O verdadeiro crente é aquele que
defende e promove a vida. Sabemos também que o Decálogo não esgota a Lei de
Deus, mas somente o Amor é a plenitude da Lei. São Paulo disse que “Quem ama o
irmão cumpriu toda a Lei”.
Padre Cesar
Augusto, SJ - Vatican News
A primeira
leitura nos fala da preservação da vida, que se dá através do cumprimento da
Lei de Deus. Mas a grande novidade do Decálogo foi o modo como os mandamentos
foram apresentados. Nos outros povos, a lei era dada de forma impessoal. Em
Israel Deus se apresenta próximo e diz ‘TU”. Por outro lado, os mandamentos não
devem se encarados como proibições, mas como indicações para o caminho certo
para a vida.
Se
prestarmos atenção, perceberemos que todo o eixo da lei de Deus está em “não
matar”. O verdadeiro crente é aquele que defende e promove a vida. Sabemos
também que o Decálogo não esgota a Lei de Deus, mas somente o Amor é a
plenitude da Lei. São Paulo disse que “Quem ama o irmão cumpriu toda a Lei”.
No
Evangelho o doce e manso Jesus, estarrecido, se transformou e se tornou um
homem impetuoso, intrépido e bravo, usando cordas como chicote, expulsando do
Templo os vendedores de ovelhas, pombas, bois e os que faziam o câmbio.
O Senhor
disse, naquele momento, que não concordava com um culto onde se mesclava
religião e interesses econômicos. Ele abole não apenas os sacrifícios do
Templo, mas o próprio Templo.
Em seguida,
Jesus falou do novo Templo e do novo culto. Se antes as pessoas iam ao Templo
de Jerusalém para celebrar a Páscoa, agora elas a celebrarão através de seu
corpo morto e ressuscitado, que é, ao mesmo tempo, Templo, altar, vítima e
sacerdote.
Os
sacrifícios que agradam a Deus são as obras de amor, de caridade, como vimos no
comentário da primeira leitura. O incenso que agrada a Deus é o perdão, o
socorro ao pobre, a visita ao doente e ao prisioneiro, a vida fraterna. Esses
atos são a complementação do Decálogo, da Lei.
Finalmente,
na Carta aos Coríntios, São Paulo nos fala de dois grupos de crentes: aqueles
que baseiam sua fé nos milagres, curas, ações
fantásticas; o outro grupo, ao contrário, é mais
racionalista, mais ponderado, fruto de uma religião sapiencial. Mas qual seria
o posicionamento cristão? Uma religião que prioriza curas ou uma religião que
destaca a sabedoria. Nem uma coisa e nem outra. O posicionamento cristão é,
como diz o próprio nome, seguir Jesus Cristo, imitá-lo em seu relacionamento
com o Pai e com os irmãos: Jesus foi total doação através da cruz. Ora, Jesus
foge do comum, do humano, de naturalmente pensar em si e em sua própria
realização. Ele pensa no Pai, ele pensa no outro, pensa em nós.
Pensar no outro significa sacrificar-se pelo outro, esvaziar-se, entregar-se por amor, e isso só se consegue com a graça de Deus.
Queridos irmãos, a liturgia de hoje nos propõe uma limpeza em nossos atos religiosos. Eles devem estar purificados de qualquer interesse, a não ser o de amar e de amar até morrer. Morrer de amor!
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt
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