CONTINUAMOS EM BELÉM
Dom Fernando Arêas Rifan
Administração Apostólica Pessoal São
João Maria Vianney
Ainda estamos no clima de Natal, envoltos nas
luzes do presépio e extasiados diante do Menino Jesus, sua mãe, São José e os
pastores.
Recordemo-nos da mensagem do Papa Francisco:
“Voltemos o olhar para Belém. O Senhor vem ao mundo numa gruta e é recostado
numa manjedoura para os animais, porque os seus pais não conseguiram encontrar
hospedagem, apesar de estar quase na hora de Maria dar à luz. Vem entre nós no
silêncio e escuridão da noite, porque o Verbo de Deus não precisa de holofotes
nem do clamor das vozes humanas. Ele mesmo é a Palavra que dá sentido à
existência. Ele é a luz que ilumina o caminho. «O Verbo era a Luz verdadeira que,
ao vir ao mundo – diz o Evangelho –, a todo o homem ilumina» (Jo 1, 9). Jesus
nasce no meio de nós, é Deus-conosco. Vem para acompanhar a nossa vida
quotidiana, partilhar tudo conosco, alegrias e amarguras, esperanças e
inquietações. Vem como menino indefeso. Nasce ao frio, pobre entre os pobres.
Carecido de tudo, bate à porta do nosso coração para encontrar calor e
abrigo”.
“Como os pastores de Belém, deixemo-nos
envolver pela luz e saiamos para ver o sinal que Deus nos deu. Vençamos o
torpor do sono espiritual e as falsas imagens da festa que fazem esquecer Quem
é o Festejado. Saiamos do tumulto que anestesia o coração induzindo-nos mais a
preparar ornamentações e prendas do que a contemplar o Evento: o Filho de Deus
nascido para nós. Irmãos, irmãs, voltemo-nos para Belém, onde ressoa o primeiro
choro do Príncipe da paz. Sim, porque Ele mesmo – Jesus – é a nossa paz: aquela
paz que o mundo não se pode dar a si mesmo e Deus Pai concedeu-a à humanidade
enviando o seu Filho ao mundo. São Leão Magno tem uma frase que, na sua
concisão latina, bem resume a mensagem deste dia: «Natalis Domini, Natalis est
pacis – o Natal do Senhor é o Natal da paz» (Sermão 26, 5)”.
“Jesus Cristo é também o caminho da paz. Com a
sua encarnação, paixão, morte e ressurreição, abriu a passagem de um mundo
fechado, oprimido pelas trevas da inimizade e da guerra, para um mundo aberto,
livre para viver na fraternidade e na paz. Irmãos e irmãs, sigamos este
caminho! Mas, para o podermos fazer, para sermos capazes de seguir os passos de
Jesus, devemos despojar-nos dos pesos que nos enredam e bloqueiam”.
“E quais são esses pesos? Que vem a ser este
entulho que nos sobrecarrega? Trata-se das mesmas paixões negativas que
impediram o rei Herodes e a sua corte de reconhecer e acolher o nascimento de
Jesus, isto é, o apego ao poder e ao dinheiro, o orgulho, a hipocrisia, a
mentira. Estes pesos impedem de ir a Belém, excluem da graça do Natal e fecham
o acesso ao caminho da paz. Na realidade, é com tristeza que devemos constatar
como, enquanto nos é dado o Príncipe da paz, ventos de guerra continuam a
soprar, gelados, sobre a humanidade”.
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