A oração cristã é marcada pelo
título “Senhor”, quer se trate do convite à oração “o Senhor esteja convosco”
ou da conclusão da oração, “por Jesus Cristo nosso Senhor”.
Luís
Eugênio Sanábio e Souza - escritor, Juiz de Fora – MG
Na Bíblia,
o título Senhor designa a soberania divina. Jesus atribui-o a si
mesmo (João 13,13) e revela a sua soberania divina através do poder sobre
a natureza, sobre os demônios, sobre o pecado e sobre a morte, sobretudo com a
sua Ressurreição. Ao atribuir a Jesus o título divino de Senhor, a
Igreja afirma, desde o início, que o poder, a honra e a glória devidos a Deus
Pai cabem também a Jesus, por ser Ele “de condição divina”
(Filipenses 2,6) e ter o Pai manifestado esta soberania de Jesus ressuscitando-o
dos mortos e exaltando-o em sua glória (Romanos 10,9). A oração
cristã é marcada pelo título “Senhor”, quer se trate do convite à oração “o
Senhor esteja convosco” ou da conclusão da oração, “por Jesus Cristo nosso
Senhor”. No Credo, assim rezamos: “Creio em um só Senhor, Jesus
Cristo, Filho Unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos: Deus
de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro; gerado, não criado,
consubstancial ao Pai. Por Ele todas as coisas foram feitas. E por
nós, homens, e para nossa salvação desceu dos Céus”. No ano 451, o
Concílio de Calcedônia professou “que o único e idêntico Filho, nosso Senhor
Jesus Cristo, é Ele mesmo perfeito em divindade e perfeito em humanidade,
verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, consubstancial ao Pai segundo a
divindade e consubstancial a nós segundo a humanidade; gerado do Pai antes de
todos os séculos segundo a divindade, e nesses últimos dias, para nós e para
nossa salvação, nascido da Virgem Maria, Mãe de Deus, segundo a
humanidade”. O apóstolo Pedro pôde dizer que Jesus Cristo “é o
Senhor de todos” (Atos dos apóstolos 10,36). O apóstolo Paulo,
dirigindo-se à comunidade de Corinto, escreve: “Porque, embora digam haver
deuses no céu e na terra, (na verdade são muitos esses deuses e esses senhores)
para nós há um só Deus: o Pai, de quem tudo procede e para o qual fomos
criados; e há um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual tudo existe e pelo qual
também nós existimos” (1 Coríntios 8,5-6).
O Concílio
Vaticano II nos lembra que “a chave, o centro e o fim de toda a história
humana se encontram em seu Senhor e Mestre” (GS 10,2). O Concílio
acrescenta: “Com efeito, o próprio Verbo de Deus, por quem tudo foi feito,
fez-se homem, para, homem perfeito, a todos salvar e tudo recapitular. O Senhor
é o fim da história humana, o ponto para onde tendem os desejos da história e
da civilização, o centro do gênero humano, a alegria de todos os corações e a
plenitude das suas aspirações” (GS 45).
A fé é
um dom de Deus, uma virtude sobrenatural infundida por Deus e
portanto ninguém pode dizer “Jesus é Senhor” a não ser pela ação do Espírito
Santo (1 Coríntios 12,3).
Compreende-se, portanto, que, em obediência ao mandato do Senhor (Mateus 28,19-20) e como exigência do amor para com todos os homens, a Igreja anuncia e tem o dever de anunciar constantemente a Cristo, que é "o caminho, a verdade e a vida" (João 14,6), no qual os homens encontram a plenitude da vida religiosa e no qual Deus reconciliou todas as coisas consigo.
“A Igreja, com efeito, movida pela caridade e pelo respeito da liberdade, deve empenhar-se, antes de mais, em anunciar a todos os homens a verdade, definitivamente revelada pelo Senhor, e em proclamar a necessidade da conversão a Jesus Cristo e da adesão à Igreja através do Batismo e dos outros sacramentos, para participar de modo pleno na comunhão com Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Aliás, a certeza da vontade salvífica universal de Deus não diminui, antes aumenta, o dever e a urgência do anúncio da salvação e da conversão ao Senhor Jesus Cristo” (Congregação para a Doutrina da Fé: Declaração Dominus Iesus nº 22).
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt
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