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segunda-feira, 4 de março de 2024

O jejum como dimensão espiritual e caritativa

Jejum e abstinência (franciscanas)

O JEJUM COMO DIMENSÃO ESPIRITUAL E CARITATIVA

Dom José Gislon
Bispo  de Caxias do Sul (RS)

Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! O jejum proposto pela Igreja aos seus filhos e filhas, neste tempo da Quaresma, tem por finalidade preparar os fiéis para acolherem Jesus Cristo e viverem intensamente a celebração da Páscoa do Senhor Jesus. Essa preparação acontece através de um coração contrito e humilhado, que leva ao arrependimento, à fortificação do espírito contra o mal e à purificação da alma, que liberta do peso da carne e aspira com maior intensidade a união com Deus. 

Nos primeiros séculos do cristianismo, entre as atividades próprias do cristão, como indivíduo, antes mesmo de ser membro de uma comunidade, era importante a prática da caridade. Com isso, o jejum torna-se uma prática inseparável do exercício da caridade, que cada cristão, tendo presente as próprias possibilidades, é levado a praticar como forma de imitação da caridade do Pai e do Filho. 

O jejum cristão, portanto, assumido como ato de sofrimento e sacrifício, assemelha-se à paixão de Jesus, e assumido como ato de caridade para com o próximo, foi interpretado fundamentalmente como forma de imitação de Cristo. O Papa São Leão Magno dizia que no jejum o cristão imita, portanto, a humanidade sofrida de Cristo. 

Na sociedade atual, falar de jejum, como parte da vida ascética espiritual, pode soar meio fora de moda. Mas na dimensão da vida cristã, o jejum sempre teve e tem uma forte conotação espiritual e caritativa. O jejum sem a dimensão da caridade tem pouco a ver com a doutrina cristã. E sem um gesto concreto de partilha, é apenas um ato de economia. Deus não quer este tipo de jejum. Jejuar, segundo o Papa São João Paulo II, significa privar-se de algo “para responder à necessidade do irmão, tornando-se assim exercício de bondade, de caridade”. 

Em sua mensagem para a Quaresma de 2009, o Papa Bento XVI lembrou que os Padres da Igreja sempre valorizaram o jejum como forma de abrir no coração do fiel a estrada para Deus. Na mesma mensagem, menciona São Pedro Crisólogo que, em um de seus sermões, escreveu: “O jejum é a alma da oração; e a misericórdia, a vida do jejum, por isso, quem reza, jejue. Quem jejua, tenha misericórdia. Quem ao pedir deseja ser ouvido, ouça a quem lhe dirige um pedido. Quem quer encontrar aberto o coração de Deus para si, não feche o seu a quem o suplica”.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF