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segunda-feira, 25 de março de 2024

Paschalis Sollemnitatis: A Preparação e Celebração das Festas Pascais (1)

O Poder de Maria e do Rosário (Presbíteros)

Paschalis Sollemnitatis: A Preparação e Celebração das Festas Pascais

CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO
CARTA CIRCULAR
« PASCHALIS SOLLEMNITATIS »
A PREPARAÇÃO E CELEBRAÇÃO
DAS FESTAS PASCAIS

16 de janeiro de 1988

PROÊMIO

1. O Ordo da solenidade pascal e de toda a Semana Santa, renovado pela primeira vez por Pio XII, em 1951 e 1955, em geral foi acolhido favoravelmente por todas as Igrejas de rito romano.[1]

O Concílio Vaticano II, principalmente na Constituição sobre a sagrada Liturgia, pôs em evidência muitas vezes, segundo a tradição, a centralidade do mistério pascal de Cristo, recordando como dele deriva a força de todos os sacramentos e dos sacramentais.[2]

2. Assim como a semana tem o seu início e o seu ponto culminante na celebração do domingo, marcado pela característica pascal, assim também o ápice de todo o ano litúrgico resplandece na celebração do sagrado tríduo pascal da paixão e ressurreição do Senhor[3], preparada na Quaresma e estendida com júbilo por todo o ciclo dos cinqüenta dias sucessivos.

3. Em muitas partes do mundo os fiéis, juntamente com os seus pastores, têm em grande consideração estes ritos, nos quais participam com verdadeiro fruto espiritual. Ao contrário, em algumas regiões, com o passar do tempo, começou a esmorecer aquele fervor de devoção, com que foi acolhida, no início, a renovada vigília pascal. Em alguns lugares foi ignorada a noção mesma da vigília, a ponto de ser considerada como uma simples missa vespertina, celebrada como as missas do domingo antecipadas para as vésperas do sábado.

Noutros lugares não são respeitados, de modo devido, os tempos do tríduo sagrado. Além disso, as devoções e os pios exercícios do povo cristão são colocados freqüentemente em horários mais cômodos, tanto que os fiéis neles participam em maior número do que nas celebrações litúrgicas.

Sem dúvida, tais dificuldades provêm sobretudo de uma formação não ainda suficiente, do clero e dos fiéis, acerca do mistério pascal, como centro do ano litúrgico e da vida cristã.[4]

4. Hoje, em várias regiões o tempo das férias coincide com o período da Semana Santa. Esta coincidência, unida às dificuldades próprias da sociedade contemporânea, constitui um obstáculo à participação dos fiéis nas celebrações pascais.

5. Tendo isto em consideração, pareceu oportuno a este dicastério, levando em conta a experiência adquirida, recordar alguns pontos doutrinais e pastorais e também diversas normas estabelecidas a respeito da Semana Santa. Por outro lado, tudo o que nos livros se refere ao tempo da Quaresma, da Semana Santa, do tríduo pascal e do tempo da Páscoa, conserva o seu valor, a não ser que neste documento seja interpretado de maneira diversa. As normas mencionadas são agora aqui de novo propostas com vigor, com a finalidade de fazer celebrar do melhor modo os grandes mistérios da nossa salvação e para facilitar a frutuosa participação de todos os fiéis.[5]

I. O TEMPO DA QUARESMA

6. “O anual caminho de penitência da Quaresma é o tempo de graça, durante o qual se sobe ao monte santo da Páscoa. Com efeito, a Quaresma, pela sua dúplice característica, reúne catecúmenos e fiéis na celebração do mistério pascal. Os catecúmenos, quer por meio da ‘eleição’ e dos ‘escrutínios’ quer mediante a catequese, são admitidos aos sacramentos da iniciação cristã; os fiéis, ao contrário, por meio da escuta mais freqüente da Palavra de Deus e de uma oração mais intensa são preparados, com a Penitência, para renovar as promessas do Batismo”.[6]

a) Quaresma e iniciação cristã

7. Toda a iniciação cristã tem uma índole pascal, sendo a primeira participação sacramental na morte e ressurreição de Cristo. Por esta razão, a Quaresma deve alcançar o seu pleno vigor como tempo de purificação e de iluminação, especialmente mediante os “escrutínios” e as “entregas” (o símbolo da fé e a oração do Senhor); a própria vigília pascal deve ser considerada como o tempo mais adaptado para celebrar os sacramentos da iniciação.[7]

8. Também as comunidades eclesiais, que não têm catecúmenos, não deixem de orar por aqueles que noutros lugares, na próxima vigília pascal, receberão os sacramentos da iniciação cristã. Os pastores, por sua vez, expliquem aos fiéis a importância da profissão de fé batismal, em ordem ao crescimento da sua vida espiritual. Estes serão convidados a renovar tal profissão de fé, “no final do caminho penitencial da Quaresma”.[8]

9. Na Quaresma, cuide-se de ministrar a catequese aos adultos que, batizados quando crianças, não a receberam e, portanto, não foram admitidos aos sacramentos da Confirmação e da Eucaristia. Neste mesmo período sejam realizai. das as celebrações penitenciais, a fim de os preparar para o sacramento da Reconciliação.[9]

10. O tempo da Quaresma é, além disso, o tempo próprio para celebrar os ritos penitenciais correspondentes aos escrutínios para as crianças ainda não batizadas, que atingiram a idade adequada à instrução catequética, e para as crianças há tempo batizadas, antes de serem admitidas pela primeira vez ao sacramento da Penitência.[10]

O bispo promova a formação dos catecúmenos tanto adultos como crianças e, segundo as circunstâncias, presida aos ritos prescritos, com a participação assídua por parte da comunidade local.[11]

b) As celebrações do tempo quaresmal

11. Os domingos da Quaresma têm sempre a precedência também nas festas do Senhor e em todas as solenidades. As solenidades, que coincidem com estes domingos, são antecipadas para o sábado.[12] Por sua vez, os dias feriais da Quaresma têm a precedência nas memórias obrigatórias.[13]

12. Sobretudo nas homilias do domingo seja ministrada a instrução catequética sobre o mistério pascal e sobre os sacramentos, com explicação mais cuidadosa dos textos do Lecionário, sobretudo as perícopes do Evangelho, que ilustram os vários aspectos do Batismo e dos outros sacramentos e também a misericórdia de Deus.

13. Os pastores expliquem a Palavra de Deus de modo mais freqüente e mais amplo nas homilias dos dias feriais, nas celebrações da Palavra, nas celebrações penitenciais[14], em particulares pregações, durante a visita às famílias ou a grupos de famílias para a bênção. Os fiéis participem com freqüência nas missas feriais e, quando não for possível, sejam convidados a ler pelo menos os textos das leituras correspondentes, em família ou em particular.

14. “O tempo da Quaresma conserva a sua índole penitencial”.[15] Na catequese aos fiéis seja inculcada, juntamente com as conseqüências sociais do pecado, a natureza genuína da penitência, com a qual se detesta o pecado enquanto ofensa a Deus.[16]

A virtude e a prática da penitência permanecem partes necessárias da preparação pascal: da conversão do coração deve brotar a prática externa da penitência, quer para os cristãos individualmente quer para a comunidade inteira; prática penitencial que, embora adaptada às circunstâncias e condições próprias do nosso tempo, deve porém estar sempre impregnada do espírito evangélico de penitência e orientada para o bem dos irmãos.

Não se esqueça a parte da Igreja na ação penitencial e seja solicitada a oração pelos pecadores, inserindo-a com mais freqüência na oração universal.[17]

15. Recomende-se aos fiéis mais intensa e frutuosa participação na liturgia quaresmal e nas celebrações penitenciais. Seja-lhes recomendada sobretudo a freqüência, neste tempo, ao sacramento da Penitência, segundo a lei e as tradições da Igreja, para poderem participar nos mistérios pascais com espírito purificado. É muito oportuno no tempo da Quaresma celebrar o sacramento da Penitência segundo o rito para a reconciliação de mais penitentes, com a confissão e absolvição individual, como vem descrito no Ritual Romano.[18]

Por sua vez, os pastores estejam mais disponíveis para o ministério da Reconciliação e, ampliando os horários para a confissão individual, facilitem o acesso a este sacramento.

16. O caminho de penitência quaresmal em todos os seus aspectos seja orientado para pôr em mais evidência a vida da Igreja local, e para lhe favorecer o progresso. Por isto se recomenda muito conservar e favorecer a forma tradicional de assembléia da Igreja local, segundo o modelo das “estações” romanas. Estas assembléias de fiéis poderão reunir-se, especialmente sob a presidência do pastor da diocese, junto dos túmulos dos santos ou nas principais igrejas e santuários da cidade, ou nos lugares de peregrinação mais freqüentados na diocese.[19]

17. “Na Quaresma não se colocam flores no altar e o som dos instrumentos é permitido só para sustentar o canto”[20], no respeito da índole penitencial deste tempo.

18. De igual modo, omite-se o Aleluia em todas as celebrações, desde o início da Quaresma até a Vigília pascal, também nas solenidades e nas festas.[21]

19. Sobretudo nas celebrações eucarísticas, mas também nos pios exercícios, sejam escolhidos cânticos adaptados a este tempo e correspondentes, o mais possível, aos textos litúrgicos.

20. Sejam favorecidos e impregnados de espírito litúrgico os pios exercícios de acordo com o tempo quaresmal, como a Via-sacra, para com mais facilidade conduzir os ânimos dos fiéis à celebração do mistério pascal de Cristo.

c) Particularidades de alguns dias da Quaresma

21. Na quarta-feira antes do primeiro domingo da Quaresma os fiéis, recebendo as cinzas, entram no tempo destinado à purificação da alma. Com este rito penitencial, surgido da tradição bíblica e conservado na práxis eclesial até os nossos dias, é indicada a condição do homem pecador, que exteriormente confessa a sua culpa diante de Deus e exprime assim a vontade de conversão interior, na esperança que o Senhor seja misericordioso para com ele. Por meio deste mesmo sinal inicia o caminho de conversão, que alcançará a sua meta na celebração do sacramento da Penitência nos dias antes da Páscoa.[22] A bênção e imposição das cinzas são realizadas durante a missa ou também fora da missa. Nesse caso, permite-se a liturgia da Palavra, concluída com a oração dos fiéis.[23]

22. A Quarta-feira de Cinzas é dia obrigatório de penitência na Igreja toda, com a observância da abstinência e do jejum.[24]

23. O I domingo da Quaresma assinala o início do sinal sacramental da nossa conversão, tempo favorável para a nossa salvação.[25] Na missa deste domingo não faltem os elementos que sublinham tal importância; por exemplo, a procissão de entrada, com a ladainha dos santos.[26] Durante a missa do I domingo da Quaresma, o bispo celebre oportunamente na igreja catedral, ou noutra igreja, o rito da eleição ou da inscrição do nome, segundo as necessidades pastorais.[27]

24. Os Evangelhos da Samaritana, do cego de nascença e da ressurreição de Lázaro, assinalados respectivamente para os domingos III, IV e V da Quaresma no ano A, pela sua grande importância em ordem à iniciação cristã, podem ser lidos também nos anos B e C, sobretudo onde há catecúmenos.[28]

25. No IV domingo da Quaresma (“Laetare”) e nas solenidades e festas permite-se o som dos instrumentos, e o altar pode ser ornado com flores. E neste domingo podem ser usados os paramentos de cor rósea.[29]

26. O uso de cobrir as cruzes e as imagens na igreja, desde o V domingo da Quaresma, pode ser conservado segundo a disposição da Conferência Episcopal. As cruzes permanecem cobertas até ao término da celebração da Paixão do Senhor na Sexta-feira Santa; as imagens até ao início da Vigília. pascal.[30]

Da sede da Congregação para o Culto Divino, a 16 de janeiro de 1988.

Paul Augustin Card. MAYER

Prefeito

† Virgílio NOÉ

Secretário

Notas:

[1] Cf. s. Congr. dos Ritos, Decr. Dominicae Resurrectionis, 621951, AAS 43 (1951) 128. 137; S. Congr. dos Ritos, Decr. Maxima redemptionis nostrae mysteria, 16.11.1955, AAS 47 (1955) 838-847.

[2] Cf. Conc. VAT. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 5, 8. 61.

[3] Cf. “Normas gerais para o ordenamento do ano litúrgico e do calendário”, n. 18.

[4] Cf. Conc. Vat. II, Decr. Christus Dominus, n. 15.

[5] Cf. S. Congr. dos Ritos, Decr. Maxima redemptionis nostrae mysteria. 16. 111955, AAS 47 (1955) 838. 847.

[6] , Caeremoniale Episcoporum, n. 249.

[7] Cf. Rito da iniciação cristã dos adultos, n. 8; Código de Direito Canônico. cân. 85/1.

[8] Missal Romano. Vigília Pascal. n. 46.

[9] Cf. Rito da iniciação dos adultos, cap. IV. sobretudo o n. 30.

[10] Cf. ibid. n. 330-333

[11] Cf. Caeremonia!c Episcoporum. n. 250, 406. 407; Rito da iniciação dos adultos, n. 41.

[12] “Normas gerais para o ordenamento do ano litúrgico e do calendário”, n. 5. 56f e “Notitae” 23 (1987) 397.

[13] Ibid., n. 16, b.

[14] Cf. Missal Romano, “Principios e normas para o uso do Missal Romano”, n. 42; cf. Rito da Penitência, n. 36. 37.

[15] Paulo VI, Const. Apost. Paentemini, II, I, AAS 58 (1966) 183

[16] Caeremoniale Episcoporum, n. 251.

[17] Cf. ibid., n. 251; Const. Sacrosanctum Concilium, n. 10

[18] Cf. Caeremoniale Episcoporum, n. 251.

[19] Ibid., n. 260.

[20] Ibid., n. 252.

[21] Cf. “Normas gerais para o ordenamento do ano litúrgico e do calendário”, n. 28.

[22] Cf. Caeremoniale Episcoporum, n. 253.

[23] Missal Romano, Quarta-feira de Cinzas.

[24] Cf. PAULO VI, Const. Apost. Paenitemini. II, 2, AAS 58 (1966) 183; Código de Direito Canônico, cân. 1251.

[25] Cf. Missal Romano, I Domingo da Quaresma, coleta e oração do ofertório.

[26] Cf. Caeremoniale Episcoporum, n. 261.

[27] Cf. ibid. n. 408. 410.

[28] Cf. Missale Romanum, Ordo lectionum Missae, ed. altera 1981, Praenotanda, n. 97.

[29] Cf. Caeremoniale Episcoporum. n. 252.

[30] Missal Romano, rubrica do sábado da IV semana da Quaresma.

Fonte: https://presbiteros.org.br/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF