Os "animais selvagens"
que temos no coração, ou seja, as paixões desordenadas de vários tipos, podem
levar ao risco de sermos dilacerados interiormente; enquanto os anjos recordam
as boas inspirações divinas que "acalmam o coração, infundem o sabor de
Cristo, o sabor do Céu".
Jackson
Erpen - Cidade do Vaticano
Ir ao
deserto para perceber a presença dos "animais selvagens" e
anjos em nosso coração, e com o silêncio e a oração captar os pensamentos e
sentimentos inspirados por Deus.
Em síntese,
esse foi o convite do Papa aos milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro em
um dia ensolarado e temperatura amena, para o Angelus neste I
Domingo da Quaresma.
"Animais
selvagens e anjos", companhias de Jesus no deserto e também nossas
O Evangelho
de Marcos - que inspirou a reflexão de Francisco - narra que Jesus «ficou no
deserto durante quarenta dias, e aí foi tentado por Satanás», e também nós -
observou o Papa - "somos convidados na Quaresma a “entrar no deserto”,
isto é, no silêncio, no mundo interior, na escuta do coração, em contato com a
verdade"
A leitura
narra que "animais selvagens e anjos" eram a companhia de
Jesus no deserto. Mas, em um sentido simbólico - explicou o Papa - "são
também a nossa companhia: quando entramos no deserto interior, de fato, podemos
encontrar ali animais selvagens e anjos."
E explica
então, o sentido desses "animais selvagens":
Na vida
espiritual podemos pensar neles como as paixões desordenadas que dividem o
nosso coração, tentando possuir o coração. Elas nos sugestionam, parecem
sedutoras, mas, se não estivermos atentos, levam ao risco de nos dilacerar.
Os
"animais" alojados em nossa alma
E
Francisco diz ainda que podemos dar nomes a esses “animais” da alma:
Os vários
vícios, a ganância de riqueza, que aprisiona no cálculo e na insatisfação, a
vaidade do prazer, que condena à inquietação e à solidão, e ainda também a
avidez pela fama, que gera insegurança e uma necessidade contínua de
confirmação e protagonismo. É interessante: não se esquecer dessas coisas
que podemos encontrar dentro de nós: ganância, vaidade e avidez. São como
animais “selvagens” e como tais devem ser domesticados e combatidos: caso
contrário, devorarão a nossa liberdade. E a Quaresma nos ajuda a entrar no
deserto interior para corrigir essas coisas.
O
"serviço" em oposição à "posse"
Mas junto
com Jesus no deserto, além dos "animais selvagens", estavam também os
anjos, "mensageiros de Deus, que nos ajudam, nos fazem bem". E
segundo o Evangelho, sua característica "é o serviço":
Exatamente
o contrário da posse, típica das paixões. Serviço em oposição à posse. Os
espíritos angélicos, em vez disso, recordam os pensamentos e bons sentimentos
sugeridos pelo Espírito Santo. Enquanto as tentações nos dilaceram, as boas
inspirações divinas unificam-nos e fazem-nos entrar em harmonia: acalmam o
coração, infundem o sabor de Cristo, infundem “o sabor do Céu”. E para
captar a inspiração de Deus e entender bem, é preciso entrar no silêncio e
oração. E a Quaresma é tempo para fazer isso. Sigamos em frente.
Retirar-se
ao deserto e ouvir Deus que fala no coração
Assim, ao
darmos os primeiros passos no caminho quaresmal, o Papa propõe que façamo-nos
duas perguntas:
Primeiro: quais são as paixões desordenadas, os “animais selvagens” que se agitam no meu coração? Segundo: para permitir que a voz de Deus fale ao meu coração e o guarde no bem, penso retirar-me um pouco para o “deserto”, ou procuro dedicar durante o dia algum espaço para repensar isso?
Ao concluir, o Papa pediu "que a Virgem Santa, que guardou a Palavra e não se deixou tocar pelas tentações do Maligno, nos ajude no tempo da Quaresma."
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt
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