“Quem se apega à sua vida,
perde-a; Se alguém me quer servir, siga-me.”
Padre Cesar
Augusto, SJ - Vatican News
“QUEREMOS
VER JESUS.” Este é o desejo dos discípulos gregos de João Batista ao se
dirigirem a Filipe e, certamente também nosso. Quando Filipe e André levaram
esse desejo ao Senhor, escutaram a seguinte declaração: “Quem se apega à sua
vida, perde-a; Se alguém me quer servir, siga-me.”
Nada de
euforia, pelo contrário. Muita lucidez e autêntica seleção. Jesus veio para
todos nós e deseja ser acolhido por todos, mas seu seguimento está no abandono,
na entrega, na doação como vimos no domingo passado. Por
outro lado, o Senhor diz: “Quem faz pouco de sua vida neste mundo,
conservá-la-á para a vida eterna.
Nossa
natureza rejeita tudo aquilo que é dor, que é desagradável, que é morte. Mas
por que essa fuga? Vamos ficar fugindo a vida toda sabendo que a morte terá a
última palavra? Chegará um momento em que nada adiantará e morreremos. É isso
que Deus quer? Foi isso que Ele planejou para nós?
Certamente
não. Se fosse assim seríamos pessoas conformadas com a morte, com o destino de
caminhar neste vale de lágrimas e morrer dolorosamente.
Mas não é
assim. Queremos a vida e a queremos plenamente, com saúde, carinho, amor,
eternamente feliz. Tudo isso porque essa é a nossa marca registrada. Fomos
feitos pela vida e para a vida. Deus, Vida, nos fez para Ele, a VIDA. Por isso,
tudo aquilo que traz sinais de morte, nós rejeitamos.
Contudo,
frequentemente, nos enganamos. Quantas e quantas vezes escolhemos o caminho da
morte como se fosse o da vida! O egoísmo, o “não” dito ao apelo da caridade, ao
gesto de amor e de perdão, o “sim” ao pecado, tudo isso são enganos e
envenenamento para nossa vida feliz e para o encontro com o sofrimento e a
morte.
Quando os
gregos pediram para ver Jesus, estavam pedindo para ver a Vida e a Vida se
apresentou a eles como serviço, entrega, doação.
A vida diz
que ela não se coaduna com a morte e nem com seus sinais, ou seja,
egocentrismo, personalismo, e seus familiares.
E nós,
queridos irmãos, ouvintes da Rádio Vaticano? Também nós queremos ver Jesus, mas
como analgésico para nossos males, ou como saúde, como Vida?
Aceitamos
suportar sofrimentos por causa de nossa fé em Jesus? Aceitamos renúncias,
abnegações para que a vida do outro seja mais saudável e feliz?
Como é
nossa relação conjugal, familiar e de amizade? É relação libertadora, de
doação, de crescimento ou nós a privatizamos e subordinamos o outro às nossas
necessidades e caprichos, ou nós aos dele?
Ver Jesus,
encontrar Jesus são atos libertadores, atos de vida.
Do mesmo
modo que Moisés foi convidado a tirar suas sandálias porque estava em terra
sagrada, o que devo tirar de meu coração para que, de fato, possa ver Jesus e
permanecer com ele?
A 1ª leitura fala da lei da Aliança impressa pelo Pai em nossas entranhas, e a 2ª, da obediência de Jesus que se tornou salvação para todos nós. Aliança e obediência são provocadoras de vida, aliás, já são a própria Vida.
Que cada dia, o desejo de ver Jesus, renove em nós a obediência que nos une ao Pai e nos torna produtores generosos de bons frutos. Só produz frutos quem está com Jesus.
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt
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