Por que Jesus foi batizado?
Pelo Batismo, sacramento, somos assimilados a
Jesus, e na pia batismal participamos de sua Morte e a sua Ressurreição para
uma vida nova.
Renascer da água e do Espírito
para tornar-nos, no Filho, filho bem-amado do Pai e “viver em uma vida nova”
(Rm 6,4). Assim, a pia batismal é o túmulo do nosso “homem velho” e o berço do
nosso “homem novo”. Por isso, todos os dias, eu beijo e venero aquela pia onde
eu fui batizado na Catedral de Lorena; e ali renovo, todos os dias, as
Promessas do meu Batismo. E no meu escritório, o único Diploma que tenho na
parede é a minha Certidão de Batismo, datada de 8 de outubro de 1949; será o
bilhete para o meu ingresso no céu.
Mas Jesus não tinha o pecado original; então,
por que foi batizado?
Bem, antes de tudo é preciso
entender que o batismo ministrado por João Batista não era um sacramento, mas
apenas um modo de levar as pessoas ao arrependimento, para esperar Jesus, e com
ele a conversão e o Reino de Deus. O Batista é “a voz que clama no deserto”
como tinha anunciado o profeta Isaías há 700 anos antes. João Batista
proclamava “um batismo de arrependimento para a remissão dos pecados” (Lc 3,3).
Uma multidão de pecadores, de publicanos e soldados, fariseus e saduceus e
prostitutas vinham para ser batizados por ele. Jesus aparece, o Batista hesita,
mas Jesus insiste.
Santo Agostinho diz que Jesus
quis fazer o que ordenou que todos fizessem. Santo Ambrósio disse que: “A
justiça exige que comecemos por fazer o que queremos que os outros façam, e
exortemos os outros a nos imitarem pelo nosso exemplo”. São Tomás de Aquino diz
que um objetivo foi a purificação das águas. Citando Santo Ambrósio, diz que o
Senhor foi batizado, não por querer purificar-se, mas para purificar as águas…
Desse modo, as águas tivessem a virtude de batizar. O mesmo argumento usa São
João Crisóstomo (407), doutor da Igreja, de Constantinopla.
Sem dúvida, Jesus quis ser
batizado também para nos mostrar a importância do sacramento do Batismo – hoje
tão desprezado – como disse a Nicodemos: “Quem não renascer da água e do
Espírito não poderá entrar no Reino de Deus” (Jo 3, 5).
O Batismo de Jesus significa a
sua aceitação e inauguração de sua missão de “Servo sofredor” (Is 42,49,50,52).
Ele se deixa contar entre os pecadores, se faz solidário com eles porque veio
assumir o seu pecado; é, já, “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”
(Jo 1,29). Assim, Jesus antecipa já o “Batismo” de sua morte sangrenta. Vem,
já, “cumprir toda a justiça” (Mt 3,15), submete-se perfeitamente à vontade de
seu Pai: aceita, por amor, este batismo de morte para a remissão de nossos
pecados. E o Pai, diante dessa aceitação do Filho, responde: “Este é o meu
Filho amado em quem coloco a minha complacência”. E o Espírito Santo, que Jesus
possui em plenitude desde a sua concepção, vem “repousar” sobre Ele. Jesus é a
fonte do Espírito para toda a humanidade. É Ele quem “batiza no Espírito Santo
e no fogo” (Lc 3,16). No Batismo de Jesus, “abriram-se os Céus” (Mt 3,16) que o
pecado de Adão havia fechado; e as águas são santificadas pela descida de Jesus
e do Espírito, prelúdio da nova criação.
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