São João Crisóstomo teve
presentes a lembrança dos mistérios, fator importante na vida das pessoas, pois
o Senhor dignou-se fazer com que todos participassem da mesma mesa. O apóstolo
Paulo falou da noite em que o Senhor Jesus foi entregue (cf. 1 Cor 11,23), cujo
sentido e valor entregou-se Ele à humanidade para a sua salvação.
Dom Vital
Corbellini, Bispo de Marabá. PA
Na missa do
lava-pés, na quinta-feira santa, a segunda leitura (cf. 1 Cor 11,23-26) fala da
ceia do Senhor segundo a tradição que São Pulo recebeu dos apóstolos e também
da comunidade dos cristãos e das cristãs, na qual o apóstolo escreveu aos
Coríntios, deixando como um grande testamento feito pelo Senhor, em relação ao
pão e vinho, seu corpo e seu sangue, para fazerem memória dele junto aos
discípulos até a consumação dos séculos. São João Crisóstomo[1], bispo de
Constantinopla, séculos IV e V deu uma importante interpretação de modo que a
seguir ver-se-á a sua doutrina sobre a eucaristia, como pão que prepara o povo
de Deus em Jesus, rumo à casa do Pai.
A lembrança
dos mistérios
São João
Crisóstomo teve presentes a lembrança dos mistérios, fator importante na vida
das pessoas, pois o Senhor dignou-se fazer com que todos participassem da mesma
mesa. O apóstolo Paulo falou da noite em que o Senhor Jesus foi entregue (cf. 1
Cor 11,23), cujo sentido e valor entregou-se Ele à humanidade para a sua
salvação. O bispo colocou o tempo em Jesus, pois naquele fim de tarde estiveram
em conjunto a negação de Pedro e traição de Judas.
A condição
do Senhor
A sua
condição em relação à sua alma estava Ele triste até a morte(cf. Mt 26,38), no
entanto ele estava em companhia com o Pai, com os discípulos, pelo fato de que
foi traído, preso, arrastado e julgado até a morte de cruz, na qual ele foi se
apartando da terra e de todo o luxo[2]. O fato era que o Senhor entregou-se a
si mesmo de modo que a pessoa que segue a Jesus e à Igreja é chamada a fazer o
mesmo ajudando a quem mais precisa dela[3].
O Apóstolo
e o Senhor
São Paulo
disse que ele recebeu do Senhor as coisas realizadas na última ceia (cf. 1 Cor
11,23). Ele não pertencia ao grupo dos apóstolos, mas ele viveu a alegria da
conversão de modo que recebeu do Senhor a sua entrega pelo pão e o vinho dados
para a salvação do mundo. Ele recebeu a última iniciação ao mistério e na mesma
noite que ia ser imolado, Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o e
disse: Tomai, comei. Isto é o meu corpo, que é dado por vós (1
Cor 1,23-24)[4]. Foi a unidade do Apóstolo Paulo com Jesus e Jesus com o
Apóstolo Paulo.
A
eucaristia e a vida
São João
Crisóstomo afirmou que a eucaristia vai junto com a vida. Se pessoa se aproxima
da eucaristia a sua vida anda bem de modo a não praticar indignidade na Ceia,
como não ter vergonha das pessoas, não desprezar o faminto, não se embriagar,
nem injuriar a Igreja[5]. É preciso se aproximar da Eucaristia dando graças
pelo dom que a pessoa recebeu e por conseguinte retribuir ao Senhor o dom
recebido, de modo que não será possível se apartar do seu próximo. O fato é que
Cristo deu-se em alimento para todos ao dizer: Tomai, comei (cf.
Mt 1,23). Assim o seguidor e a seguidora do Senhor ajudam aos outros com o pão
material para se unir a Jesus, o pão espiritual[6].
O cálice e
a nova aliança
Do mesmo
modo, após a Ceia, também tomou o cálice, dizendo: Este cálice é a nova Aliança
no meu sangue; todas as vezes que dele beberdes, fazei-o em memória de mim(1 Cor 11,
25). O bispo de Constantinopla falou que não seria possível, uma pessoa
celebrar a memória de Cristo, e ao mesmo tempo desprezasse os pobres, porque
ela está em comunhão com as pessoas necessitadas. O sangue da Nova Aliança é o
sangue do Senhor Jesus dado para todas as pessoas. Os discípulos receberam do
próprio Cristo a vítima de doação do Senhor[7].
Comer do
pão e beber do cálice
Pois todas
as vezes que comeis desse pão e bebeis desse cálice, anunciais a morte do
Senhor até que ele venha(1 Cor 11, 26). O Senhor pede segundo São João
Crisóstomo, a realização da comida com o pão e da bebida com o cálice,
anunciando a morte do Senhor, porque seria a sua entrega total ao Pai e à
humanidade por amor infinito. Assim Jesus disse sobre o pão e o cálice: Fazei-o
em memória de mim, (cf. 1 Cor 11,25) revelando aos seus discípulos e
discípulas o motivo da instituição do mistério, declarando com os outros,
também este é suficiente fundamento para a piedade[8]. A sua memória é de uma
pessoa que amou a todas as pessoas com infinito amor.
A morte e a
sua vinda
São Paulo
também afirmou pela determinação do Senhor Jesus: Todas as vezes que
comeis.. anunciais a sua morte. São João disse que aquela Ceia constou
estes dados fundamentais para a vida eucarística do povo de Deus. O fato é que
ela realiza-se pelos seus discípulos até a consumação dos séculos, segundo o
desejo e a Palavra de Jesus, de modo que foi dito: Até que ele venha (1
Cor 11,26)[9].
São Paulo
recebeu da tradição dados da última ceia na qual o Senhor entregou o seu corpo
e o seu sangue, pelo pão e o vinho dados para os discípulos, sinais da Nova
Aliança até a consumação dos tempos e feitos em seu nome, memória de Jesus.
Para São João Crisóstomo a eucaristia leva a pessoa a amar Jesus Cristo nos
pobres, nos necessitados, porque a pessoa une-se a Cristo, aos irmãos e irmãs
no geral e com aquelas pessoas mais necessitadas e pobres, para um dia a pessoa
se unir com o Senhor, pela vida eterna.
[1] Cfr.
São João Crisóstomo. Comentário às Cartas de São Paulo/2. São
Paulo: Paulus, 2010.
[2]
Cfr. Idem, pg. 385.
[3]
Cfr. Ibidem, pg. 385.
[4]
Cfr. Ibidem, pg. 386.
[5]
Cfr. Ibidem, pg. 386.
[6]
Cfr. Ibidem, pg. 386.
[7]
Cfr. Ibidem, pg. 387.
[8]
Cfr. Ibidem, pg. 387.
[9] Cfr. Ibidem, pg.
387.
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