SÃO JOSÉ – PATRIS CORDIS
Dom Leomar Antônio Brustolin
Arcebispo de Santa Maria (RS)
Dia 19 de março a Igreja celebra o dia de José
de Nazaré, esposo de Maria e pai de coração (Patris Cordis) de Jesus. Sobre
José não há uma única palavra de sua boca que tenha sido registrada nos
Evangelhos. Ele não é lembrado por seus méritos, mas por causa de Jesus e
de sua esposa. A Sagrada Escritura menciona o anúncio do anjo sobre a gravidez
de Maria somente depois das núpcias de Maria e José. José, não sabendo que
Maria havia concebido pelo Espírito Santo, tinha direito de repudiá-la, considerando-a
culpada de adultério. Por ser justo, porém, tenta abandoná-la em segredo, pois
percebe que, mesmo num eventual divórcio privado na presença de apenas algumas
testemunhas, poderia lançar sobre Maria a suspeita popular de adultério.
Trabalhar como carpinteiro foi uma profissão
que possivelmente José herdou do pai, uma vez que era costume da época o pai
transmitir a profissão ao filho. Portanto, desde a adolescência José pertencia
à categoria dos artesãos.
Sendo que a profissão é transmitida de pai
para filho, provavelmente Jesus também foi carpinteiro em virtude da herança
recebida de seu pai. Jesus deve ser compreendido no contexto cultural da época,
portanto, em perfeita sintonia com a realidade familiar na qual vivia até mesmo
no quesito “profissão”. Defendemos, em sintonia com a Tradição, que Jesus foi
carpinteiro porque seu pai era um carpinteiro.
O fato de Maria ter um noivo foi importante
dentro do contexto da cultura judaica para poder ser a mãe do salvador. Nesse
sentido, para ser mãe, Maria deveria estar legalmente casada para ser acolhida
sem repreensão por seu povo.
A questão do matrimônio entre José e Maria
estava tão certa, por isso fora de discussão aos olhos de todos, que José era
considerado por todos como o pai de Jesus e Jesus como sendo seu filho legítimo
(cf. Lc 2,27)
A paternidade de José, foi um dom de Deus, por isso dotada do que é essencial para qualquer paternidade dando-lhe plenamente a consciência de seus direitos e deveres, tanto é verdade que embora nem fosse necessário a presença de Maria para o recenseamento em Belém, pois não era de descendência e nem da família de Davi, tampouco proprietária de qualquer imóvel em Belém. José e Maria foram até lá para não se encontrarem separados naquele momento importante do nascimento de Jesus. José foi, depois de Maria, o primeiro adorador de Jesus, Filho de Deus; ele o circuncidou, apresentou-o no Templo, conduziu-o com cuidado e carinho juntamente com Maria para o Egito e depois os trouxe de volta para Nazaré. Ele depois providenciará laboriosamente com seu trabalho o sustento de Jesus e Maria.
Para ser justo com José temos que retornar ao Evangelho para continuar chamando José simplesmente de “pai de Jesus” sem acrescentar qualquer adjetivo a esse título. A paternidade não está vinculada à questão biológica na geração da prole, mas ao vínculo matrimonial. O caso de José e Maria é único na história.
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