, aquele que diz: “Isso é lá com ele, eu não me meto, que faça o que quiser… Se quer se afundar, que se afunde”. E, quando o outro se afunda mesmo, tranquiliza-se pensando: “Foi ele que quis, eu não tenho a culpa”.

– Também não ama o bastante (e, por isso, não corrige) o mole de sentimentos, que acha que é bom com os outros só porque passa por cima de tudo e tudo tolera. Nunca adverte nem corrige por medo de magoar e perder a estima. A esse sentimental covarde, o Espírito Santo diz no livro dos Provérbios: Melhor é a correção manifesta do que uma amizade fingida (Pr 27,5).

– Pior ainda que o tolerante mole é o psicólogo de araque que acha que corrigir é “traumatizar” ou tirar a “liberdade” (Meu Deus! Quando deixaremos de ouvir essas patacoadas?).

– Como é evidente, também não está em condições de corrigir cristãmente aquele que se irrita com os defeitos da pessoa, dá bronca na hora e diz que está “cansado de aguentá-la”. O que esse tal deve fazer é acalmar-se, ser humilde, calar e rezar pedindo a Deus o amor que não tem. E, se a irritação virou raiva ou ódio, ir logo confessar-se da sua séria falta de caridade.

Para corrigir fazendo o bem é preciso ter afeto pela pessoa, saber desculpá-la no íntimo de nós, e sentir pena quando vemos nela alguma coisa errada, porque pode lhe causar um mal. Justamente quem quer o bem do próximo deseja dar-lhe a mão que ajuda.

Pense que não é obstáculo para corrigir com eficácia o fato de sentir dificuldade em fazê-lo. Quase sempre custa falar de um defeito diretamente com o interessado; é natural que soframos com o receio de que – ainda que falemos com carinho – o outro não entenda e possa se melindrar. Mas mesmo assim é preciso rezar, antes, e depois, falar. É uma questão de coragem e de lealdade.

Seria deslealdade calar-se, fingir, sorrir na cara e criticar pelas costas. Vem a propósito um episódio da vida do célebre escritor Chateaubriand. Conta ele em suas Memórias que certa vez o rei Luís XVIII da França lhe pediu sua opinião sobre uma medida que acabava de adotar e sobre a qual Chateaubriand discordava. O escritor tentou esquivar a resposta mas, perante a insistência do monarca, falou lealmente que era totalmente contra: «Sire, pardonnez ma fidelité» (“Senhor, perdoai a minha fidelidade”).

Pense que é especialmente falho o pai, a mãe, o superior, o educador que, para evitar passar um mau bocado, omite as correções devidas e deixa correr à deriva a vida dos que deveria orientar. Falando desses comodistas, São Josemaria comentava: «Talvez poupem desgostos nesta vida… mas põem em risco a felicidade eterna – a própria e a dos outros – pelas suas omissões, que são verdadeiros pecados» (Forja, n. 577).

Retirado do livro: “Tornar a Vida Amável”. Francisco Faus. Ed. Cléofas e Cultor de Livros.

Fonte: https://cleofas.com.br/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF