"Jesus de Nazaré, o
crucificado, ressuscitou!" Com essas palavras o Papa Francisco abriu sua
mensagem e concedeu aos fiéis a Bênção Urbi et Orbi da sacada central da
Basílica de São Pedro, neste Domingo de Páscoa na Ressurreição do Senhor. Recordou
os povos martirizados por conflitos e violência e pediu a paz para o mundo.
Mariangela
Jaguraba - Vatican News
Queridos
irmãos e irmãs, Feliz Páscoa! Hoje ressoa em todo o mundo o anúncio que partiu
de Jerusalém há dois mil anos: "Jesus de Nazaré, o crucificado,
ressuscitou!"
Assim, o
Papa Francisco saudou os milhares de fiéis presentes, na Praça São Pedro,
tapeçada de flores e plantas coloridas, e também todas as pessoas no mundo,
através dos meios de comunicação, que acompanharam a missa neste Domingo de
Páscoa na Ressurreição do Senhor (31/03), ouviram sua mensagem pascal e
receberam a Benção Urbi et Orbi (à cidade de Roma e ao mundo inteiro).
Remover as
pedras que fecham as esperanças
“A Igreja revive o espanto das
mulheres que foram ao sepulcro na madrugada do primeiro dia da semana. O túmulo
de Jesus tinha sido fechado com uma grande pedra; e assim, ainda hoje, pedras
pesadas, demasiadamente pesadas, fecham as esperanças da humanidade: a pedra da
guerra, a pedra das crises humanitárias, a pedra das violações dos direitos
humanos, a pedra do tráfico de pessoas e outras.”
"O
túmulo de Jesus está aberto e vazio! É aqui que tudo começa. Através desse
túmulo vazio passa o novo caminho, o caminho que nenhum de nós, mas somente
Deus, poderia abrir: o caminho da vida em meio à morte, o caminho da paz em
meio à guerra, o caminho da reconciliação em meio ao ódio, o caminho da
fraternidade em meio à inimizade", disse o Papa em sua mensagem.
Irmãos e
irmãs, Jesus Cristo ressuscitou, e somente Ele é capaz de remover as pedras que
fecham o caminho para a vida. De fato, Ele mesmo, o Vivente, é o Caminho: o
Caminho da vida, da paz, da reconciliação, da fraternidade. Ele nos abre a
passagem, algo humanamente impossível, porque somente Ele tira o pecado do
mundo e perdoa os nossos pecados. E sem o perdão de Deus, essa pedra não pode
ser removida.
"Sem o
perdão dos pecados", disse ainda Francisco, "não se consegue sair dos
fechamentos, dos preconceitos, das suspeitas mútuas e das presunções, que
sempre levam a absolver a si mesmo e acusar os outros. Somente o Cristo
Ressuscitado, ao dar-nos o perdão dos pecados, abre o caminho para um mundo
renovado".
Paz para as
populações atormentadas pela guerra
"Somente
ele nos abre as portas da vida, aquelas portas que fechamos continuamente com
as guerras que se alastram pelo mundo", disse o Papa, nos convidando a
voltar o "nosso olhar, em primeiro lugar, para a Cidade Santa de
Jerusalém, testemunha do mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus, e
para todas as comunidades cristãs da Terra Santa".
Meu
pensamento se dirige, sobretudo, às vítimas dos muitos conflitos em andamento
no mundo, começando pelos que ocorrem em Israel, na Palestina e na Ucrânia. Que
o Cristo Ressuscitado abra um caminho de paz para as populações atormentadas
dessas regiões. Ao mesmo tempo que convido a que sejam respeitados os
princípios do direito internacional, espero que haja uma troca geral de todos
os prisioneiros entre a Rússia e a Ucrânia: todos por todos!
“Além disso, faço novamente um
apelo para que seja garantido o acesso da ajuda humanitária a Gaza e insisto,
uma vez mais, na pronta libertação dos reféns sequestrados em 7 de outubro e em
um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza.”
Diálogo
entre os povos
"Não
permitamos que as hostilidades em andamento continuem afetando seriamente a
população civil, já exausta, especialmente as crianças. Não permitamos que
ventos de guerra cada vez mais fortes soprem sobre a Europa e o Mediterrâneo.
Não nos rendamos à lógica das armas e do rearmamento. A paz nunca é
construída com armas, mas estendendo nossas mãos e abrindo nossos corações",
sublinhou o Pontífice.
A seguir, o
Papa convidou a não nos esquecer da "Síria, que vem sofrendo as
consequências de uma guerra longa e devastadora há quatorze anos. Tantos
mortos, pessoas desaparecidas, tanta pobreza e destruição estão esperando por
respostas de todos, inclusive da Comunidade internacional".
Voltou o
seu olhar para "o Líbano, que há muito tempo vem sendo afetado por um
bloqueio institucional e por uma profunda crise econômica e social, agora
agravada pelas hostilidades na fronteira com Israel", "para a região
dos Bálcãs Ocidentais, onde estão sendo dados passos significativos para a
integração no projeto europeu", encorajou "o diálogo entre a Armênia
e o Azerbaijão, para que, com o apoio da Comunidade internacional, se possa
continuar o diálogo, ajudar os deslocados, respeitar os locais de culto das
diferentes denominações religiosas e chegar a um acordo de paz definitivo o
mais rápido possível".
Haiti e
Continente africano
Francisco
espera que "o Cristo Ressuscitado abra um caminho de esperança às pessoas
que, em outras partes do mundo, sofrem com a violência, os conflitos, a
insegurança alimentar e os efeitos das mudanças climáticas". Que Ele
"conceda conforto às vítimas de todas as formas de terrorismo". O
Pontífice convidou "a rezar pelos que perderam suas vidas" e implorou
"arrependimento e conversão para os autores de tais crimes". O Papa
pediu ao Senhor Ressuscitado para que "ajude o povo haitiano, a fim de que
a violência, que derrama sangue e dilacera o País, possa cessar o mais rápido
possível e que se possa progredir no caminho da democracia e da
fraternidade", "dê conforto aos Rohingyas, afligidos por uma grave
crise humanitária, e abra o caminho da reconciliação em Mianmar, dilacerado por
anos de conflito interno, a fim de que toda lógica de violência seja
definitivamente abandonada".
“Que Ele abra caminhos de paz no
continente africano, especialmente para as populações provadas no Sudão e em
toda a região do Sahel, no Chifre da África, na região de Kivu, na República
Democrática do Congo, e na província de Cabo Delgado, em Moçambique, e ponha
fim à prolongada situação de seca que afeta vastas áreas e causa fome e
carestia.”
Em sua
mensagem Urbi et Orbi, o Papa recordou também "os migrantes e aqueles que
estão passando por dificuldades econômicas". Pediu ao Senhor para que
"guie todas as pessoas de boa vontade a se unirem em solidariedade, para
enfrentarem juntas os muitos desafios que as famílias mais pobres enfrentam em
sua busca por uma vida melhor e pela felicidade".
Que a luz
da ressurreição converta nossos corações
Neste dia
em que celebramos a vida que nos foi dada na ressurreição de Cristo, Francisco
recordou que "a preciosa dádiva da vida é desprezada! Quantas crianças não
conseguem sequer ver a luz? Quantas morrem de fome, ou são privadas de cuidados
essenciais, ou são vítimas de abuso e violência? Quantas vidas são
mercantilizadas pelo crescente comércio de seres humanos?"
No dia em que Cristo nos libertou da escravidão da morte, exorto aqueles com responsabilidade política a não pouparem esforços no combate ao flagelo do tráfico humano, trabalhando incansavelmente para desmantelar suas redes de exploração e trazer liberdade àqueles que são suas vítimas. Que o Senhor console suas famílias, especialmente aquelas que aguardam ansiosamente notícias de seus entes queridos, assegurando-lhes conforto e esperança.
Francisco concluiu, pedindo "que a luz da ressurreição ilumine nossas mentes e converta nossos corações, conscientizando-nos do valor de toda vida humana, que deve ser acolhida, protegida e amada".
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt
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