Policarpo nasceu em 69, em local não indicado, de
pais cristãos. Santo Ireneu, seu discípulo do século II, escreveu sobre ele,
esclarecendo que Policarpo conviveu diretamente com alguns dos Doze Apóstolos,
especialmente São João: “Poderia
reproduzir o que nos contava do seu trato com São João Apóstolo e os demais que
tinham visto o Senhor e como repetia suas mesmas palavras…”.
Por testemunhar pela vida e pelos escritos a Fé
recebida diretamente dos Doze, Policarpo, junto a São
Clemente Romano, Santo Inácio de Antioquia e São Pápias são chamados de “Padres
Apostólicos”, e foram o elo entre a Igreja primitiva e a Igreja do mundo
greco-romano, na passagem do primeiro para o segundo século. Imensa
importância têm estes Padres, pois na sua época havia inúmeras interpretações
sobre o que Jesus havia feito e dito; assim puderam esclarecer e
autenticar com autoridade a verdadeira mensagem dos Apóstolos.
São Policarpo foi sagrado bispo de Esmirna pelo
próprio São João Evangelista. Por suas muitas qualidades era estimado e
respeitado em todo o Oriente. Em 107 Policarpo acolhe em Esmirna Santo Inácio
de Antioquia, de passagem e sob escolta, indo a Roma para ser julgado. Escreveu muitas cartas, mas somente uma, endereçada aos
Filipenses em 110, foi preservada. Nela exalta a fé em Jesus Cristo, a qual
precisa ser confirmada no trabalho árduo, diário e no dia a dia dos cristãos,
incutindo em cada um a lembrança de suas obrigações particulares. Ela também
cita trechos da Carta de São Paulo aos Filipenses e os Santos Evangelhos, além
de repetir as muitas e preciosas informações que ele próprio recebera
diretamente dos Apóstolos, especialmente de São João Evangelista. São Policarpo
parece ter sido um dos que compilaram, editaram e publicaram o Novo Testamento.
Por volta do final de 154, Policarpo vai a Roma
como representante dos cristãos da Ásia Menor, para tratar com o Papa Aniceto
sobre diversas questões, mas principalmente sobre a data da Páscoa, que nas
Igrejas Orientais era celebrada no dia 14 do mês judaico de Nisan,
enquanto que, na capital do Império, no domingo seguinte. Não se chega a um
acordo, mas eles celebraram juntos a Eucaristia, mostrando que uma mera questão
disciplinar não devia desunir a Igreja.
Marcião, numa carta que os fiéis de Esmirna
enviaram para a cidade de Filomélio na Frígia (atual Turquia) em 23 de
fevereiro de 156, e conhecida como Martyrium Polycarpi, descreve o martírio de
São Policarpo em 155. É considerada como uma dos mais
antigos relatos genuínos de martírios cristãos, e um dos poucos relatos
sobreviventes compostos na época das perseguições. Também é a primeira obra que
define como mártir aquele que morre pela Fé. Policarpo, já com 86 anos,
diante da perseguição do Imperador Antonino Pio, havia se ocultado, mas foi
delatado e preso. Diante do pró-cônsul que o instigava a renegar a Fé, resistiu
e foi condenado à fogueira. Subiu espontaneamente os
degraus que a ela levavam, mas o fogo não lhe fez mal algum, sendo então morto
à espada. Ele é o padroeiro dos que sofrem queimaduras.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho
Reflexão:
São Policarpo de fato vivenciou
o significado do seu próprio nome (poli = muitos; carpo = fruto – muitos
frutos), pois, permanecendo unido à Videira, que é Cristo, através da ortodoxia
da Doutrina recebida diretamente pela Tradição dos Apóstolos, por suas obras,
testemunhos e martírio muito enriqueceu a Igreja. Os nossos nomes pessoais
também estão inscritos no Coração do Pai com o de Cristo, o único Nome pelo
Qual podemos ser salvos (Jesus = Deus salva, Cristo = ungido; é Aquele que Deus
ungiu para nos salvar, cf. Catecismo da Igreja Católica nos 430-440). Se
permanecermos fiéis ao que ensina o Espírito Santo na Igreja, a qual Ele mantém
na Verdade como prometido em Pentecostes (cf. Jo 16,13-14; CIC nos76-83 e 767),
daremos os mesmos frutos. É preciso crer de fato no Evangelho, para podermos
vivê-lo, dar a vida por Ele. Isto significa normalmente o pequeno martírio
diário de cumprir com amor e zelo nossas obrigações normais, na paciência com
os irmãos, no arrependimento sincero dos nossos pecados, no serviço aos
necessitados de corpo e espírito.
Oração:
Senhor Deus da Verdade, que não pode nunca enganar, por intercessão de Vosso servo São Policarpo concedei-nos a firmeza da Fé que recebemos legitimamente dos Apóstolos pela Igreja, iluminada infalivelmente pelo Espírito Santo, para caminharmos espontaneamente ao chamado do Fogo do Vosso amor – e, na certeza do que cremos, praticarmos corajosamente a caridade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
Fonte: https://www.a12.com/
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