30 de janeiro de 2024
O papa Francisco acusa “pequenos grupos ideológicos” pelo que considera protestos contra a declaração Fiducia supplicans, do Dicastério para a Doutrina da Fé, que “coloca a possibilidade de casais em situações irregulares e de uniões do mesmo sexo”. Em entrevista publicada ontem (29), pelo jornal italiano La Stampa, o papa disse não temer um cisma na Igreja.
O papa alegou que o documento responde o sentido do Evangelho, "que é para santificar a todos".
"É claro, sempre que haja boa vontade. E é necessário dar instruções precisas sobre a vida cristã (enfatizo que não se abençoa a união, mas as pessoas)", explicou Francisco.
Ele ainda ressaltou que " todos somos pecadores: então por que fazer uma lista de pecadores que podem entrar na igreja e uma lista de pecadores que não podem estar na igreja? Isto não é o Evangelho", afirmou.
Quanto à divisão entre bispos e padres em todo o mundo depois da publicação do documento em 18 de dezembro de 2023, o papa Francisco destacou que "os que protestam com veemência pertencem a pequenos grupos ideológicos".
Perguntado se teme um cisma, ele respondeu que "não, na igreja sempre houve pequenos grupos que manifestaram reflexões cismáticas... devemos deixá-los ficar e seguir ... e olhar para frente".
Fiducia supplicans: "África é um caso à parte", diz papa Francisco
Desde a sua publicação em 18 de dezembro de 2023, esse documento provocou uma série de reações de bispos e numerosas conferências episcopais, especialmente na África, onde se mostraram contra a aplicação das bênçãos propostas pelo Dicastério para a Doutrina da Fé.
O papa Francisco se referiu a isto como um caso especial: "Os africanos são um caso à parte, para eles a homossexualidade é algo 'feio' do ponto de vista cultural, não a toleram”.
"Mas, em geral, confio que pouco a pouco todo o mundo vai compreender o espírito da declaração Fiducia supplicans do Dicastério para a Doutrina da Fé: ele quer incluir, não dividir. Convida a acolher, e depois a confiar nas pessoas, e a confiá-las a Deus", destacou o papa.
A esta oposição liderada pela África se juntaram outros bispos, padres e várias dioceses. Na Europa, incluem-se a Conferência Episcopal Polonesa e também os bispos da Holanda. Outras vozes de bispos se levantaram contra esta declaração em países como a Espanha e a França.
Os bispos do Cazaquistão afirmam que a Fiducia supplicans terá "consequências destrutivas e de longo alcance" e o cardeal Joseph Zen ze-kiun, bispo emérito de Hong Kong, chegou a questionar se o prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé deveria renunciar.
Líderes da igreja em países da América Latina, como Brasil, México, Peru e Uruguai, incluindo o arcebispo de Montevidéu, cardeal Daniel Sturla, também se manifestaram em desacordo com este tipo de bênçãos.
Fonte: https://www.acidigital.com/
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