PALAVRA ADMIRÁVEL
Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo (RS)
Palavras, palavras e mais palavras fazem parte
do cotidiano. São proferidas por cada um nós, pelas pessoas que nos rodeiam e
divulgadas pelos inúmeros meios de comunicação. Há palavras ditas com
sinceridade e são verdadeiras, outras duvidosas e maldosas. Há palavras vãs e
sem efeito, outras com forte dinamismo de transformação. Se faz necessário um
exercício permanente de discernimento para acolher as palavras que fazem
sentido, que constroem solidariedade, fraternidade e o bem comum, daquelas que
são destrutivas e induzem à falsidade, ao erro, à vingança.
A Palavra de Deus, deste domingo, conta que
Jesus profere palavras dignas de admiração, que curam e libertam. (Deuteronômio
18,15-20, Salmo 94, 1 Coríntios 7,32-35 e Marcos 1,21-28). Jesus está no começo
da vida pública de pregador. Inicia na sinagoga de Cafarnaum e sua fama se
espalha rapidamente. “Todos ficavam admirados com o seu ensinamento, pois
ensinava como quem tem autoridade, não como os mestres da Lei. […] O que é
isto? Um ensinamento novo dado com autoridade: Ele manda até nos espíritos
maus, e eles obedecem”.
Os evangelistas registram que Jesus ocupava a
maior parte do seu tempo ensinando. Ensinar é próprio de quem é mestre.
Diversas vezes se faz o registro que ensinava, mas não é dito o conteúdo do
ensino. Diante disso, é melhor estar próximo ao Mestre e percorrer com ele a
estrada por ele escolhida: somente assim será possível assimilar a sua
mensagem. Podemos dizer que o conteúdo é sua própria pessoa de Jesus a ser
acolhida e seguida, como fizeram os primeiros discípulos.
Se algumas vezes falta o conteúdo do
ensinamento de Jesus, mas não falta o efeito que as palavras dele produzem. Os
ouvintes são atingidos com as palavras que escutam e têm diversas reações.
Ficam admirados com as palavras porque são ditas com autoridade. Sua palavra se
impõe por libertar a inteligência trazendo-a à luz, aquecer o coração,
revigorar a vida. É uma palavra potente porque cria, cura e renova.
O resultado final que os ensinamentos de Jesus
querem atingir é a libertação do mal. Na sinagoga onde Jesus anunciava havia um
homem “possuído por espírito mau. Ele gritou: “Que queres de nós, Jesus
Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus”.
Jesus o intimou: “Cala-te e sai dele!”. A palavra poderosa de Jesus contra o
“espírito mau” será uma ação constante na luta para passar da escravidão para a
liberdade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário