A Criação
A doutrina
da Criação constitui a primeira resposta às indagações fundamentais sobre nossa
origem e nosso fim.
06/01/2015
3. Algumas
consequências práticas da verdade sobre a criação
A
radicalidade da ação divina criadora e salvadora exige do homem uma resposta
que tenha esse mesmo caráter de totalidade: “amarás ao Senhor teu Deus com todo
o teu coração, com toda tua alma, com todas as tuas forças” (Dt 6,5;
cf. Mt 22,37; Mc 12,30; Lc 10,27).
Nesta correspondência encontra-se a verdadeira felicidade, a única coisa que
torna plena a liberdade.
Por sua
vez, a universalidade da ação divina tem um sentido tanto intensivo como
extensivo: Deus cria e salva a todo homem e a todos os homens. Corresponder à
chamada de Deus para amá-lo com todo nosso ser está intrinsecamente unido a
levar o seu amor a todo o mundo[15].
O
conhecimento e a admiração do poder, sabedoria e amor divinos levam o homem a
uma atitude de reverência, adoração e humildade, a viver na presença de Deus,
sabendo-se seu filho. Ao mesmo tempo, a fé na providência leva o cristão a uma
atitude de confiança filial em Deus, em todas as circunstâncias: com
agradecimento pelos bens recebidos, e com abandono simples diante daquilo que
pode parecer mal, pois Deus, dos males, tira bens maiores.
Consciente
de que tudo foi criado para a glória de Deus, o cristão procura comportar-se em
todas as ações de modo a buscar o fim verdadeiro que enche sua vida de
felicidade: a glória de Deus, não a própria vanglória. Esforça-se para
retificar a intenção em suas ações, de modo que se possa dizer que o único fim
de sua vida é este: Deo omnis gloria![16].
Deus quis
colocar o homem à frente de sua criação, outorgando-lhe o domínio sobre o
mundo, de maneira que a aperfeiçoe com seu trabalho. A atividade humana pode
ser, portanto, considerada como uma participação na obra divina da criação.
A grandeza
e a beleza das criaturas suscitam nas pessoas admiração e desperta nelas a
pergunta pela origem e destino do mundo e do homem, fazendo-as entrever a
realidade de seu Criador. O cristão, em seu diálogo com os que não têm fé, pode
suscitar estas perguntas para que as inteligências e os corações se abram à luz
do Criador. Da mesma forma, em seu diálogo com pessoas de diversas religiões, o
cristão encontra, na verdade da criação, um excelente ponto de partida, pois
trata-se de uma verdade em parte compartilhada, e que constitui a base para a
afirmação de alguns valores morais fundamentais da pessoa.
Santiago Sanz
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Bibliografia
básica
Catecismo
da Igreja Católica, 279-374.
Compêndio
do Catecismo da Igreja Católica, 51-72.
DH, nn.
125, 150, 800, 806, 1333, 3000-3007, 3021-3026, 4319, 4336, 4341.
Concílio
Vaticano II, Gaudium et spes, 10-18, 19-21, 36-39.
João Paulo
II, Creo en Dios Padre. Catequesis sobre el Credo (I), Palabra,
Madri 1996, 181-218.
Leituras recomendadas
Santo
Agostinho, Confissões, livro XII.
São Tomás
de Aquino, Summa Theologiae, I, qq. 44-46.
São
Josemaria, Homilia “Amar o mundo apaixonadamente”, em Entrevistas com
Mons. Josemaria Escrivá, 113-123.
Joseph
Ratzinger, Creación y pecado, Eunsa, Pamplona 1992.
João Paulo II, Memoria e identidade, Ed. Objetiva, 2005.
______________
[15] Que o
apostolado é a superabundância da vida interior (cf. São Josemaria, Caminho,
961) se manifesta como o correlato da dinâmica ad intra-ad extra do
agir divino, isto é, da intensidade do ser, da sabedoria e do amor trinitário
que se extravasa para as criaturas.
[16] Cf.
São Josemaria, Caminho, 780; Sulco, 647; Forja,
611, 639, 1051.
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