A Igreja no Brasil realiza uma
Terceira Edição melhorada e atualizada do Missal "com alguns pontos
adaptados, segundo à renovação querida pela Constituição Sacrosanctum
Concilium, do Concilio Vaticano II, ou seja, as atualizações oficiais de Paulo
VI e o Papa João Paulo II, devidamente aprovadas, divulgadas e autorizadas. A
liturgia atualiza o mistério de Deus estudado na Teologia.""
Jackson
Erpen - Cidade do Vaticano
A linguagem
simbólica, ou melhor, a dimensão simbólica da linguagem, é aquela que permite
ao homem estar aberto à realidade que o rodeia, aquela em que a realidade pode
revelar-se.
Neste
sentido, Giorgio Bonaccorso¹ explica que os símbolos que encontramos na
experiência religiosa devem ser entendidos não como tipos particulares de
sinais, mas como exemplos da dimensão simbólica mais global. Esses símbolos, no
entanto, expressam esta dimensão, não isoladamente, mas como partes de uma rede
mais ou menos complexa que os conecta. Os símbolos sempre pertencem a este ou
aquele contexto, e um desses contextos é o ritual. O ritual é uma sequência
particular de ações que, em certo sentido, redesenha a rede simbólica segundo
critérios internos. Ele não pode existir sem símbolos e, portanto, depende da
linguagem simbólica, mas, ao mesmo tempo, remodela essa linguagem segundo seus
próprios critérios.
“Toda a linguagem
simbólico-ritual nos abre para algo inviolável, sagrado. Algo que não pode ser
reduzido a uma classe de objetos ou a uma categoria mental. No contexto ritual
os símbolos, que não podem faltar, tornam-se ações simbólicas, ou seja, linguagens
que “falam” e “agem”.”
Neste contexto, padre Gerson Schmidt* nos propõe uma reflexão sobre a dimensão corpórea da liturgia:
"A
linguagem é a casa em que o ser humano habita. Frei Carlos Susin, professor da
Pontifícia Universidade Católica, aponta que o Símbolo e o Rito são intrínsecos
à nossa condição humana. “As manifestações e saudações constantes dos anjos, na
narrativa bíblica, estão dentro da delicadeza da linguagem que o homem poderia
entender, dentro da condição humana perceptível, ou seja, condescendentes à
corporeidade do ser humano”, disse. Por isso, os anjos sempre aparecerão ao
homem de modo visível, mesmo sendo invisíveis.
Se é assim
a condição dos anjos invisíveis para se manifestar de maneira perceptível e em
linguagem que o homem possa entender, quão profundo é o mistério do Natal!! Não
se trata de um anjo a nos visitar. Não se trata de uma manifestação pontual de
Deus do anjo que vem com uma missão de anunciar e ir em embora. É muito
mais. É muito mais. O Natal é um acontecimento novo, onde o Deus generoso
faz carne e vem habitar entre nós, que não somos anjos, mas pobres pecadores,
necessitados da sua salvação.
Palavra
símbolo é etimologicamente significativa quando falamos de linguagem humana. A
palavra no latim como symbŏlus ou no grego sýmbolos,
formado pelo prefixo sin-, em referência a articulação grega syn-, que indica a
ideia de encontro ou união, baseado no indo-europeia *sun-, interpretado como o
conector com, e-bolo, associado ao verbo ballein, que
se refere a lançar ou arremeter, com raiz no indo-europeu *gwele-, por
lançar.
A palavra
simbólica e ritual “clama por discernimento”, disse Frei Susin, no Congresso
Litúrgico Teológico que já referendamos aqui tantas vezes, “para se tornar um
ato de liberdade”. Sim – bolum (juntar) pode se se
tornar dia-bolum (dispersar, separar). Símbolos e ritos não
podem ser automaticamente humanos, mas tão somente quando, segundo Kant, “são
assumidos pela consciência e responsabilidade”.
Precisamos
entender a DIMENSÃO ANTROPOLÓGICA DA LITURGIA. Paulo VI, no encerramento do
Concílio, afirmou que para conhecer o ser humano é necessário
conhecer a Deus. Para reconhecer a Deus é necessário conhecer o ser humano e o
nosso Humanismo muda-se em Cristianismo e o nosso Cristianismo faz-se
Teocêntrico, afirma o Frade Capuchinho Frei Carlos Susin. Assim, ritos e
símbolos não podem ser arbitrariamente inventados. Os símbolos não são
inventados, mas “eles que nos inventam, nos constituem, nos transformam, nos
unificam”.
A Igreja
não edita um novo missal para brincar com ritos, pois falar em “novo missal” é
uma linguagem errônea quando utilizada. A Igreja no Brasil realiza uma Terceira
Edição melhorada e atualizada com alguns pontos adaptados, segundo à renovação
querida pela Constituição Sacrosanctum
Concilium, do Concilio Vaticano II, ou seja, as
atualizações oficiais de Paulo VI e o Papa João Paulo II, devidamente
aprovadas, divulgadas e autorizadas. A liturgia atualiza o mistério de Deus
estudado na Teologia."
*Padre
Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além
da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em
Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
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